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O Guarda-Roupa Alemão
(Lausimar Laus)

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A história é narrada sob a forma de lembranças, por Homig, descendente de alemães. Durante a passagem de um dia para outro, ele relembra toda uma vida e a de várias gerações, quando ele se propõe a realizar o desejo da" "Grossmutter" (sua bisavó), que em testamento lhe deixara a chave do "Kleid" (Kleidschrank = guarda-roupa), o centenário guarda-roupa alemão que acompanha a família há quatro gerações. A chave deve ser dada ao último membro da família Ziegel e este deverá abrir a gaveta trancada. Homig é o último dos Ziegel, um solteirão de cinqüenta anos, sensível, que diante do "Kleid" ele recorda com nostalgia, seus antepassados, e todos que passaram por aquela casa e conseqüentemente por sua vida. Ele conversa com "Kleid" (lê-se "Claid") como se fosse um velho amigo. A família Ziegel, foi uma família de imigrantes alemães que ajudou a fundar uma colônia em Santa Catarina. A Grossmutter, Ethel, era a matriarca da família, a última palavra era sempre sua. Ela era extremamente nacionalista e só falava em alemão, e dizia que jamais falaria em outra língua. Quando seu Filho Klaus apareceu acompanhado de uma indiazinha de doze anos, a quem retirara de um colégio de freiras, a Grossmutter ficou muito contrariada, ainda assim, não conseguiu evitar o casamento. Klaus era um rapaz bonito, trabalhador e muito bondoso com sua esposa e posteriormente com seus filhos e netos. Soube esperar com paciência que a menina se tornasse mulher, para só então consumar o casamento e tratá-la como esposa. Homig relembra com saudades da avó índia, Sacramento, uma pessoa que tinha a fortaleza da fé e da humildade. Hilda, filha da Grossmutter Ethel, também ocupa um lugar especial nas lembranças. Ela tinha a mesma força que a mãe, mas dirigida para outra direção. Aos 16 anos, pegava cavalo bravo no mato, e montava nua em pêlo e cavalgava à vontade, era o diabo em trajes de gente. Provocava o falatório da vizinhança "Hilda era vagabunda, endemoniada". Homig se emociona ao recordá-la, sua tia, tão linda e cheia de vida, sua história amarga. A Grossmutter teve que obrigá-la a zarpar em um navio para a Alemanha, tal a maldade da gente faladeira, onde estaria sua tia? Homig relembra também quando ele próprio fora mandado à Alemanha para estudar, em plena ascensão do partido nazista, e não se adaptou ao movimento radical e doutrinário, pediu para voltar ao Brasil. Nesta época a Grossmutter já estava caduca. Vivia perguntando se alguém saia onde estava sua filha Hilda, e suas crianças. Mesmo assim ela foi irredutível, disse que Homig deveria continuar na Alemanha, tornar-se um engenheiro e casar-se com uma alemã. No fim, a avó Sacramento, deu um jeito de juntar o dinheiro para que Homig pudesse voltar ao Brasil. “doce, terna, uma rio de ternura. Só ela poderia entender-me” A Grossmutter morreu e pediu para ser enterrada em Berlim, mas como não tinha quem embalsamasse o corpo, a enterraram no jardim, ao lado de uma aroeira que a velha amava. Homig relembra os tempos difíceis, durante a II Guerra Mundial, quando os imigrantes alemães foram hostilizados, devido à ascensão hitlerista. Getúlio Vargas, durante o Estado Novo, decretou o fim das escolas estrangeiras e a obrigatoriedade do uso do idioma português nas colônias alemãs. Nesta época ocorreram vários episódios de violência, inclusive o negro Bube foi violentamente agredido por soldados, que não admitiam um negro brasileiro que não sabia falar o português, ele só falava alemão. Outras lembranças presentes são as dificuldades passadas durante as enchentes do Itajaí-Açú, que determinavam os ciclos econômicos de Blumenau (Blumenau = jardim das flores), nesta época de enchente havia perda das lavouras, escassez de alimentos, isolamento de comunidades, que se viam obrigadas a vender seus pertences para sobreviver e muitas vezes precisavam abandonar suas casas e procurar os abrigos comunitários. È marcante também a passagem em que uma tia, a tia Herna, precisou de uma transfusão sanguínea e osmédicos tiveram que aplicar uma injeção calmante porque ela não queria aceitar o sangue do mulato, Praxedes, o único compatível. Após muita relutância, o calmante fez efeito e a transfusão foi concluída. Quando finalmente Homig resolve abrir a gaveta, ele passa mal e precisa ser internado. Então ele confia a chave da gaveta ao amigo Ralf. Ralf abre a gaveta e faz uma descoberta macabra, o segredo guardado na gaveta era uma ossada humana acompanhada de uma carta: Blumenau, 18 de janeiro de 1920. Não me condenem. Hilda era como eu gostaria de ter sido: fiel a si mesma e às suas convicções. Era um pássaro. Não era gente. Há muito sabia de seus encontros com o negro Bube. Só quero dizer que ela estava grávida dele e isso não deveria acontecer. Uma raça é uma raça! Fi-la acreditar que ia pô-la num navio para a Alemanha, quando a levei no carro naquele dia. Sem que ninguém soubesse, pus uma pá na mala do carro. No caminho inventei um aquecimento no motor e pedi para que ela olhasse o que era. Enquanto ela fazia isso, pus o carro em movimento, fazendo-a cair sob as rodas. Somente cinco anos depois, desenterrei-a e tirei seus ossos. Aí estão. Que Deus me perdoe. Enterre-os debaixo da aroeira brava, onde os pássaros cantam e o sol não castiga. PERSONAGENS PRINCIPAIS: HOMIG: “o último dos Ziegel”, quase no final da vida, resolve desvendar o mistério do envelope deixado pela Grossmutter Ethel, guardado na gaveta do velho guarda-roupa alemão, que acompanha a família por várias gerações desde a chegada ao Brasil, carinhosamente chamado de “Kleid” por ele. È através de suas reminescências que a história se desenrola, até o final surpreendente. ETHEL: matriarca da família, a Grossmutter comandava a família coma autoridade e eficiência. Nacionalista, amava sua terra natal, a Alemanha, e defendia a preservação da pureza da raça e sua cultura. Não suportou ver uma de suas filhas, Hilda, considerada uma libertina, engravidar de um negro. RALF: Primo e amigo de Homig, acompanhou os últimos momentos deste e foi que na verdade, acabou com o lúgubre herança nas mãos, descobrindo o segredo destinado “ao último dos Ziegel” HILDA: a filha rebelde, que fazia o que bem entendesse, principalmente andar nua sobre um cavalo e praticar o amor-livre. Acabou morta pela própria mãe ao engravidar do negro Bube. Seus ossos foram guardados durante muito tempo, na gaveta do guarda-roupa. COMENTÁRIOS Lausimar Laus não enfoca apenas a trajetória da família Ziegel em sua obra. Além da luta dos imigrantes alemães para manter suas tradições numa nova terra, agora sua pátria, a autora trata da miscigenação entre índios, brasileiros e alemães. Entremeando ficção com fatos históricos a obra retrata fielmente as questões de uma época de dificuldades, de esperanças e de preconceitos. A figura do guarda-roupa tratado como gente, é metafórica, quase simbólica, conquanto é através de monólogos dirigidos a um ouvinte atento e calado que as personagens se revelam e desencadeiam os fatos que compõe o romance. O Kleid simboliza, em suas linhas, o amor familiar, a incerteza da mudança para uma nova terra, a manutenção das tradições e a adoção de transformações impostas pelo novo meio.



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