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SELVA
(Carlos C. de Andrada)

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SELVA Carlos C. de Andrada A selva é densa: árvores, arbustos e folhagens. Plantas desconhecidas, cores exuberantes perante o Sol implacável. Troncos curvilíneos surgem um atrás do outro, num labirinto verde e marrom. A flora assusta e encanta, enquanto os animais vão aparecendo paulatinamente. Alguns comem, outros bebem e há os que apenas descansam e observam. Riachos aparecem com freqüência, aumentando a já contundente umidade. A terra é marrom e espessa, animais circulam por ela: alguns caminham, outros fogem, poucos ficam estáticos e há os que observam furtivamente, caçando e devorando os outros. Não há nada que escape ao sol escaldante, ao calor sufocante, onde o importante é a adaptação; caso contrário, morte certa. Plantas verdes, águas verdes, animais verdes; a samambaia, os arbustos, as araucárias, as vitórias-régias; o Amazonas, o Nilo, o Zambezi, o Ganges, o Yang-Tsé; os crocodilos, as serpentes, os pássaros, os insetos. Gafanhotos formam nuvens devoradoras, abelhas e vespas constituem enxames agressivos e mortais, aranhas tecem teias traiçoeiras. Cachoeiras não são raras, morros surpreendem a visão e manadas de mamíferos aparecem para pastar ou beber a água pura da chuva deixada nos lagos e lagoas. Os herbívoros estão alertas, pois os predadores são astutos e furtivos. Areia e terra são pisados com cuidado, em silêncio; a folhagem esconde movimentos sutis e olhares furtivos. Existe tensão, mas nada é artificial, há o barulho, o silêncio, a brisa, o estrondo da tempestade e a calmaria do entardecer. A noite pode ser calma, mas isso não significa que haja movimento, vida crescendo em meio à floresta num silêncio sepulcral. O solo, o clima e a vegetação mudam com a mudança de estações, os hábitos dos animais modificam-se, algumas relações se alteram. Alguns hábitos são sutis, demoram anos, talvez décadas para serem percebidos por nós, homens, que já saímos da selva há muito tempo, nos distanciamos em demasia para retomar a intimidade com o meio selvagem. Somos agora caçadores, conquistadores, destruidores das selvas. Mas elas podem também nos engolir, ou nos perseguir e devorar quando bem entenderem, quando menos esperarmos. As árvores nos engolfam, porém, sendo enormes troncos de compridos galhos, sendo pequeninos arbustos ou até musgos, os vegetais podem matar, ou ao contrário, trazer a cura de forma misteriosa (e milagrosa), sem um pingo de interferência humana. A solução natural vinda da selva às vezes é mil vezes mais eficaz do que a hipótese científica. Jamais saberemos quantas espécies animais e vegetais existem; talvez já tenhamos extinguido várias sem saber. As selvas escondem seres, lugares, paisagens e mesmo tesouros. Sua exploração pelo homem tem sido feita sem cuidado, sem respeito, sendo queo próprio homem surgiu e veio da selva na pré-história. É possível e provável que a selva agora se vingue do homem e o engula sem aviso nem remorso. A selva foi o berço de grande parte da vida terrestre, assim como a água, tenha sido do oceano ou dos rios, deu origem aos seres vivos; isso demanda consideração e impõe respeito. A selva que levou milhões de anos para se formar, pode desaparecer e virar deserto em apenas décadas; é uma injustiça e um final muito triste para a grande mãe verde. Contudo a selva ainda resiste: ainda há grandes porções de terra cobertas de vegetação intocada, com clima propício à expansão do ambiente selvagem, das formas de vida indomáveis.O homem terá que se conformar e se adaptar por bem ou por mal à convivência com o ambiente selvagem; será necessário se curvar em respeito, temor e reverência ao ecossistema da natureza terrestre. Nas copas das árvores, nas margens dos rios, nos mangues e mananciais, na terra fértil e pulsante de vida, a selva respira, toma fôlego, suspira ainda, concentra-se exultante. Selvas são como organismos vivos completos: quando uma de suas partes é afetada, todo o conjunto entra em colapso.Que se respeite e se solidarize com todas as selvas, pois elas precisam de ajuda. Plantas entrincheiram-se acima e por entre o solo. A floresta fica densa, cheia de incontáveis árvores, animais buscam refúgio e posicionamento estratégico adentrando os troncos, subindo pelos galhos. Na selva os recursos são variados: força, agilidade, inteligência, resistência, esperteza, calma, habilidade... Contudo cada um tem de ser o melhor em alguma dessas características. Qualquer um que se descuide no meio da selva pode acabar morto, porque nela não há espaço para piedade ou compaixão. No entanto, se olharmos o mundo dos homens, chamados "racionais", o conhecido mundo "civilizado", será que encontrar-se-á misericórdia? Talvez essa outra realidade, essa mais recente escolha, esse novo patamar de existência seja tão ou mesmo mais implacável que o parâmetro de vida selvagem. Difícil viver na selva, muito difícil compreendê-la, quase impossível protegê-la e salvá-la. Talvez num futuro incerto ainda se possa render tributo a ela. Quem sabe algum dia esqueçam-se as grandes cidades e aglomerações urbanas e a humanidade volte a habitar as entranhas da selva. Seriam precisas apenas poucas adaptações, como as feitas pelos nativos. Entretanto, se isto realmente chegar a acontecer, levará milênios. A evolução é lenta e as espécies se proliferam, contudo a fúria do homem vem se tornando devastadoramente veloz. De modo que, apesar de sem a inteligência e capacidade de raciocínio, o triunfo da selva ser certo, ao contrário, o enfrentamento será vencido pela tecnologia urbana. Então não haveria selva de plantas, animais, rochas e montanhas; existiria uma floresta de aço, concreto, plástico e vidro. A Ecologia avança com muitas vitórias para que as ações futuras tenham impacto ambiental baixo ou nulo sobre as áreas verdes que restam na Terra. Resta pouco tempo, menos de um século talvez, para que se comece a pensar, tomar consciência da necessidade de reverter a situação da perspectiva do esgotamento dos recursos selvagens em função do mercado consumista desenfreado e inconseqüente. O enfrentamento entre grupos humanos e as florestas possivelmente será fatal para ambos, pois eles são interdependentes e se anularão quando houver embate. Uma solução teoricamente simples, porém praticamente utópica, seria o retorno a uma vida mais monótona, rural, campestre, sem o abandono das cidades, mas com sua integração a qualquer ambiente selvagem. Claro que não se pode admitir colocar selvas à frente da humanidade ou fauna e flora em oposição aos direitos humanos e vice-versa. A floresta de araucárias suporta animais e vegetais enormes, tem solo firme, rochas imponentes e relevo variado, acidentado, exuberante. A selva transbordando de vida talvez seja a paisagem do futuro. Os ambientalistas juntam-se numa manifestação ao lado



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