O Patrão e seu empregado
(Arimar Vieira da Costa)
O patrão e seu empregado
Como todos os dias, o patrão; Sr Rudolph; é o primeiro a chegar em sua empresa e também o último a ir embora. Mas, aquele dia parecia ser um pouco diferente dos demais. Ao chegar na portaria da empresa dirige-se ao porteiro; Sr josé de Souza; que trabalhava em sua empresa há vários anos e cumprimenta-o:
_ Bom dia "seo" José, como está o sr?
O funcionário, assusta-se, pois não era costume do patrão conversar Com funcionário nenhum, entretanto responde-lhe:
_ Bom dia patrão, estou bem e o sr?
Rudolph, muito sério, continua a conversa: _ Eu sei que é estranho, parar aqui e dialogar contigo, mas me deu vontade. Gostaria de saber o que o sr acha de nossa empresa, se está contente com o trabalho, e o que me diz do país em que vivemos.
"Seo"José, meio atrapalhado, gagueja, no entanto responde-lhe:
_ Ë, patrão, trabalho na sua empresa há vários anos, estou contente, sim. E quanto ao país, parece que as coisas não estão muito bem não, né?
Rudolph, coça a cabeça, franze a testa, olhando para aquele humilde funcionário e continua:
_ O sr deve ter visto em reportagens, os desvios de nossos parlamentares,que Sào grandes os volumes de dinheiro desviado, sem que ninguém seja punido e tenha que devolver o que roubou, é justo "seo" José? Há várias investigações, com muitas provas, que acabam fazendo do povo e de instituições respeitosas verdadeiros "palhaços", desmentindo-os vergonhosamente, brigando com imagens e documentos através de advogados caríssimos e juizes corruptos.
O velho, ainda assustado e não entendendo o porquê daquela conversa, responde-lhe:
_ Não é justo, porém nós não podemos fazer nada, eles são muito poderosos!
O patrão olha para um lado e outro e insiste:
_ Até poderiam, mas o povo é muito desunido, uns que conseguem um mínimo de conforto, já se julgam parte da elite e passam a pensar como nossos digníssimos representantes, que coorporativamente defendem-se dos crimes mais hediondos, como se nada fosse. Há vários criminosos que nunca são presos, pois pertencem à famílias de renome ou poder aquisitivo grande, compram autoridades nos mais variados escalões, e quem ousar enfrentá-los; tanto autoridades quanto marginais; correm altíssimo risco de morte.
O humilde funcionário, apenas observa atentamente o patrão, que ainda não havia terminado seu comentário:
_ Nosso país, infelizmente, não prende grandes infratores, só os pobres estão sujeitos as penas da lei e digo mais, somos mais de cinco mil municípios, de norte a sul, se somados os roubos ou como eles dizem "desvios", ultrapassa a casa dos 'TRILHÕES', por mandato, dinheiro esse que daria para resolver o problema do país todo e ainda para ajudar outros mais pobres, que também têm o mesmo problema que nós, no entanto esses países também enfrentam tais coorporativismos.
"Seo José, fica emudecido por alguns minutos e retruca:
_ Mas patrão, como nós, tão pequenos poderíamos enfrentar homens tão poderosos, fica difícil alguém tomar alguma atitude. Ninguém quer ser o primeiro, e como o sr disse não há união, vou lhe dar um exemplo: Um vizinho meu comprou um carro, desses populares, em pagamentos a perder de vista e não conversa mais com os conhecidos de muitos anos, já está se julgando rico!!! Perto de casa, nos fins de semana, ficávamos tomando umas cervejinhas e jogando conversa fora, entretanto depois que ele comprou esse carrinho, passou a frequentar outros bares em outros bairros.
O patrão, olha-o de cima a baixo e com tristeza e dá-lhe a notícia:
- Bem, "seo"José, não parei aqui por acaso, tinha algo a lhe dizer e é com tristeza que sou obrigado a fazê-lo. Veja aquela viatura de polícia que está se aproximando. Eles estão aqui a meu chamado. Vieram para levar um funcionário que trabalhou para mim durante vários anos e por necessidade ou mau costume furtou um produto de minha empresa. Esse funcionário me deu um prejuízo de pouco mais de "trinta reais", ele foi flagrado pelas cameras e terá seus anos de trabalho perdido, será demitido por justa causa e sairá daqui algemado para o distrito policial, correndo imenso risco de ficar preso, durante muito tempo. Infelizmente essa pessoa é o sr, "Seo José".
O coitado do "seo"José, fica atônito e balbucia:
_ Pôxa patrão, trabalho com o sr desde que cheguei nesta cidade e tenho sido um bom funcionário, se fiz algo que o sr reprove, perdoe-me, cobre pelo prejuízo, mas não me demita. Eu preciso demais deste trabalho. Minha família depende destes trocados que aqui ganho, apesar de não ser muito, ainda assim dá para um sustento controlado deles todos.
Nisso Rudolph dirige-se ao encontro da viatura, sem dar ouvidos ao "seo"José, acompanhando os policiais naquela tarefa após narrar os fatos.
Os policiais efetuam a prisão de "seo"José, que nem reage e entra cabisbaixo na viatura.
Quando a viatura ia se retirando, Rudolph ainda diz ao "seo"José: _ É, meu caro, estou apenas seguindo as leis do país. Arimar Vieira da Costa
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