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A arte de cuidar
(Leonardo Boff)

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A terra ganha especial importância e surge reivindicando sua mais alta ancestralidade. Em todas as culturas, a terra constitui um dos mitos centrais, e, recebe muitos nomes.
O mito de Saturno é um dos mais complexos da mitologia antiga. Seu nome vem de semear e plantar, e interferia sobre a agricultura. O ser humano é simultaneamente, utópico e histórico-temporal. Nele se revela o peso da terra, da imanência, do ciscar da galinha. É pelo cuidado que ele mantêm essas polaridades unidas e faz delas material da construção de sua existência no mundo e na história. Por isso o cuidado é cuidado essencial.
O ser humano revelou a intuição segura de: pertencemos à Terra; somos filhos e filhas da Terra. Viemos da Terra e a ela voltaremos.
Ser terra significa que temos elementos Terra no corpo, no sangue, no coração, na mente, no espírito. A terra representa o feminino. Ser terra é ser concreto, configura o nosso limite, é perceber-se dentro de uma complexa comunidade.
O céu é constituído por tudo aquilo que está acima de nossas cabeças, excede nossas capacidades, transcede nossas possibilidade.
O ser humano e a sociedade não podem viver sem uma utopia. Não podem deixar de projetar seus melhores sonhos nem desistir de buscá-los dia após dia.
É na história construída na força da utopia, que se elabora a síntese entre as exigências da terra e os imperativos do céu.
O cuidado acompanha o ser humano enquanto peregrinar pelo tempo. O cuidado é o caminho histórico-utópico da síntese possível à nossa finitude. Por isso é o ethos fundamentalmente, a chave decifradora do humano e de suas virtualidades.
Não temos cuidado. Somos cuidado. Isso significa que o cuidado possui uma dimensão ontológica que entra na constituição do ser humano. Importa colocar cuidado em tudo. Este é o modo de ser que resgata a nossa humanidade mais essencial.
Amor é um fenômeno biológico e cósmico. Ao chegar ao nível humano, ele se revela como a grande força da agregação, de simpatia, de solidariedade.
Para o ser humano importa desenvolver uma atitude atenta de escuta, um sentimento profundo de identificação com a natureza, com suas mudanças e estabilidades.
Sentimo-nos hóspedes nesta Terra, hospedes respeitosos do hospedeiro Terra, e deixamos a Casa Comum sempre em ordem para outros hospedes que vierem depois de nós.
A ternura vital é sinônimo do cuidado essencial, vai além da razão, vê fundo e estabelece comunhão, é o cuidado sem obsessão, não envolve angústia porque é livre de busca de vantagens e de dominação.
A carícia constitui uma das expressões máximas do cuidado, é essencial quando se transforma numa atitude, num modo de ser que qualifica a pessoa em toda a sua totalidade, nasce do centro confere repouso, integração e confiança, daí o sentido de afago, é leve como um entreabrir suave de portas.
Nosso planeta merece um cuidado todo especial, temos unicamente ele para viver e para morar e para cuidar, devemos passar por uma alfabetização ecológica e rever nossos hábitos de consumo. Importa desenvolver uma ética do cuidado. O que vale para o indivíduo vale também para a comunidade local. Esse cuidado com o nicho ecológico só será efetivado se houver um processo coletivo de educação, em que a maioria participe, tenha acesso à informações e faça troca de saberes.
A sociedade sustentável produz o suficiente para si e para os seres dos ecossistemas onde ela se situa. Na pratica deve mostrar-se capaz de assumir novos hábitos e de projetar um tipo de desenvolvimento que cultive o cuidado com os equilíbrios ecológicos e funcione dentro dos limites impostos pela natureza. Não se trata simplesmente de não consumir, mas de consumir com responsabilidades.
Cuidar do outro exige inventar relações que propiciem a manifestação das diferenças não mais entendidas como desigualdades, mas como riqueza da única e complexa substância humana.
Cuidar do corpo é prestar atenção ao sopro que o anima. O corpo vivo é subjetividade. Junto com a vida do corpo se realizam os vários níveis de consciência. O ser humano é portador de liberdade e de responsabilidade.
Cuidar do espírito significa cuidar da espiritualidade experienciando Deus em tudo e permitindo seu permanente nascer e renascer no coração.
O sentido que damos à vida depende do sentido que damos à morte. Se a morte é fim-derradeiro, então de pouco valem tantas lutas, empenho e sacrificio.
O excesso de cuidado gera a obsessão, e, a carência do cuidado gera o descuido.
Como modelos de cuidado temos: mães e avós, Jesus, Francisco de Assis, Madre Tereza de Calcutá, Irmão Antônio, Manhatma Gandhi, Olenka e Tânia, O profeta do princípio Gentileza , o Feng Shui.
O cuidado dá ao ser humano forças para buscar a paz, sem o cuidado que resgata a humanidade, não se inaugura um novo paradigma de convivência, é esse cuidado que resgata aqueles em situação de exclusão. Para o ser humano o cuidado é anterior ao espírito e ao corpo, sem esse cuidado o se humano se faria inumano, definharia e morreria.
Não busquemos o caminho da cura fora do ser humano. O cuidado salvará a vida, fará justiça ao empobrecido e resgatará a Terra como pátria e mátria de todos.



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