O Globo
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Dona Chupetinha—De Pedro Bial a David Byrne, é extensa a lista de famosos que vão a Vigário Geral para experimentar o tempero da chef.
No cardápio iguarias simples: carne assada com aipim, frango à mineira, costelinha de porco, peixe à milanesa.De entrada maionese, o feijão com arroz e a farofa, acompanham os mais de dez pratos do menu. A casa é simples, os clientas lambem os beiços, foi assim que definiu um dos frequentadores habitués do Dona Chupetinha. O restaurante fica em Vigário geral— mais precisamente na rua Paris, há poucas esquinas da boca de fumo local. Todos são bem-vindos. Armas não. é uma regra inquebrável.Dona Chupetinha nasceu Lizietia Carmém Siqueira Rodrigues. Tem 46 anos, dois filhos, dois netos e um marido apaixonado, o aposentado João Azevedo Rodrigues, de 53 anos. Sua cozinha atende cerca de 60 pessoas por dia. As vezes ela larga as panelas para beijar um cliente querido ou xingar um outro que quebrou uma de suas normas. Ela é a própria festa.Conta que a sua maior surpresa foi a visita de David Byrne, do qual nunca tinha ouvido falar, mas que lhe contaram que o homem era o Roberto Carlos do país dele. Antes de se tornar uma celebridade na sua rua, Dona Chupetinha comeu o pão que o diabo amassou. Ela foi criada na favela, aos 7 anos perdeu o pai, que morreu, deixando cinco filhos para a mãe Beatriz Felix Siqueira criar, o que fazia as custas de faxinas durante o dia, e lavava ônibus à noite para botar comida em casa. Chupetinha ajudava como podia, fazendo bicos como babá. Ela sempre foi guerreira, só que nunca largou a chupeta, Ganhou filho com a chupetinha na boca, indigna-se a mãe da mestre-cuca. Quando em 1991 veio a chacina de Vigário geral, ele viu tudo de perto, e depois assistiu ao renascimento da favela com a Casa da Paz e o Afro Reggae. Ela conseguiu emprego na antiga Casa da Paz como office-boy. E, como a turma da ONG não tinha onde comer, ela preparava o almoço e as pessoas comiam em turnos na sua cozinha. Durante a obra de saneamento da comunidade, ela chegou a servir 75 refeições por dia para os operários. Um dos engenheiros da Cedae resolveu ajudá-la. Construiu um espaço na laje da casa para abrigar a Pensão da Chupetinha. — O primeiro cliente chique foi o Pedro Bial, ele ficou 15 dias fazendo uma reportagem. Saímos do meu quarto e o Bial dormiu lá. Foi aí que começamos a bombar—lembra. Luiz A Bellei
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