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JUIZO FINAL Quando eu era criança, as pessoas grandes me contaram uma estorinha na qual diziam que quando eu morrer vou ser julgado, podendo ir para o Céu, para o Purgatório ou para o Inferno, conforme seja a sentença do JUIZ CELESTIAL e que este, por ser amoroso, piedoso e misericordioso, podia até perdoar os meus pecados. Quando cresci, descobri que eu posso, assim como VOCÊ PODE, influir nesse “julgamento”, até porque não há julgamento nenhum, nem existe nenhum Juiz Celestial; o que existe é a conseqüência natural dos pensamentos, palavras e ações que cada um de nós praticar. Isto é assim apesar das pessoas grandes continuarem me contando as mesmas estórias que contavam quando eu era criança, nas quais eu acreditava porque era criança; Quando cresci, pude compreender também que as estórias que as pessoas grandes me contaram quando eu era criança, não passavam de uma técnica, um artifício, ou melhor, um recurso didático para me ensinar, apresentando-me as “verdades” em forma de alegorias para se tornarem mais agradáveis, mais atraentes e mais fáceis de “compreender” pela minha pouca inteligência; afinal de contas eu ainda era criança!... Só não consigo compreender porque as pessoas grandes continuam me contando as mesmas estórias, com a mesma técnica didática que contavam quando eu era criança. Será que as pessoas grandes continuam achando que eu ainda sou criança? Ou será que elas querem que eu aceite as alegorias da infância como se fossem verdades sem qualquer questionamento, impedindo-me de crescer, de virar adulto?” Para não sermos radicais, teremos de admitir que estamos diante de uma deslavada distorção da verdade, indiferença com o sofrimento das pessoas e sede de poder. Mas será que a sede de poder é mais forte que o compromisso com a verdade? O que se vê, de um modo geral, mostra que sim. Afinal de contas, não existe maneira mais eficiente de se manter no poder do que manipular as pessoas, mantendo-as na ignorância, até porque assim são fáceis de amedrontar e de lhes imputar culpa, tornando-as dependentes de um herói protetor e salvador. Todavia, sabemos que existe um número expressivo de pessoas que são sinceras, bem intencionadas, não têm sede de poder e são altruístas o bastante para doar o melhor de suas vidas pelo bem do próximo e, apesar disso, reproduzem o erro sustentando o mesmo entendimento equivocado que causa sofrimento, gera dependência e impede de crescer. A busca da justificativa para esse comportamento leva a entender que isso se deve à submissão cega destas pessoas aos seus superiores hierárquicos, o que revela falta de coragem para assumir a responsabilidade pelos seus próprios atos. Isto é perfeitamente compreensível do ponto de vista estritamente humano: é cômodo acreditar que serão aprovados ou reprovados por um Juiz e que este é misericordioso, capaz mesmo de perdoar algumas falhas. Admitindo-se que acreditam no que dizem com relação ao Juízo Final, os superiores hierárquicos, aqueles que incutem as suas “verdades” nos subalternos e exigem destes aceitação dogmática, como fica a vida depois da morte dessas pessoas diante do Juiz Celestial? Será que não têm medo da condenação pelos seus atos enganosos, ou será que elas sempre souberam que não existe Juiz nem julgamento nenhum e dizem isso só para se mostrarem superiores, alimentando o “vírus” da vaidade, e se manterem no poder? A verdade é que vivemos numa sociedade estruturada com base na culpa e no medo, é como se a gente já nascesse para ser julgado como errado e condenado a ser queimado num fogo qualquer, do qual só se livra por intercessão dos poderosos junto ao Excelso Juiz, no sentido de nos perdoar. Fato é que, seja por conveniência, seja por ignorância, vivemos acompanhados pelo espectro do medo e este se encarrega de nos impedir de ver o que tem para ser visto e nos obstacula o crescimento em todos os sentidos. Cabe a indagação: e eu, diante desse quadro, que é que eu faço? Como me comportar, como lidar com isso? Como conviver com essa realidade? O tratamento individualizado é melhor do que o coletivo, até porque o coletivo oferece a possibilidade de fuga: “Uhm! Isso é para todos, mas eu não sou o todos.” É como se a pessoa não fosse convidada a participar desse conjunto de coisas. Então, o melhor é partir do indivíduo para o universo, fazer o caminho proposto por Confúcio: “Se o homem não for feliz, não é feliz a família, se a família não for feliz, não é feliz a nação e se a nação não for feliz, não é feliz a humanidade”. Cumpre destacar o ser, o indivíduo, de modo a que cada um encontre o seu próprio meio de romper as correntes que o aprisionam, incutem medo e o mantém subordinado, dominado e impedem de crescer. A melhor forma de obter esse despertar, é adquirir a certeza de que as respostas podem ser encontradas sempre e quando, acreditando em si mesmo, as buscar no seu interior e aceitá-las mesmo que a sua razão lógica não consiga compreendê-las de imediato e, por isso, tente negá-las. Além disso, aquele que experimentar esta realidade, encontrará uma paz interior tão profunda e um bem estar consigo mesmo tão gratificante, que jamais se desviará deste caminho, obtendo também a certeza de que é livre e forte o bastante para caminhar por seus próprios pés, não precisando de intermediários nem mesmo para se comunicar com DEUS.
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