BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


ZÉ MANÉ E JOÃO NINGUÉM
(Arimar Vieira da Costa)

Publicidade
ZÉ MANÉ e JOÃO NINGUÉM(história sem fim)







_ E aí cara, conseguiu arrumar alguma coisa? Pergunta-lhe um amigo.







_ Não, ainda não, mas não posso desanimar, pois, tenho uma bela esposa e duas filhas que contam comigo. Amanhã irei novamente e com certeza haverei de conseguir.







Zé Mané, como de costume, sai duas ou três vezes por semana na intenção de conseguir um emprego.







Apesar de ser um bom profissional, saudável e boa aparência, por estar com mais de quarenta anos, tem sido recusado em várias empresas, tendo inclusive sido humilhado em muitas, entretanto para doar sangue e ser voluntário esta extremamente habilitado.







Nalguns dias Zé Mané, descola alguns trocados em bicos para pelo menos manter o essencial, porém não é sempre que aparece.







Como a situação está cada vez mais difícil, Zé Mané vai trabalhar na economia informal. Durante muito tempo consegue o sustento da família. No entanto começa a ser perseguido junto com os demais pais de família pelos fiscais municipais, que devido a revolta de alguns , passa a agir com o auxilio de policiais.







Como a perseguição não diminui, passa a perder todo o material que conseguira levantando bem cedo e ficando até altas horas no que julgava como um trabalho.







Zé Mané, revoltado e desanimado dirige-se até a prefeitura para tentar explicar aos fiscais que não tinha como se manter e que precisava da mercadoria que os mesmos haviam apreendido.







Ao chegar no setor de apreensões ouve de longe as gargalhadas e comentários escarniados do pessoal que os havia minutos atrás tomado as mercadorias.







_Você viu aquele otário que tentou correr e acabou tropeçando, espalhando a mercadoria pelo chão... há.. há.. há... há......







Sentiu uma tremenda revolta, mas procurou ficar calmo e tentou reaver o que havia perdido.







Tentou explicar-se, mas riam todos e mandavam-no a um por um, onde rindo encaminhava-o para outro e era tratado da mesma maneira, até que por fim desanimou e foi embora.







No dia seguinte, explicou à esposa o que acontecera e com o pouco que lhe restara saiu a procura de emprego, voltando para casa sem nenhum dos dois, mas a esposa disse-lhe que arrumara emprego como diarista e o ajudaria até se equilibrar.







Zé Mané nota que sua esposa passa a tratá-lo de uma forma diferente após começar a trabalhar e desespera-se, não poderia viver sem a família. Conversando com alguns conhecidos ouve os maiores absurdos e eram pessoas que estavam numa situação parecida com a sua.







_Você tem coragem de assaltar? Tem coragem de matar?







_ Não, nunca. Sempre fui muito correto em minha vida. Responde Zé Mané assustado com a proposta de alguns.







_ Então meu camarada morra de fome, pois emprego na nossa idade é praticamente impossível.







Zé Mané morava em uma casa no terreno da sogra e durante muitos anos até ajudou a sustentar sem saber, várias pessoas, pois como esteve ganhando razoavelmente bem, fazia compras enormes, que sumiam bem antes do tempo previsto, mas como estava com dinheiro não se importava com isso.







É ....o casamento parecia estar chegando ao fim.







Zé Mané fica revoltado e diz a um amigo:







_ Que merda cara ! A gente sustenta uma mulher durante anos, basta você cair em uma dificuldade mesmo que seja momentânea para ser desprezado.







E o amigo lhe responde, também com ares de revolta:







_ Meu caro, um homem suporta uma carga dessa a vida inteira sem reclamar, mas uma mulher passa a humilhar o companheiro por um breve momento em que ela segura as cargas de uma casa e só não se importa em ajudar se for um garotão, mesmo que o sujeito jamais tenha lhe dado alguma coisa e isso eu já cansei de ver.







Zé Mané até era esclarecido, conversava de maneira bem popular, mas sabia colocar os verbos em seu devido lugar e ao ficar entre pessoas de maior cultura dialogava sem nenhum embaraço, tinha boa saúde e uma aparência dentro dos padrões exigidos pela sociedade, mas nem assim arrumava emprego, o que fazia com que perdesse o respeito próprio, já estava julgando-se inútil, imprestável.







Um certo dia ao sair para de novo procurar emprego, encontra um conhecido com um carrão, quase do ano, que ao vê-lo, pede um minuto de prosa, oferecendo-lhe carona.







Durante o caminho pergunta a Zé Mané como vai a vida. Zé Mané diz-lhe o que estava acontecendo. Este conhecido esbraveja com Zé Mané:







_ Deixe de ser otário! Com a idade que você está nunca vai conseguir trabalho, veja o desemprego e não é só aqui não, eu viajo pelo país inteiro e é só o que vejo. Se você quizer trabalhar comigo, te garanto que conseguira levantar um bom dinheiro.







Zé Mané fica eufórico e pergunta ao conhecido que trabalho seria e o conhecido responde-lhe:







_ Drogas, meu caro! Nada dá tanto dinheiro como drogas!







_Não, não e não responde Zé Mané assustado.... isso é muito perigoso, a polícia nos prende e já soube de várias pessoas que morreram envolvidas nisso. O conhecido dá uma sonora gargalhada e explica para o amigo:







_ Cara, isso é um negócio muito rentável, por trás desse comércio está um batalhão de pessoas endinheiradas e alguns dos figurões responsáveis pela administração pública, que aparecem em noticiários como salvadores da pátria, onde de vez em quando prende-se alguém, porém é para dar uma satisfação para a sociedade, logo é solto e quando você vê morrer alguém pode ter certeza que é algum sujeito que tenha dado uma grave mancada, dedo-duro, viciado ou um concorrente e que ao morrer passa por perigoso traficante, mas nem sempre o é.







_ E se a polícia me prender, como vou encarar minha família, eu não conseguirei olhar nos olhos de minhas filhas e de minha esposa. Diz Zé Mané que está acostumado a andar correto, entretanto não está encontrando saída.







_ Porra meu, você é inteligente, saberá se comportar e poderá dar o conforto que sua família merece e precisa, basta trabalhar direitinho. Lhe dou alguns dias para pensar, este é meu telefone e ficarei aguardando um retorno seu. Quanto a ser preso fique tranquilo, só peixe pequeno é que vai preso, sempre foi assim.







Aquela cena não sai da cabeça de Zé Mané, o amigo de carrão e roupas muito boas, relógio dourado no pulso, correntes de ouro no pescoço, que passa a pensar besteiras, mas pensa na família e resolve esquecer o assunto.







Durante alguns meses tenta sem nada conseguir, já estava ficando desesperado e lembra do amigo, resolve então procurá-lo.







Quando o amigo ouve sua voz, prontamente reconhece-o e dá-lhe um endereço para que pudessem conversar melhor.







Vão até uma lanchonete bem afastada da área central e pede ao dono que







Não sejam incomodados. Passa todos os procedimentos a Zé Mané que ouve atentamente. No dia seguinte já iria começar esse novo empreendimento.







Em muito pouco tempo Zé Mané muda de vida, passa a andar arrumado e compra um carro. A esposa preocupada pergunta-lhe o que estaria fazendo, pois a mudança estava sendo muito brusca, mas a resposta é que estaria trabalhando como corretor e teria tido muita sorte vendendo vários imóveis.







Nesse trabalho passa a conhecer vários policiais, com os quais fazia os acertos em espécie mensalmente e também combinariam as apreensões que os mesmos teriam que fazer de vez em quando para satisfazer os anseios da sociedade. Como era uma cidade com vários sítios, aconselharam Zé Mané a buscar bosta de vaca e que deixasse secando, pois a mesma quando seca fica idêntica ao "bagulho" e também quem seria preso, tudo como encenação e depois os soltariam.







Co



Resumos Relacionados


- ZÉ ManÉ E JoÃo NinguÉm Parte 2

- ZÉ ManÉ E JoÃo NinguÉm Parte 3

- As Incriveis Historias Do Futebol

- Cidade De Deus

- Cacau



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia