Menino de Engenho
(José Lins do Rêgo)
Esta obra carregada de memorialismo constrói um retrato com todos os seus matizes da sociedade canavieira do Nordeste através dos olhos de uma criança.O narrador-protagonista é o menino Carlos, cujo pai foi internado em um hospício após ter assassinado a esposa. Essa orfandade precoce marcou a infância de Carlinho que, apesar de ter vivido todas as alegrias e feito todas as estripulias características de um moleque, era, no fundo, uma criança melancólica, adepta dos cismares solitários a que se entregava enquanto esperava um canário cair em sua armadilha.Levado para o engenho de seu avô aos quatro anos, logo misturou-se aos filhos dos negros que trabalhavam no Santa Rosa. O tempo da escravidão já havia passado mas, a mentalidade do povo ainda era influenciada pela prática já extinta. Depois da alforria, a maioria dos trabalhadores optou por continuar nas terras do coronel José Paulino - um senhor de engenho bom, carismático e respeitado por todos. Era a ele que os cabras recorriam em busca de proteção, de cura para as suas doenças, de solução para os seus problemas. Resquícios da escravatua resistiam, mas eram comuns para a época.Carlos era um garoto asmático e pouco religioso, assim como todos os moradores do engenho, e a reclusão devida aos cuidados com a saúde o tornaram um tanto revoltado.No Santa Rosa, onde o protagonista viveu, conhecemos a figura da Sinhá Totonha - arquivo ambulante das histórias folclóricas fantásticas que encantavam o menino; a tia Sinhazinha - velha rabugenta, mal-quista por todos; Maria Menina - tia de Carlos, filha mais nova de José Paulino, considerada a "princesa" do engenho; o coronel Lula - fazendeiro decadente que mandava a filha tocar piano e falar francês; a velha Generosa - cozinheira da casa-grande que fazia por merecer o nome; e tantas outras. Entre os episódios narrados estão a morte da prima Lili, tão pequena, tão frágil; a enchente do Paraíba; a visita do cangaceiro Antônio Silvino desiludindo os sonhos do menino; as vistorias pelos sítios do canavial realizadas pelo avô; a moagem da cana e a produção do açúcar; o casamento da tia Maria; a briga entre dois cabras; o primeiro e inocente amor de criança. E, acostumado a assistir à reprodução dos animais no curral, Carlos começou cedo sua atividade sexual; para desgosto do já adulto narrador. Ele se considera um pequeno depravado e condena as negras Luíza e Zefa Cajá por o terem iniciado neste lado "porco" de sua infância. Aos doze anos, já havia contraído doença-do-mundo (gonorréia) e seu ingresso no colégio foi agilizado. Apesar do orgulho que sentia andando com as pernas arqueadas e por já não ser tratado como criança, acreditava-se que a escola o corrigiria. É a viagem de trem, com todas as despedidas e saudades do engenho que encerra o livro.
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