Guerra no Coração do Cerrado
(Maria José Silveira)
Damiana da Cunha foi uma índia criada por brancos, que serviu de intermediária nos incontáveis conflitos entre seu povo e os portugueses na Vila Boa (Cidade de Goiás), do século 18. É a história desta personagem da história de Goiás que Maria José Silveira conta em Guerra no Coração do Cerrado. O livro, escrito como um romance, fala da tentativa de Damiana da Cunha em fazer com que duas forças culturais em conflito pudessem viver em paz, da ambigüidade da personagem, da questão da impossibilidade da conversão e, sobretudo, da guerra de extermínio de povos indígenas.
Antropóloga e mestre em Ciências Políticas, Maria José Silveira - autora de romances, contos e livros infanto-juvenis, tradutora e editora com passagens por jornais e agências de publicidade - veio a Goiás buscar uma personagem de muita força para presentear o público com um romance histórico que conta histórias de uma protagonista da história, escrito com talento, simplicidade e beleza. Impossível não se render à sensibilidade da autora para encontrar a história certa e transformá-la em um livro gostoso de se ler.
No livro, Dom Luiz da Cunha Menezes, governador da Capitania de Goyaz na época em que Damiana nasceu, viu na adoção da menina uma estratégia para subjugar os caiapós, uma das tribos mais rebeldes da região. Damiana era órfã e neta do grande cacique Angraíocha. Dom Luiz transformou a criança num símbolo da possibilidade de convivência pacífica entre brancos e índios. Convenceu o cacique de que Damiana teria um lar melhor no palácio do governo, onde poderia mostrar aos brancos o valor do povo indígena.
O acordo entre governador e cacique era ardiloso de ambas as partes. Dom Luiz queria mostrar que um índio poderia ser civilizado. O cacique pretendia usar a menina índia como espiã, para que aprendesse tudo sobre o inimigo e, no futuro, pudesse ajudar sua tribo na luta contra o povo que dominava sua terra. Com este cenário, Maria José Silveira construiu um romance a partir da história. Ela usou a imaginação para tentar entender o que se passaria na cabeça e na trajetória de Damiana, uma criança inocente cujo futuro seria transformado radicalmente ao ser usada como instrumento entre dois opositores num conflito histórico. Na bibliografia consultada pela autora, três livros trazem Damiana como assunto, mas dentro do aspecto histórico de sua atuação como mediadora na guerra entre índios e brancos. Maria José preferiu fazer seu relato de forma literária, transformando história em ficção, pois seria a única maneira de entrar no mundo interno de Damiana, já que a heroína não deixou o relato de sua jornada
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