Loja transforma brincadeira em ato político
(André Rodrigues)
Vem da França mais uma notícia da série “O que Está Acontecendo com o Mundo?”. Segundo alguns sites, uma loja de brinquedos criou oficinas para que meninos e meninas “se divirtam lado a lado brincando com bonecas”. O primeiro desses edificantes encontros aconteceu em Paris. A molecada com mais de três anos de idade aprendeu a dar banho, comida e trocar fraldas dos bebês de plástico. Garotas e garotos, juntinhos, sacaram as delícias do universo doméstico. Depois ganharam presentes e lanche. A iniciativa acontece num período de crise. As vendas de bonecas caíram 10% no ano passado. Nada melhor do que preencher esse prejuízo atacando um novo alvo, certo? Não sou pediatra nem psicólogo. Em compensação, minha formação como palpiteiro é extraordinária. Lendo sobre a história da oficina unissex na França, lembrei de um artigo recente publicado na “Folha de S.Paulo” pelo articulista Marcelo Coelho. Ele comentava sobre o massacre de temas adultos imposto na criançada. As atuais letras politicamente corretas de certas canções infantis, por exemplo, fazem menores de quatro anos levantarem bandeiras, criticarem o aquecimento global e ainda descerem o cacete na gordura trans. Mas será que eles têm condições de assimilarem essa porcariada, esses complexos discursos? Ou melhor, será que eles merecem – ou precisam – entrar de sola no mundo adulto?Alguém aí acredita que os comerciantes estão preocupados com o “novo homem”, que já deve desde cedo entender as artimanhas de uma fralda cheia de cocô? Epa. O bolso é muito mais embaixo. A questão não é de cabeça ou formação, mas de grana mesmo. Brincar deixou de ser um passatempo, uma descoberta, e virou uma obrigação política – e muito rentável. Então essas são as delícias de um tempo livre, sem preconceitos, com meninos e meninas ninando bonecas? Sei não. Tem gente faturando alto enquanto pais brincam de educar os seus rebentos. Mas se o Gordo aparecesse numa dessas oficinas e oferecesse uma bola (sem duplo sentido) para os garotos, duvido que alguém rejeitaria uma pelada nas ruas do Champs-Elysées (com o arco do triunfo servindo de trave). As meninas também estariam convidadas, claro. Melhor ainda. Poderíamos fazer um belo rachão meninos contra meninas, como nos velhos tempos, aqueles deliciosamente incorretos – e ingênuos. Escreva o seu resumo aqui.
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