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O que é ideologia - A concepção marxista de ideologia
(Marilena S Chaui)

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Fichamento

A análise de Marx sobre a ideologia em geral, tem como objetivo um pensamento historicamente determinado: o dos pensadores alemães posteriores a Hegel.
Marx não separa a produção das idéias e as condições sociais e históricas nas quais são produzidas (tal separação é o que caracteriza a ideologia);
Para entendermos as críticas de Marx precisamos ter presente o tipo de pensamento determinado que pressupõe a filosofia de Hegel.
Marx procura distinguir o tipo de ideologia que produzem:
Os franceses: a ideologia é sobretudo política e jurídica;
Os ingleses: é sobretudo econômica.

As formas ou modalidades da ideologia em geral, e da ideologia burguesa em geral, encontram-se determinadas pelas condições sociais particulares em que se encontram os diferentes pensadores burgueses.
Marx dirige duas críticas aos ideólogos alemães:


esses filósofos tiveram a pretensão de demolir o sistema hegeliano imaginando que bastaria criticar apenas um aspecto da filosofia de Hegel, em lugar de abarcá-la como um todo. Com isto, eles apenas substituíram a dialética por uma fraseologia sem sentido;
cada um desses ideólogos tomou um aspecto da realidade humana, converteu esse aspecto numa idéia universal e passou a deduzir todo o real desse aspecto idealizado. Com isto, além de fazerem o que todo filósofo faz (deduzir o real das idéias desse real), ainda imaginaram estar criticando Hegel e a realidade alemã.
Marx afirma que, para compreendermos a limitação mesquinha da ideologia alemã é preciso sair da Alemanha, fazer algumas considerações gerais sobre o fenômeno da ideologia. Essas considerações têm como pano de fundo a questão do conhecimento histórico.
A história pode ser examinada sob dois aspectos:


história da natureza;
história dos homens.
Toda ideologia se reduz ou a uma concepção distorcida da história dos homens, ou a uma abstração completa dela.
Marx concebe a história como um conhecimento dialético e materialista da realidade social. Entre as várias fontes dessa concepção encontra-se a filosofia hegeliana.
Podemos caracterizar a obra hegeliana como:


um trabalho filosófico para compreender a origem e o sentido da realidade como Cultura (Cultura são as relações dos homens com a Natureza pelo desejo, pelo trabalho e pela linguagem). Não se trata de dizer que o Espírito produz a cultura, mas sim de que ele é a Cultura.
um trabalho que define o real pela Cultura e esta pelo movimento de exteriorização e de interiorização do Espírito. Este se manifesta nas obras que produz (exteriorização), e interioriza essas obras porque sabe que elas são ele próprio. O real é história;
um trabalho que revoluciona o conceito de história porque:
não pensa a história como uma sucessão de fatos no tempo, pois o tempo é criador dos acontecimentos. Estes são o tempo;
não pensa a história como uma sucessão de causas e de efeitos, mas como um processo dotado de um motor interno (contradição) que produz os acontecimentos. Contradição e oposição são muito diferentes:
na oposição existem dois termos dotados de suas próprias características, e que podemos tomá-los separadamente e entender cada um deles;
na contradição só existe a relação e não podemos tomar os termos antagônicos fora dessa relação pois são criados e transformados nela e por ela. A contradição opera como uma forma de negação. Ex.: O trabalho do canoeiro consiste em negar a árvore como uma coisa natural, transformando-a em coisa cultural: na canoa. A contradição é um motor temporal: não existem como fatos no mundo, são produzidas. A produção e superação das contradições é o movimento da história.
pensa a história como contraditório unificado em si e por si mesmo, plenamente compreensível e racional.


um trabalho que concebe a história como história do Espírito. Este começa se exteriorizando na produção das obras culturais (sociedade, religião, arte, etc.).
A produção do Espírito são contradições que vão sendo superadas e repostas com novas formas por ele mesmo até que se produza a síntese final.
Esta é produzida no momento em que o Espírito termina seu trabalho, compreende o que realizou e se reconcilia consigo mesmo.
A história é o movimento pelo qual o que o espírito é em si se torna o que ele é para si.
Esse momento final chama-se filosofia. A filosofia é a Memória da história do Espírito, e por isso Hegel diz que ela começa apenas quando o trabalho histórico terminou.

Uma classe ascendente não pode aparecer como uma classe particular, mas como representante de toda a sociedade interessada.
Consegue aparecer assim graças às idéias que defendem como universais.
No início da ascensão, esta classe representa um interesse coletivo.
Quando alcança a vitória, seus interesses são particulares.
Ainda assim, tais interesses precisam ser mantidos com aparência de universais.
As idéias universais da ideologia são a conservação de uma universalidade que já foi real num certo momento.

Determinações gerais da ideologia:
Ideologia é resultado da divisão social do trabalho (material/manual ; espiritual/intelectual);
Aparente autonomia do trabalho intelectual face ao material;
Autonomia dos produtores do trabalho intelectual: pensadores;
Autonomia dos produtos desse trabalho: as idéias;
Essas são as idéias da classe dominante;
Ideologia é um instrumento de dominação de classe;
Instrumento encarregado de ocultar as divisões sociais,
Transforma idéias particulares em universais;
Ideologia é um reflexo do real de modo invertido na cabeça dos homens;
Ela é produzida em três momentos fundamentais:
Inicia-se com um conjunto sistemático de idéias da classe em ascensão;
Torna-se o senso comum, se populariza;
Se mantém universalizada, mesmo após a vitória.



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