A Utopia
(Thomas More)
Em A Utopia,
More utiliza-se de fatos reais e os mistura com a fantasia com tanta
maestria que para o leitor é difícil separa onde começa uma e termina a
outra. O livro é escrito em forma de um diálogo onde More descreve o
que aprendeu em uma de suas viagens profissionais. O estilo é claro,
direto fazendo do livro uma leitura agradável. A obra é composta de uma
epístola de apresentação chamada: Thomas More a Pedro Giles, enviando
saudações. E duas partes, sendo a primeira: Da comunicação de Rafael
Hitlodeu a respeito da melhor constituição de uma república. E a
segunda: Descrição da Utopia por Rafael Hitlodeu, que se divide em: As
cidades da ilha, com especial menção de Amaurota; Dos magistrados; Das
artes, dos ofícios e ocupações; Da vida e das mútuas relações entre os
cidadãos; Das viagens dos Utopianos e outros assuntos diversos,
espirituosa e habilmente discorridos; Dos escravos, doentes, casamento
e diversos outros assuntos; Da guerra; Das religiões da Utopia. A
Utopia é uma ficção onde o autor cria uma ilha imaginária e o
personagem principal, Rafael Hitlodeu, descreve a organização social,
política, religiosa dos moradores, apresentando de forma detalhada os
usos e costume da ilha. Rafael apresenta a organização política,
mostrando como são eleitos os magistrados e o príncipe, o autor
valoriza a competência para a investidura de um cargo e a
responsabilidade que o homem público deve ter com a população. A
formação educacional dos Utopianos inclui os estudos das artes e da
agricultura, que são as duas atividades que todos devem aprender e
exercitar. Alem dessas duas atividades básicas cada utopiano aprende
uma outra que será sua profissão, geralmente escolhida entre: tecelagem
da lã e do linho ou aprendem o ofício de pedreiro, ferreiro ou
carpinteiro. More ressalta as profissões capazes de gerar alimentação,
vestimenta e moradia. Outra característica marcante é a divisão do
trabalho, uma vez que em Utopia, trabalha-se apenas seis horas por dia:
três antes do meio dia, com intervalo de duas horas e seguindo-se mais
três horas . Dorme-se 8 horas e utiliza-se o tempo livre da forma que
cada um desejar. Como todos trabalham em atividades básicas, tudo que é
necessário existe com abundância. Os utopianos têm como princípio: “não
há prazer proibido, desde que dele não advenha mal algum”. Compartilham
todas as coisas de tal forma que toda a ilha é como uma única família.
O desprendimento dos bens matérias são comuns a todos, o ouro e a prata
são utilizado para a fabricação de moeda e seu uso como adorno pessoal
é reprovável. A felicidade é a vivência dos prazeres bons e honestos e
ser virtuoso é “viver conforme a natureza, e para isso Deus nos
criou”. O respeito ao outro é a regra geral e as leis são promulgadas
por um princípio justo e sancionadas pelo povo. Acreditam que todas as
ações e as virtudes estão intimamente ligadas ao prazer, como seu fim e
felicidade. Consideram a vaidade como falso prazer e dividem os
prazeres em duas classes: os do espírito: inteligência e a alegria da
contemplação da verdade. E os prazeres do corpo que também são de duas
espécies: a primeira são os prazeres que são sentidos e
efetivamente percebidos e a segunda , consiste no equilíbrio estável e
perfeito do corpo, relacionado com a saúde e com a ausência de dor.
Consideram o segundo como o maior de todos, pois em saúde , não há
lugar para o prazer. Preferem principalmente os prazeres do espírito.
Os que estão com doenças incuráveis são incentivados a por termos em
sua vida, e quando aceitam podem fazê-lo voluntariamente ou pela fome
ou por meio de sono. Porem são contrários ao suicídio e
que o pratica são indignos de sepultura. Os portadores de necessidades
especiais são tratados com respeito e todos tem liberdade de religião e
acreditam em muitos deuses. Apesar das crenças diversas tem como
princípio “a existência de um poder divino, desconhecido, eterno,
inexplicado, acima de toda a compreensão humana, enchendo o mundo não
com extensão corpórea, mas com a sua virtude e onipotência.” Esse Deus
criador e senhor do universo é chamado Mitra. E além disso acreditam na
vida após a morte. Acreditam que a infância e a juventude são fases
cruciais para a educação, ficando a cargo dos sacerdotes o ensinamento
das virtude e dos bons princípios que quando aprendidos nessas fases
são praticados por toda a vida. Na ilha nada é particular, o bem comum
é considerado com maior cuidado, portanto não existem pobres nem
mendigos. “Embora ninguém possua coisa alguma, todos são ricos.”
Finalizando More faz um desafio ao leitor para comparar os princípios
da ilha com outras nações, deixando uma reflexão importante sobre as
formas de organização social vigente em sua época e na nossa. E diz que
desejaria ver muitas idéias apresentadas por Rafael implantadas em
nossos, e considera que suas expectativas vão além da esperança de
consegui-las. Obra
prima que apresenta idéias inovadoras para sua época e porque não dizer
para nossos dias. Traz o sonho de uma sociedade mais justa apresentando
de forma clara e precisa os usos e costumes que se cada um implantasse
em sua vida, estaria contribuído para um mundo melhor, sonho de todos.
O livro é mais que uma simples ficção, é a reunião de vários princípios
que More desejava para a sociedade. E claramente encontramos os mesmos
desejos nos dias atuais. A
Utopia é uma obra que deve ser lida por todos os que desejam uma
sociedade mais justa. Deveria ser leitura obrigatória nos cursos
Direito, Psicologia, Pedagogia e cursos ligados a atividades educacionais
Resumos Relacionados
- Utopia
- Utopia
- A Utopia
- A Utopia
- Utopia
|
|