Segredos da Voz - Intensidade
(Manuela de Sá)
É mais do que a diferença entre som forte e som fraco (ou piano), pois nunca é ouvida como parâmetro absoluto, estando sempre rodeada de outros factores com que se correlaciona. Assim, além de um fenómeno acústico, a intensidade é também um fenómeno conceptual e emocional. O som pode ver o seu volume ampliado por um acréscimo de vitalidade física (pressão de ar), por riqueza de ressonância (por exemplo, a passagem de uma vogal de claro a escuro), ou por um maior envolvimento emocional. Em todos estes casos podemos dizer que o som se tornou mais intenso, de mais forte penetração. Falando apenas do aspecto físico (acústico), a intensidade pode aumentar (se as partículas de ar se expandirem) ou diminuir (se as partículas de ar se contraírem) ainda que a frequência permaneça igual. Desta forma, um aumento de intensidade é sempre um aumento na pressão da coluna de ar. Com uma maior pressão de ar, os constituintes da laringe têm de lhe oferecer mais resistência (acção de impedância). As cordas vocais e outros músculos têm de se manter em tensão e, assim, trabalhar com maior firmeza. Mais intensidade implica bom processo coordenador e maior tonicidade muscular da zona abdominal. No som “forte”, a amplitude do movimento vibratório é maior, sendo também maior a actividade do músculo vocal. No som “piano” a quantidade de ar é menor, bem como a amplitude vibratória e a actividade do músculo vocal: apenas vibram os bordos livres das cordas vocais. A intensidade altera também o vibrato, na razão directa. Nenhum cantor se pode dizer detentor de uma boa técnica se não conseguir cantar “forte” e “piano”, “crescendo” e “decrescendo”, sempre que queira. Para um aluno que começa a formação, a primeira fase é trabalhar em “mezzo-forte”, para reduzir as tensões e aperfeiçoar-se tecnicamente nessa intensidade. Só depois de ter obtido um bom controlo de ar, fusão de registos e bom legato é que deve começar a trabalhar, sob orientação do professor, o “crescendo”, sem exagerar, ficando sempre aquém do máximo possível, e no final do crescendo manter a nota à custa de trabalho dos músculos inter-costais, até que, sem dar por isso, os finais sairão “piano”. “Messa di Voce”: (não confundir com mezza-voce, que significa meia voz). Messa di Voce é a técnica subjacente a um aumento ou diminuição de intensidade, feitos numa gradação imperceptível do “pianíssimo” ao “fortíssimo” ou vice-versa, ou, mais difícil ainda, fazer uma gradação imperceptível de piano a forte e de forte a piano na mesma expiração. Esta técnica tem caído no esquecimento, principalmente nas vozes dramáticas. No aspecto fisiológico aprecia-se uma movimentação antero-posterior da epiglote durante o “crescendo” e o movimento contrário no “decrescendo”. Quando tal não acontece trabalham os constritores faríngeos, com menos economia de meios. Cap. XII – PARÂMETROS A CONSIDERAR NA VOZ CANTADA: Intensidade.
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