Voluntariado de Psicólogos
(Ana Rita Dias)
Devido às dificuldades de implementação no mercado de trabalho, muitos psicólogos fazem voluntariado nas mais diversas instituições. É compreensível que após meses ou mesmo anos de procura, a saturação e a vontade de trabalhar na área levem ao trabalho gratuito de profissionais especializados. No entanto, esta é uma bola de neve que teima em crescer, e precisamos de tomar consciência de que os principais responsáveis pelas suas consequências somos nós mesmos - os psicólogos. Cada voluntário está a retirar um possível local de trabalho, sob a expectativa de que mais tarde ou mais cedo uma luz ao fundo do túnel surgirá. Sabemos que isso não é verdade, e deparamo-nos constantemente com voluntários que após meses ou mesmo anos de serviço, são rapidamente substituídos por outro profissional que entretanto aparece (não sabemos bem de onde), na eventualidade de colocação. Mesmo que um em muitos tenha a sorte de ficar, não justifica os danos que isto causa. Se nos sujeitarmos, qualquer instituição prefere não pagar, portanto o fundamental é recusarmo-nos firmemente a ocupar essa posição. Já há quem quase "mendigue" um lugar como voluntário, chegando-se ao ponto de pagar para poder trabalhar, como é o caso do HSM. Como podemos chegar a este ponto? Querer trabalhar na área não é razão para mantermos esta situação, e como se costuma dizer: "os fins não justificam os meios". Há outras formas manter a "chama" da psicologia acesa, com formações, investigação ou desenvolvimento de projectos. Até lá, trabalhos paralelos podem financiar todo esse investimento e mais tarde ou mais cedo o fundamental é acreditar que um lugar surgirá. Uma coisa é certa: se todos os psicólogos voluntários deixassem os locais de trabalho, as instituições teriam obrigatoriamente de contratar. Imaginem as dezenas de psicólogos voluntários do Júlio de Matos a deixarem de comparecer...seria o caos. Se o médico, o enfermeiro, a empregada de limpeza ou o segurança são necessários para o funcionamento quotidiano, e são pagos, porque razão não acreditam que voçês também merecem ser? O nosso trabalho tem vindo a ser cada vez mais valorizado, mas não vamos esperar que façam o resto por nós...porque o estado da psicologia em Portugal, são os psicólogos que o fazem. A própria população é prejudicada com esta situação, porque a motivação de um profissional que não tem perspectivas de carreira é dificil de manter. Inevitavelmente o investimento na relação com o Outro vai diminuindo, e não podemos passar a mensagem que psicologia é caridade. Isto retira-nos credibilização e a interiorização de que um psicólogo é um profissional com o mesmo valor de outro qualquer, que tem a sua própria área de intervenção.
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