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Aparelhos Ideológicos do Estado - Acerca da Ideologia
(Louis Althusser)

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Fichamento
A expressão ideologia (forjada por Cabanis) designava a teoria (genérica) das idéias. Marx retoma o termo e lhe confere um sentido distinto: a ideologia é um sistema de idéias, de representações que domina o espírito de um homem ou de um grupo social.
Uma advertência antes de expor a razão de princípio que parece fundar o projeto de uma teoria da ideologia em geral que expressa posições de classe:
Será necessário empreender uma teoria das ideologias que repousa na história das formações sociais – dos modos de produção e das lutas de classes.
A ideologia não tem história. (Marx a enuncia que não tem mais história do que a moral).
Na ideologia alemã, esta fórmula aparece num contexto positivista: a ideologia é pura ilusão. A ideologia é pensada como uma construção imaginária cujo estatuto é o mesmo do sonho nos autores anteriores a Freud. Para os alemães, o sonho era imaginário vazio e nulo, resultado de resíduos da única realidade positiva: a do dia
A ideologia não tem história, sua história está fora dela. Na Ideologia alemã, esta tese é puramente negativa, e significa que: 1. a ideologia é puro sonho (fabricada pela alienação do trabalho); 2. ela não tem história
A tese defendida aqui é radicalmente diferente da tese positivista-historicista alemã. Sustento que as ideologias têm uma história sua (determinada pela luta de classes). Sentido positivo, se considerado que a ideologia tem uma estrutura e um funcionamento tais que fazem dela uma realidade não-histórica (omnihistórica).
Esta estrutura e este funcionamento se apresentam na mesma forma imutável em toda história. A proposição: a ideologia não tem história, pode e deve ser diretamente relacionada à proposição de Freud de que o inconsciente é eterno (não tem história). A ideologia é uma representação da relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência.
Para abordar a tese central sobre a estrutura e o funcionamento da ideologia, são necessárias duas teses, sendo uma negativa e uma positiva.
Tese 1. A ideologia representa a relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência.
A ideologia religiosa, moral, jurídica, política, etc. são “concepções de mundo”.
Essas “concepções de mundo” são em grande parte imaginárias, não correspondem à realidade. Mas elas se referem à realidade e basta interpretá-las para encontrar a realidade. Existem diferentes tipos de interpretação:

Mecanicista: (Deus é a representação imaginária do Rei real);
Hermenêutica: (Deus é a essência do Homem real).

Nas ideologias os homens representam-se, de forma imaginária, suas condições reais de existência. Esta interpretação gera um problema: porque os homens necessitam dessa transposição imaginária de suas condições reais de existência:

I Por culpa dos Padres ou dos Déspotas que forjaram Belas Mentiras para que, pensando obedecer a Deus, os homens obedecessem a eles. Representação falseada do mundo.

II. É a alienação material que reina nas condições mesmas de existência dos homens. Marx defende que os homens se fazem uma representação de suas condições de existência porque estas condições são em si alienadas. Todas estas interpretações tomam ao pé da letra a tese de que o que é refletido na representação imaginária do mundo são as condições de existência dos homens, de seu mundo real. A relação dos homens com as suas condições é que são representadas na ideologia. Esta relação está no centro de toda representação ideológica. É nela que está a causa que dá conta da deformação imaginária da representação imaginária do mundo real.
Toda ideologia representa a relação dos indivíduos com as relações de produção. É representada a relação imaginária desses indivíduos com as relações reais sob as quais eles vivem.
Tese 2. A ideologia tem uma existência material. As idéias ou representações que em conjunto compõem a ideologia tinham uma existência material. Uma ideologia existe sempre em um aparelho e em sua prática. Esta existência é material.
A relação imaginária de um indivíduo que vive na ideologia é em si mesma dotada de uma existência material. Um indivíduo crê em Deus. Esta crença provém das idéias do dito indivíduo enquanto sujeito possuidor de uma consciência na qual estão as idéias de sua crença. O comportamento material do dito indivíduo decorre naturalmente, porque ele adota tal ou qual comportamento prático e participa de algumas práticas regulamentadas que são as do aparelho ideológico do qual dependem as idéias que ele livremente escolheu. A representação ideológica da ideologia é forçada a reconhecer que todo sujeito dotado de uma consciência e crendo nas idéias que sua consciência lhe inspira, deve agir segundo suas idéias, imprimindo nos atos de sua prática material as suas próprias idéias. A ideologia da ideologia reconhece que as idéias de um sujeito humano existem em seus atos.
Considerando um sujeito, a existência das idéias de sua crença é material. Na apresentação invertida das coisas, há um remanejamento: as idéias desaparecem na medida em que se evidencia que sua existência estava inscrita nos atos das práticas reguladas por rituais definidos em última instância por um aparelho ideológico; o sujeito atua enquanto agente do sistema: a ideologia existente num aparelho ideológico material, que prescreve práticas materiais que existem nos atos materiais de um sujeito, que age segundo sua crença.
Da seqüência: sujeito, consciência, crença, atos, é extraído o termo central decisivo do qual depende todo o demais: a noção de sujeito. E são enunciadas duas teses: 1º. só há prática através de e sob uma ideologia; 2º. só há ideologia pelo sujeito e para o sujeito.



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