Pode um programa de auto-gestão de doença reduzir os custos dos cuidados de saúde?
(Paula Caetano)
Questão: Pode um programa de auto-gestão de doença reduzir os custos dos cuidados de saúde? Tema do Estudo: Este tema emerge do interesse em conhecer e avaliar se um programa de auto-gestão da doença pode reduzir os custos dos cuidados de saúde. Pretende avaliar o impacto do programa de gestão de doença cardíaca nos serviços hospitalares e Comparar a potencial diminuição de custos com cuidados de saúde, com custos de implementação do programa; Desenho e tipo de Estudo:É um estudo experimental controlado, aleatorizado; Os dados foram recolhidos dos registos de facturação do hospital durante 36 meses; Utilizaram-se modelos multivariados para comparar utilização de cuidados de saúde com custos entre os grupos em tratamento e o grupo controle; As diferenças estimadas foram comparadas com custos do programa para determinar custo-efectividade. As participantes foram recrutadas em seis hospitais no Michigan (EUA). Os indivíduos foram recrutados em seis hospitais e o critério de selecção incluía, sexo feminino, idade superior a 60 anos, diagnóstico de doença cardíaca e ter sido observada pelo médico todos os seis meses. Grupo de intervenção – 233 Grupo controle – 219 Women Take Pride, é um programa que utiliza um processo de auto-regulação dirigido a uma área problemática cardíaca, recomendado por cada médico de cada mulher. Medidas de Principais Resultados: Admissões no hospital; Dias de internamento; Visitas ao serviço de urgência. O que é que os investigadores procuram avaliar? Os investigadores pretendem avaliar o impacto de um programa de auto-gestão de doença cardíaca, em mulheres idosas, na utilização de serviços hospitalares; determinar a diminuição de custos hospitalares atribuídos às mulheres incluídas no programa e comparar a potencial diminuição de custos com o custo de operacionalizar o programa de auto-gestão da doença. Contributo do estudo para o acréscimo do conhecimento nesta área: A alta prevalência e subsequentes custos dos cuidados de saúde associados à doença cardiovascular, realça a necessidade de demonstrar o custo-efectividade para programas de auto-gestão de doença cardíaca. Em relação ao impacto no nível de saúde: em 12 meses de folow-up, as mulheres em programa, comparativamente com as mulheres do grupo controle, eram menos assintomáticas; Tinham melhor pontuação na dimensão física do perfil de impacto de doença (p á 0,01); Melhoraram a capacidade ambulatória, medida por um teste de 6 min de marcha ( p á 0,01); Perderam mais peso ( p á 0,001); Em relação ao impacto na Utilização dos Serviços de Saúde: As participantes no programa têm menos 46% de dias de internamento do que o grupo controle ( p = 0,03); As mulheres em programa, em média, têm menor utilização dos cuidados de saúde em internamento relacionados com o coração do que o grupo controle; As mulheres em programa apresentavam aproximadamente menos 44% das despesas relacionadas com internamento por causa cardíaca do que as do grupo controle ( p =0,05); Em relação ao impacto Projecto Diminuição de Custos: As participantes do programa demostraram uma redução de 49% no total dos custos com o internamento hospitalar em relação ao grupo controle; A média anual por doente em despesas de internamento era $6500. Constatou-se uma diminuição daquelas despesas na ordem dos $3200 por participante por ano; Comparado com a potencial diminuição dos custos, os custos directos com o programa são muito reduzidos (administrar 4 semanas de programa a um grupo de 8 participantes é aproximadamente $130 por doente). COMENTÁRIO Um dos desafios actuais dos sistemas de saúde e da administração em saúde relaciona-se com os problemas inerentes e consequentes ao aumento da esperança de vida - o envelhecimento da população - que conduz a um inevitável aumento do número de doenças crónicas e incapacitantes. As pessoas com doença crónica geralmente utilizam mais os serviços de saúde, desde consultas médicas, cuidados hospitalares e consumo de medicação. Os programas de auto-gestão de doença promovem a participação do cidadão no seu processo de saúde, refiro-me ao processo de “empowerment” que se consegue, onde o que realmente faz a diferença é o auto-controle pelo próprio doente.e como todos os programas de curto prazo “…tem tudo o necessário para a acção…” (Imperatori, 1982). O desafio que se segue implica um planeamento que viabilize e promova a formação de profissionais especialmente vocacionados para a formação do doente, habilitando-o a ser o gestor da sua doença. A evidência decorrente de vários estudos sugerem que: programas de ensino de níveis de auto-gestão são mais efectivos do que a simples informação determinando melhoria dos resultados clínicos; programas de ensino de auto-gestão da doença melhora os resultados e pode reduzir custos dos cuidados de saúde; o custo com a implementação do programa é negligenciável perante os benefícios alcançados. Parece razoável, perante toda esta evidência, planear, viabilizando programas de auto-gestão da doença com objectivos coerentes, bem definidos e exequíveis, treinar pessoal para a “formação” do utente e recorrer aos dispositivos de controle adequados. A educação para a auto-gestão da doença crónica poderá assumir-se como uma parte integrante e essencial de cuidados de saúde de qualidade.Williams & Wilkins (June 2003).
Resumos Relacionados
- Yeld Management Ou Gestão Das Receitas
- Mega Arquivo » Globo Ciência
- Saques Em Saúde
- Obesidade: Riscos Para A Saude
- Custos Da Não-manutenção
|
|