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A Exploração do Sofrimento
(Gilberto Menhinick Messeder)

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A forma comum é a de ter como parâmetro o sofrimento físico. Qualquer mal físico só pode ser danoso ao resultado da empresa. O sofrimento mental não se deixa construir por falsas ações ou atitudes. Aí reside a dissociação entre a medicina e a psicanálise. Nas atividades recorrentes as condutas condicionadas não são decorrentes, apenas, da organização do trabalho. Mais do que isso amalgamam toda a vida fora do trabalho, determinando as condições aos trabalhadores de medidas padrão de produtividade. A destruição da vida mental dos trabalhadores é útil para o sucesso de um comportamento condicionado que priorize a produção. O sofrimento mental é o meio para a submissão do corpo. Exemplo, tirado da indústria, com as telefonistas de uma empresa da França. A exploração da frustração O trabalho nos deixa idiotas. De tanto ficarmos sentadas, ficamos com o traseiro achatado, terminamos tendo uma bunda horrível. O trabalho é completamente falso. Quando falamos é a empresa que fala. Quando eu saio do trabalho, falo com as pessoas frases da empresa A frase que a gente tem que dizer é: 496, informações; não podemos dizer “bom dia”. O que o Sr. deseja? Em seguida, é preciso enquadrar a informação, ou seja, reformulá-la, numa linguagem codificada, depois de tê-la obtido. Em seguida, é preciso guardar a informação e procurar nas microfichas. Este esforço de memória não é nada fácil... Depois, devemos repetir a informação pedida sob a forma de pergunta. Por último devemos dar a informação sob a forma de resposta, na linguagem codificada da empresa. Enfim, no caso de agradecimento do assinante, é a única situação em que temos o direito de dar uma resposta livremente escolhida. Há um controle exercido sobre dez a quinze pessoas. Consta de: Contadores para o número de chamadas (45 a 50, em geral; 120 para funções específicas). Contadores de tempo de cada chamada. Se a chefe do controle estiver mal humorada sempre há o que comentar. Há um verdadeiro terror por causa dessa escuta da controladora, que dá notas que ficam registradas num relatório, indestrutível. No centro telefônico em questão há 400 telefonistas. O resultado é que a telefonista transforma-se em artesã do seu próprio condicionamento. De um lado temos a angústia como correia de transmissão da repressão e, de outro, a irritação e a tensão nervosa como meios de aumentar um aumento de produção. Mostra-se então nesse trabalho de informações telefônicas que o sofrimento psíquico, longe de ser um epifenômeno, é o próprio instrumento para obtenção do trabalho. O trabalho não causa sofrimento, é o sofrimento que causa trabalho. O sofrimento resulta da organização do trabalho “robotizante”, que expulsa o desejo próprio do sujeito. A frustração e a agressividade resultantes assim como a tensão e o nervosismo são utilizados especificamente para aumentar o ritmo de trabalho. O medo e a ordem social na empresa O medo é também um instrumento de controle social na empresa. O melhor exemplo é dado pela forma extraordinária que tomam os conflitos. O argumento usado pela direção, e em torno do qual todos os movimentos reinvidicatórios se organizam, é sempre a segurança. Medo e imaginação A implantação de uma fábrica é a prova de um certo conhecimento. Mas, ao contrário, em relação a tudo aquilo que diz respeito o funcionamento e controle, eles estão desarmados de um saber pragmático. Este tipo de saber não se articula com nenhum conhecimento teórico. É puramente pragmático e resulta da experiência e da observação. Em resumo, a exploração do medo aumenta a produtividade, exerce uma pressão no sentido da ordem social e estimula o processo de produção de “macetes” e “dicas” indispensáveis ao funcionamento da empresa. O relato sobre o trabalho das telefonistas já havíamos mostrado que, quando o sofrimento é útil a produtividade, pode ser estimulada pelas chefias. O mesmo vale para a ansiedade, cujo valor “funcional” para a produtividade pode conduzir à sua utilização como técnica organizacional de comando.



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