A Selva
(Ferreira de Castro)
IntroduçãoA acção decorre na Amazónia. Baseia - se no dia a dia da vida num seringal (exploração de borracha), onde os personagens principais são: o dono do seringal, e os membros da organização. Esta funciona como uma estrutura hierarquizada. O dono detém o poder absoluto. Os outros distribuem – se consoante a confiança do proprietário os coloca em lugares de maior ou menor relevância. Os últimos da cadeia são os seringueiros, sobre cuja actividade assenta a vida da organização, mas que trabalham em regime de escravatura praticamente sem direitos, com risco de vida, e amarrados a um sistema de dívidas permanentes que os não deixa libertarem – se.O livro foi publicado em 1930, e transporta para a Literatura a experiência do Autor nos locais e circunstâncias descritos.A históriaAlberto, o personagem principal, viu – se na Amazónia como exilado político na sequência da revolta fracassada de Monsanto em 1919, dos monárquicos contra o nascente regime republicano em Portugal.Ao chegar ao Brasil, acolheu – se à protecção de um tio que já lá estava. A breve trecho, este cansou – se de o sustentar e o moço foi forçado a ir trabalhar como seringueiro. A adaptação foi difícil. Moço de estudos, sentia – se superior aos que o rodeavam, e esperava ser tratado com alguma consideração. Evidentemente que tal não aconteceu. Passou anos muito penosos. Para além do trabalho em si, havia risco de vida devido a possíveis ataques de índios, que consideravam os exploradores como intrusos das suas terras ancestrais, e não lhes perdoavam.Um golpe de sorte retirou – o do trabalho de campo, para o escritório. O trabalho era mais leve e de acordo com aquilo que sabia; mas continuava a sentir – se prisioneiro, e só desejava sair dali. Entretanto, recebeu notícias de amnistia política, pelo que poderia retornar a Portugal. Sendo impossível juntar dinheiro para o regresso, tanto mais que continuava com dívidas, pediu ajuda à mãe que lha enviou. O romance termina com a fuga de alguns seringueiros, a sua captura e entrega ao “dono” por outros seringueiros; o castigo cruel imposto pelo “dono” e executado por um dos seus homens de mão. O final é dramático.ComentáriosO fio da história desenrola – se no meio de extensas descrições da omnipresente floresta amazónica, num contexto de drama social entre explorados e exploradores.Com efeito, a descrição da floresta está presente em permanência: um mundo vegetal formidável, que é sentida quase de forma física pelo leitor, que se arrepia com os animais, as poderosas tempestades tropicais, o perigo dos índios cortadores de cabeças. Depois, o trabalho quase escravo dos seringueiros, praticamente sem compensação, que os amarra a um sistema de dívidas permanentes e os obriga a permanecer durante muitos anos na solidão da selva, sem esperança de resgate. A sensação global que se sente é o dum clima concentracionário e sem esperança.
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