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AMOR VIRTUAL
(VICENTE LUGOBONI.)

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Todo mundo tem uma história de amor pela internet para contar. Mas não conta; tem vergonha. É coisa de boboficar de pijama, madrugada afora, com a pupila dilatada, em frente ao computador teclando e se deixando teclar, por pessoas de origem desconhecida, de procedência absolutamente aleatória, de caráter imprevisível, de histórico pouco confiável.
Antes que o leitor se espante com a naturalidade com que os internautas se lançam nessa loteria do romance às escuras, vale lembrar que o sexo furtivo, é tão antigo como a própria humanidade. Todos os animais têm cio; todos os seres humanos também têm acontece que não é de bom tom dar crédito a essas vontades, que surgem não se sabe de onde, sem qualquer explicação moral aceitável, de conseqüências quase sempre desastrosas. Então a religião veio para coibir esses impulsos. É, portanto, perfeitamente razoável que cidadãos esmagados pela rotina, pelas pressões, pelas obrigações, pelo cansaço procurem se evadir de alguma forma. O sexo é apenas mais uma dentre as tantas possibilidades. Cada um procura o nicho que mais lhe convém e descarrega nele suas frustrações e suas fantasias diárias. As mulheres é comprovado escolhem as telenovelas, com suas relações subliminares e seu romantismo. Os homens, em geral, descarregam no esporte. Alguns casos que podem ser divididos em categorias mais ou menos estanques. Por exemplo: há aquele casal de meia idade, marcado por separações ou pela viuvez precoce, que, por insistência dos filhos (internautas), acaba se cadastrando em sites e se encontrando para toda a vida, como que por encanto. Essas pessoas têm, para com a nova mídia, atitudes extremamente conservadoras: abandonam tão logo se sentem seguras para se telefonar e se comunicar de outras formas, menos impessoais. Claro que essa categoria não busca satisfação momentânea, e sim ligações duradouras, transferindo para a internet a função do footing, do cinema, do passeio na praça, catalisadores da chamada paquera, em épocas. Há também os adolescentes de primeira água, que praticamente nasceram conectados e plugados. Para eles, igualmente, a internet é ferramenta: uma maneira de exorcizar a timidez e a insegurança típicas da idade. Entregam-se a ela num misto de excitação e curiosidade, não descarregando ali suas perturbações e seus fracassos, mas apenas desenvolvendo a auto-estima e a auto-afirmação, de um jeito novo e inusitado. Claro, há os problemas evidentes do excesso de uso e da fuga em que a internet pode se transformar, quando o jovenzinho ou a jovenzinha prefere refugiar-se nela a enfrentar a dura realidade.

E invertem-se mais uma vez os papéis homem-volúvel, mulher-centrada. São, portanto, jogos lúdicos, num estágio de total imaturidade afetiva. Tirando os de meia-idade e os adolescentes ocasionais, sobra aquele tipo supro citado: para quem o sexo é uma aventura e uma válvula de escape. Compõe uma classe média a mesma que não ganhou computador na infância, mas que também não se indispôs com as tecnologias de agora até porque tem de usá-las no trabalho. Atravessou e experimentou as duas eras do relacionamento humano, a antiga e a nova. A antiga: dos bailinhos, das matinês, dos portões de escola, nos primeiros contatos físicos com o sexo oposto. E a nova: dos chats por idade, dos sites de classificados, do webcam e dos e-mails derramados como se fossem cartas. Se a abordagem não contempla todas as possibilidades (ainda que inclua o amor homossexual), é aceitável e elogiável mesmo em suas falhas. Já frágeis mesmo são as conclusões e análises.

As conclusões porque feitas por uma mulher de meia idade que, a partir de experiências pessoais frustradas com a internet, condena o meio sem apelação, quando ele é tão culpado quanto o são bares, boates, restaurantes e locais aonde todos os dias milhares de pessoas vão para se relacionar. A internet não é um mal em si; é uminstrumento como qualquer outro. Já as análises pecam pela incompreensão de psiquiatras, psicanalistas e psicólogos, viciados no velho jogo do amor: olhares, sinais. O fato é que, independentemente do balanço negativo, as pessoas vão continuar se lançando em com o primeiro desconhecido simpático que for hábil no uso do vernáculo. Vão continuar se entregando sofregamente nos primeiros encontros. E vão continuar errando, se arrependendo e - quem sabe -, com sorte, acertando, porque é inevitavelmente a lógica do sexo e do amor. Se, de repente, contamos com uma "porta", que se abre da nossa casa ou da nossa estação de trabalho, na qual podemos anonimamente penetrar sem riscos, portanto, encontrando um monte de gente interessante ou nem tanto, por que vamos nos negar essa possibilidade?

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