Fonoaudiologia e Canto - Terapia Cantores (11 de 12)
(Lídia Maria de Gouveia)
TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA PARA CANTORES
A terapia vocal do cantor não difere completamente do processo terapêutico de um paciente que apresenta disfonia funcional. O foco do tratamento, este sim, será diferente. Com a queixa bem definida em relação aos aspectos da voz falada e cantada, inicia-se a terapia que trabalhará simultaneamente os aspectos que forem necessários, tanto da voz falada quanto da cantada.
Na terapia com cantores, o ouvido adquire importância na condução das orientações, na forma de utilização da voz, assim como na maneira de realização dos exercícios propostos. Quando se trabalha com o cantor, não se deve ficar centrado na patologia laríngea ou no distúrbio da fonação e sim na maneira como o cantor utiliza o seu aparelho vocal para produção da voz dentro do estilo e interpretação desejados.
Pode-se compreender o estilo do canto e tentar, juntamente com o cantor, por meio de exercícios, possibilitar que produza, de maneira satisfatória e sem prejuízo do trato vocal, a voz cantada desejada. O fonoaudiólogo não deve discutir a escolha de repertório, mas esclarecer as possibilidades de cada voz, localizando o pitch confortável e a tessitura adequada para o cantor, assim como demonstrar aspectos anatomofisiológicos existentes, mas muitas vezes desconhecidos, que possam facilitar ou limitar a produção de algum tipo de voz cantada.
É necessário possuir algum conhecimento de termos musicais que, em geral, estão presentes na terapia com o cantor, como por exemplo grave, agudo, oitava, glissando, stacato, escala ascendente ou descendente, acorde e outros que podem aparecer conforme o tipo de canto adoptado.
O cantor, em geral, questiona o profissional para saber como se procedem os exercícios e outras dúvidas, pois é natural que a pessoa que tem na voz cantada o seu instrumento profissional possua uma curiosidade maior em relação à sua voz, bem como receio em ser examinado pelo otorrinolaringologista e ansiedade em tratar as dificuldades que se manifestam na voz. Surgem algumas questões por parte do cantor, que são um desafio constante para quem trabalha com a área da voz e tem consciência da influência da vida emocional e psíquica na questão da comunicação.
As questões da saúde vocal devem ser tratadas com paciência e esclarecimento, sem se transformarem numa lista de proibições, pois o ideal é passar informações aos poucos e obter o retorno do cantor sobre a verdadeira compreensão dos porquês sobre a sua voz.
Não é fácil estabelecer um limite sobre onde começa a terapia fonoaudiológica do cantor, pois o início de cada processo dependerá de cada indivíduo. Não existe hierarquia dentro da terapia fonoaudiológica. Na voz tudo ocorre ao mesmo tempo. As necessidades são de cada caso e sempre que possível devem ser trabalhadas no conjunto.
No caso dos cantores é fundamental trabalhar a parte respiratória no sentido de consciencializar o papel da respiração na emissão da voz cantada, mostrando preferencialmente a respiração costo-diafragmática como a mais adequada para a sua voz. O trabalho articulatório visando a abertura vertical e a precisão sonora dos fonemas também tem destaque na rotina terapêutica. Os exercícios que auxiliam no abaixamento da laringe têm demonstrado óptimo resultado, mesmo nos casos de cantores populares, permitindo um movimento vertical livre nos graves e agudos. Exercícios de resistência são também indicados para cantores que costumam cantar muitas horas por semana. Massagem digital na laringe depois de cantar, ou antes de dormir, promove a vasodilatação que possibilitará um maior relaxamento nocturno, levando a uma qualidade vocal mais satisfatória para os dias seguintes no uso intensivo da voz.
Não é possível abordar a parte de exercícios, pois cada indivíduo tem o seu problema e os exercícios devem ser aplicados de maneira pessoal. O terapeuta tem que experimentar os exercícios consigo mesmo e, posteriormente, observar como cada paciente realiza ou reage diante daquele exercício. De maneira geral, acredita-se que o terapeuta não precisa ser cantor ou músico para poder prestar atendimento, porém deve ouvir as queixas do paciente e saber que as dúvidas que ocorrerem durante o processo terapêutico poderão ser investigadas e respondidas por ambos, paciente e terapeuta.
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