Jesus e Javé: Os Nomes Divinos
(Harold Bloom)
JESUS E JAVÉ: OS NOMES DIVINOS
Autor Harold Bloom – tradução de José Roberto O’Shea
Rio de Janeiro - Editora Objetiva, 2006
Titulo original: Jesus and Yahweh: The Name Divine.
“ Indubitavelmente, o Jesus histórico existiu, mas jamais será encontrado, nem precisa sê-lo.”Jesus e Javé: Os Nomes Divinos”, não visa a busca.O único objetivo é sugerir que Jesus; Jesus Cristo e Javé são três personagens totalmente incompatíveis e explicar como e por quê isso se dá. (introdução p.21).
Deus, ou Javé, na Bíblia hebraica é uma figura implacável, em nada amorosa com seus eleitos. É um personagem humano, palpável, e não um ser etéreo que habita nas nuvens. Na tradição cristã passa a ser o Deus Pai dos cristãos; uma figura abstrata com aparência pálida face a seu próprio filho, Jesus.Já não tem os traços humanos do judaísmo.
Jesus, segundo o Evangelho de Marcos é um furtivo, esquivo e enigmático pregador adepto do silêncio. Seus discípulos não conseguem entender o que o mestre diz e o mestre Jesus não demonstra afeto por seus discípulos.
Na tradição cristã que influencia todo o cristianismo posterior, o apóstolo Paulo em suas epístolas enfatiza o amor espiritual de Jesus e esvazia sua personalidade humana.
Jesus e Javé: Os Nomes Divinos examina a origem de todos os casos que influenciam a relação entre o Novo Testamento (NT) cristão e a Bíblia hebraica. Segundo os teólogos cristãos nesse caso não existem nem angústias nem influências, pois o NT é tão somente a coroação natural da Bíblia hebraica, que passa a ser o Antigo Testamento (AT).
Não há uma tradição judaico-cristã; não existe, em hipótese alguma, nenhuma continuidade entre judaísmo e cristianismo. A Bíblia hebraica foi reorganizada pelos cristãos para transformá-la em uma espécie de exposição inicial, prefácio da salvação cristã como AT. Os profetas foram deslocados do centro da Bíblia hebraica para, colocados imediatamente antes dos Evangelhos, transformarem-se em arautos da vinda de Jesus. A junção dos dois testamentos (AT/NT) é artificial, pois, escrito em grego, o NT e as epístolas, em especial as de São Paulo, tem dividas com o pensamento helênico.
A idéia de um Deus Pai etéreo e espiritual consolidado na tradição cristã é mais afim com a filosofia idealista de Platão do que com a imagem hebraica da divindade. Javé, o Deus hebraico, era um personagem muito humano, cujo poder é incomensurável, mas com uma realidade corpórea muito palpável, pois divide uma refeição com Abraão e se apresenta para Josué como um guerreiro de espada em punho. Esse Deus caprichoso e violente, não é o objeto de estudo da teologia, disciplina abstrata inventada pelos gregos.
Também não é a divindade cheia de amor como aquela cultuada pelos cristãos, pois em certas passagens da Bíblia, a distancia que ele mostra em relação ao seu povo escravizado por cruéis invasores estrangeiros, justifica o apelido dado a ele de “Nobodady”, pai de ninguém.
Jesus também tem uma personalidade muito humana que até pode, em alguns pontos, ser aproximada de Javé, em especial no Evangelho de Marcos, onde surge um personagem muito diferente daquele consolidado pela fé: um profeta enigmático, furtivo e esquivo, e que, cheio de mistérios, cultiva o silêncio e mostra pouco afeto por seus discípulos, que parecem ter sido escolhidos pela sua incapacidade de compreender o que o mestre prega.
A morte por crucifixão porém, é o que separa em definitivo Javé e Jesus.O Javé temperamental jamais teria essa disposição para o sacrifício, ou, literalmente para o suicídio.Há que se concluir portanto que Jesus e Javé não são feitos da mesma substância conforme proclama a doutrina cristã, além de se afastar da fé judaica ao instaurar um retorno ao politeísmo. Deus Pai compartilha seu poder com o Filho, o Espírito Santo a até com a Virgem Maria.
O judaísmo poderia ser colocado mais próximo do Islã com sua crença unívoca em Alá, do que o cristianismo, e, isso sem que se possa falar de uma tradição judaico - islâmica. Não se contesta os textos sagrados, apenas se enfatiza alguns aspectos que a fé normativa negligencia.
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