LITERATURA
(Carlos C. de Andrada)
LITERATURA Carlos Andrada A Literatura é, provavelmente, a mais importante e a mais completa das artes, quiçá o maior meio de expressão ou definição das emoções e da consciência humanas. Isto porque através dela é descrito um infinito conjunto de informações, fatos, atitudes, sensações, quase tudo que pode ser realizado pelo ser humano, do modo mais claro que se conhece: a linguagem. De modo que pode-se abstrair e imaginar inúmeras situações tendo como matriz primordial e ponto de partida as narrativas literárias. Num texto qualquer, seja ele um documento científico, um manifesto político ou mesmo uma forma de expressão artística, podem ser despertados sentimentos e pensamentos. Talvez ao contrário do dito popular, uma palavra, uma sentença ou um parágrafo talvez valham um milhão de imagens: cada pessoa interpreta de maneira distinta. Existem livros com temáticas mais simplistas e personagens pouco caracterizados, como os infantis e alguns romances policiais. Entretanto, é pouco inteligente avaliar uma categoria inteira de um só ponto de vista, tendendo a criar-se um preconceito. Personagens literários podem não conter muita emoção e expressividade psicológica, sendo pobres e superficiais, mas também se pode atribuir-lhes profundo arcabouço mental e sentimental, o que os torna interessantíssimos, inconfundíveis, praticamente humanos sem corpo físico, cabendo a cada um imaginá-lo conforme lhe apraz. O texto literário tem seu valor e uma identidade própria imanente, porém ele está interligado ao seu contexto histórico-geográfico, assim como mantém um vínculo à realidade sócio-política em que foi escrito. Situações e figuras humanas raramente aparecem por acaso, sempre têm uma razão de ser. Os motivos da criação literária, mesmo estando no subconsciente do autor que a escreveu, até se for alegada uma total falta de intenção de estar presente na narrativa, são imprescindíveis para a compreensão da obra. Pode-se afirmar descobertas incríveis, desde que estejam fundamentadas em referências próprias, ou seja, alguém só formula uma teoria sobre um romance baseando-se em informações que só devem estar contidas nele mesmo, e não em fontes secundárias, críticas, análises ou resumos. Podem ser escritos comentários e resenhas sobre os mais variados componentes da narrativa literária, como ambiente, descrição de costumes, características de personagens, caráter e importância do narrador, fatos secundários que permeiam a história e tantos outros temas. A imaginação trata de intuir o que é interessante de ser notado e gravado por cada um. Na verdade, qualquer texto escrito torna-se alvo das mais distintas hipóteses possíveis de se formular. Desde os hieróglifos egípsios e sinais gráficos chineses até o mais complexo código de computação; de uma frase simples como "eu te amo" ou "sou magro" a um livro longuíssimo como a Bíblia, um código de leis ou uma enciclopédia; da Teoria da Relatividade ao Manifesto Comunista ou à Ilíada. Sendo inúmeros os escritos, portanto, e até talvez em maior quantidade, são as teses, hipóteses, comentários e análises. Há uma verdadeira hipnose ao se concentrar na leitura; a imaginação e a emoção rompem o limite da mera apreensão de informações, deixando o leitor imerso durante a interação com a obra, refletindo ou somente suspirando de prazer. Os detalhes variam de intensidade conforme a circunstância que se pinça, a característica em questão. Concentrando-se na literatura de ficção, quer seja na poesia ou na prosa, quer seja no teatro ou na lírica, as descobertas tornam-se interessantes e nos revelam achados riquíssimos. É difícil estipular um juízo de valor, porém é inegável que algumas obras se tornaram clássicos cujas linhas - e também entrelinhas - ficarão conhecidas ao longo da História por seu caráter singular. Na poesia, destaca-se o caráter lírico, isto é, o sentimento espontâneo, sem muita estruturação racional e lógica; o apelo aos instintos afetivos, eróticos, mais relacionados à emoção; a musicalidade, a melodia e a harmonia provenientes das rimas e sílabas rítmicas. A disposição das palavras, quer estas sejam eruditas ou não, também é crucial: a partir dessa característica se toma o critério de apontar um bom e eloqüente poeta. Sua criatividade e seu talento literalmente serão medidos pelas palavras que ele usar, as expressões em suas composições, a beleza de seus versos. Além, é claro, do oportunismo em colocar as chamadas figuras de linguagem. Uma ironia, um oxímoro, uma metonímia, uma zeugma, um palíndromo, entre tantas outras, são recursos inteligentes e de grande valor, entretanto, se não forem acrescentados no devido trecho, em ocasião bem pensada e com sagacidade, transformam o que poderia ser algo brilhante em uma obra patética, de mau gosto e sem valor para quem a tem em mãos. A poética é muito sentimental e instintiva, porém isso não quer dizer que ela seja sempre melancólica. Quando se diz sentimental, é à real essência do termo que se refere: relativo ao sentimento, qualquer que seja, amor ou ódio, medo ou fúria, alegria ou ciúmes. Existem variações de métrica, rima, verso e estrofe, como os Alexandrinos, interpolações, sonetos ou tercetos, no entanto, quando a inspiração poética e a criatividade de fato existem, sejam fruto do talento inerente ou da elaboração erudita, pouco importam as características formais. O conteúdo é que torna a poesia rica e imortal, bela e clássica. À erudição se somam a inspiração da musa amada, da natureza indescritível, das construções majestosas; a intuição molda e lapida as palavras e sentenças do poema durante sua idealização, ganhando força em sua composição, quando o lápis risca o papel. O poeta se observa, se corrige, se esforça, vai se superando através da escolha dos temas, busca assuntos que desafiem sua capacidade imaginativa. Não basta ter talento nem saber a teoria toda da poética decor e salteado; é necessário a prática e a experimentação, como toda a atividade humana. Poesia é definição sem lógica, é esclarecimento sem retórica, é, acima de tudo, comunicar com o sentimento. Não há explicação técnica ou científica. O conteúdo da poesia pode ser puramente imaginativo, baseado em situações ou comportamentos presenciados e observados pelo narrador, descrito como uma passagem verídica da vida do narrador. Isto quando o narrador não é o autor, a figura física do escritor que tem a idéia e compõe o poema. Explicando suscintamente, o narrador pode ser um personagem inventado ou uma figura histórica, por exemplo, que o autor escolhe para dar vazão às idéias que criou; pode também mostrar uma faceta auto-biográfica daquele que compõe a obra.
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