Menores em Conflito com a Lei
(beatriz calazans)
Inseridos em uma realidade repleta de situações conturbadas , os menores em conflito com a lei, particularmente os que são atendidos pelo Centro de Atendimento Juvenil Especializado (CAJE), em Brasília, possuem muitas especificidades ligadas a sua trajetória de vida e ao seu contexto cultural. Estudantes de uma escola cercada por grades, estes menores tem inúmeras dificuldades de aprendizagem, mas mantém códigos elaborados e comunicam-se entre si de forma surpreendente. Por meio de um melhor entendimento sobre sua cultura, é possível conhecer melhor aqueles que muito cedo tiveram contato com o mundo do crime, e com esta maior intimidade, é possível ajudá-los na reconstrução de suas próprias identidades. As situações que originaram a realidade atual destes alunos possuem as mais variadas origens, revelando graves problemáticas sociais, econômicas, políticas e também culturais. A fome, a miséria, a falta de perspectivas financeiras, a esfacelação dos modelos tradicionais de família, a ausência de políticas públicas responsáveis que alicercem a educação nacional, a criminalidade, a angústia presente no mundo atual, as drogas, o preconceito, a discriminação, a intolerância, e tantas causas tão comentadas em nosso cotidiano são elementos exemplificadores dos fracassos de educandos dentro dos mais variados tipos de escola. Se ao tratarmos de educandos livres, sem conflitos com a lei, que teoricamente possuem algum tipo de representação familiar, vivenciamos todas estas problemáticas, mais grave ainda é a situação escolar daqueles que encontram-se detidos. Se somente considerarmos a trajetória de vida do sujeito que em sua juventude encontra-se precocemente privado de liberdade, já temos suficientes elementos para focarmos com atenção a condição educacional do jovem infrator.
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