O MATUTO ASSUSTADO
(Arimar Vieira da Costa)
O MATUTO ASSUSTADO
Fui morá na cidadeTrabaiá, tenta juntá dinheiroPa mor di comprá umas terrinhaPrantá, criar gado, uns porcoI quem sabe até galinhaFui sonhando nu caminhoPur mais di vinte hora di viageMeu primo foi mi buscáI eu fiquei assustadoCu’a figura qui apariceuU primo tinha brinco pa todo ladoNu zóio, na oreia, na linguaTava nu’a roupa tão esquisitaUm parmo di cueca pa foraI uma camisola grande pur ribaAs carça curta, arquinho qui nem moçaI cuns palavreado engraçadoUns cordão nu pescoçoUnha pintada, purseira cheia di pontasUs cabelo grande i pintadoU sapato colorido, desatadoOia sô! Parecia mais um viadoI nois fumo pa casa deleMeu tio tava mi esperando I eu com vergonha du seu ladoNu caminho ia disfarçandoQuando cheguemo na casaU tio veio mi cumprimentáCum bafo di cachaça, moçoTava duro di aguentáJantemo, prozeamo bastanteFumo dormi, mi alevantei assustadoFoi tanto tiro qui ouviQui parecia uma guerraTinham matado um moço Qui morava aqui du ladoDi madrugada chega a primaCum moço estranho agarradoAs carcinha aparecendoI cum brincão nu umbigo_Primo! Esse é meu namorado!I Cum ele foi pru quartoQue farta de respeito dos diabo!Nem dormi quasi nadaMe alevantei cedo i fui nu barPa mor di compra uns pãoPrum café nóis tomarTinha outro morto na carçadaCrédo in cruiz ! Deus mi livre !Isto aqui é vida pa loucoVortei correndo pa casa du tioTratá di arrumá us meus tremMoço, cidade grande é um lixoVô vorta po meu sertãoAs hora passa devagarAs pessoa si respeitaNum tem esse baruiãoAs pessoa morre di véioÔ cum pobrema di saúdeAqui si morre atoaUs fio num respeita os paiUs moço parece moçaI as moça parece bichoArimar Vieira da Costa
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