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Chet Baker
(John Lester)

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Assim como Chet Baker
roubava seus próprios discos dos galpões da gravadora, para vendê-los
por qualquer dinheiro nas ruas de New York, comprando então mais
algumas doses de heroína, eu também tenho cometido meus pecados em nome
do vício. O viciado em queijo Prima Donna não difere em nada do viciado
em heroína: sofre terríveis crises de abstinência, enrola a língua e é
capaz de inconfessáveis esforços para obter a mais fina fatia que seja
do laticínio. Entrar num bom mercado é como entrar numa casa de ópio:
os cheiros, a angústia, o desespero por mais uma dose, por mais uma
fatia, são idênticos.Com o descalabro financeiro causado pelo
vício, vem a fase dos pequenos delitos: eu mesmo cheguei ao ponto
extremo, ao fundo do poço como dizem os românticos, de presentear
amigos e parentes com alguns gramas do queijo para, em seguida,
roubá-los. Até mesmo mamãe já sofreu tal privação em suas geladeiras. A
seguir, inevitavelmente, entramos no mundo da marginalidade, um
ambiente hostil e sem regras onde não há barreiras legais, morais ou
psicológicas que nos façam desistir da dose necessária. Tenho roubado
minhas fatias de Prima Donna nos melhores mercados de Vitória e Vila
Velha, onde os preços alcançam cifras inacreditáveis de R$150,00 a
R$200,00 o quilograma do kaas (sim, ele é holandês). Nesse clima
absurdamente quente e abafado, a empreitada se torna extremamente
arriscada, não sendo possível utilizar aqueles úteis casacões de
inverno. Mas até 250g você acomoda bem na cueca e, sendo uma cueca
modelo Fome Zero, você acomoda bem a peça inteira de 50kg com relativa
facilidade. Bem,
cortado o queijo, resta abrir a última garrafa do honesto Nuviana, um
espanhol tempranillo com cabernet sauvignon, que você encontra por 20
reais em alguns mercados capixabas, e colocar o anestésico disco Let’s
Get Lost, de Chet Baker, que morreu misteriosamente
ao cair ou ser jogado de uma janela de hotel na Holanda. Para aqueles
que gostam não só do queijo como também do jazz holandês, nada como o I Festival Internacional de Jazz de Olinda, realizado em abril de 2006, com a presença de um dos maiores músicos de jazz da Holanda, o saxofonista Benjamin Herman,
e seu kwartet. Se você não pode ir ao I, agora é torcer pelo II. Ou
pegar o excelente disco Benjamim Herman Plays Jaki Byard, gravado em
1991 e lançado em 2003 pela Challange. Com os competentes Pierre
Christophe (p), Jos Machtel (b) e Joost van Schalk (d), você ouve um
hard bop de primeira, sem devaneios modernosos ou apelos ao virtuosismo
gratuito. Recomendado, sobretudo, para aqueles que apreciam, como nosso
estimado arquiteto das letras Garibaldi, a sonoridade de Art Pepper. Venha sem medo, mas cuidado com a janela.



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