Psicologias
(Ana Mercês Bahia Bock; Odair Furtado; Maria de Lourdes Trassi Teixeira)
Capítulo 2 - parte 2-
O universo também foi posto em movimento. O sol tornou-se o centro do universo, que passou a ser visto sem hierarquizações. O homem, por sua vez, deixou de ser o centro do universo (antropocentrismo), passando a ser concebido como um ser livre, capaz de construir seu futuro. O servo, liberto de seu vínculo com a terra, pôde escolher seu trabalho e seu lugar social. Com isso, o capitalismo tornou todos os homens consumidores em potencial, das mercadorias produzidas.
O conhecimento tornou-se independente da fé. Os dogmas da igreja foram questionados. O mundo se moveu. A racionalidade do homem apareceu, então, como a grande possibilidade de construção do conhecimento.
A burguesia, que disputava o poder e surgia como nova classe social e econômica, defendia a emancipação do homem para emancipar-se também. Era preciso quebrar a idéia de universo estável para poder transformá-lo. Era preciso questionar a Natureza como algo dado para viabilizar a sua exploração em busca de matérias-primas.
A ciência avança tanto, que se torna um referencial para a visão de mundo. A partir dessa época, a noção de verdade passa, necessariamente, a contar com o aval da ciência.
É em meados do século 19 que os problemas e temas da psicologia, até então investigados exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, também, investigados pela fisiologia e pela neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema.
Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento d máquina de pensar do homem – seu cérebro. Assim, a psicologia começa a trilhar os caminhos da fisiologia, neuroanatomia e neurofisiologia.
Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei no campo da psicofísica. É a lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e sensação,permitindo a sua mensuração. Segundo Fechner e Weber, a diferença que sentimos ao aumentarmos a intensidade da iluminação de uma lâmpada de 100 para 110 watts será a mesma sentida quando aumentamos a intensidade de iluminação de 1000 para 1100 watts, isto é, a percepção aumenta em progressão aritmética, enquanto o estímulo varia em progressão geométrica. Essa lei teve muita importância na história da psicologia porque instaurou a possibilidade de medida d fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. Wundt cria na universidade de Leipzig, na Alemanha, o primero laboratório para realizar experimentos na área de psicofisiologia. Wundt desenvolve a concepção de paralelismo psicofísico, segundo a qual os fenômenos mentais correspondem fenômenos orgânicos. Por exemplo, uma estimulaçãofísica, como uma picada de agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na mente deste indivíduo. Para explorar a mente ou a consciência do individuo, Wundt cria um método que denomina introspeccionismo. Nesse método, o experimentador pergunta ao sujeito, especialmente treinado para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu interior por uma estimulação sensorial (a picada da agulha, por exemplo). O status da psicologia como ciência é obtido à medida que se "liberta" da filosofia, que marcou história até aqui, e atrai novos estudiosos e pesquisadores, que, sob novos padrões de produção de conhecimento, passam a:
-definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a consciência);
-delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento, como a filosofia e a fisiologia;
-formular métodos de estudo desse objeto;
-formular teoria enquanto um corpo consistente de conhecimentos na área. Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia científica, isto é, deve-se buscar a neutralidade do conhecimento científico, os dados devem ser passíveis de comprovação, e o conhecimento deve ser cumulativo e servir de ponto de partida para outros experimentos e pesquisas na área. Embora a psicologia científica tenha nascido na Alemanha, é nos Estados Unidos que ela encontra campo para um rápidocrescimento, resultado do grande avanço econômico que colocou os Estados Unidos na vanguarda do sistema capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente. Essas abordagens são: o Funcionalismo, de William James, o Estruturalismo, de Edward Titchener e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike. O Funcionalismo é considerado como a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em psicologia. Uma sociedade que exigia o pragmatismo para o seu desenvolvimento econômico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Desse modo, para a escola funcionalista de W. James, importa responder "o que fazem os homens" e "por que o fazem". Para responder a isto, W. James elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a us para adaptar-se ao meio. O estruturalismo está preocupado com a compreensão do mesmo fenômeno que o funcionalismo: a consciência. Mas, diferentemente de W. James, Tichner irá estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. O método de observação de Tichner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório. O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das idéias - das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as idéias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo.
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