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O IHGB como lugar social.
(Miss Emery)

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Partindo da premissa que a história é uma interpretação feita por alguém inserido no tempo e no espaço, e, que o passado só é reconstruído através de questões do presente, deve-se pensar a escrita da história através do lugar social em que esta é produzida, percebendo, assim, os procedimentos e o contexto que baliza a sua operação historiográfica. Ao compreender que a instituição social se relaciona com o saber, com a prática metodológica e com a legitimação do discurso, o historiador percebe o complexo processo de fala e latência, implícitos na escrita histórica, que expressa a parcialidade do discurso. É nesta conjuntura que se insere a produção do IHGB, instituição arraigada no círculo de poder, que tem como função o uso do passado para questões políticas do presente. Ligado à monarquia, este instituto pesquisou a gênese da nação brasileira, para assim, estruturar as bases do recente Estado nacional. Concebendo a história através de moldes oitocentistas, o IHGB exibe distintas etapas através de suas preocupações, que são a busca e a coleta de fontes, e, a capacitação de membros através de suas relações sociais. Em sua fase inicial, o IHGB procurou centralizar a escrita para difundir a história nacional, integrar as diferentes regiões, criar uma identidade cultural, e, principalmente, arquitetar um projeto de civilização para nação. É nesta etapa que se encontra o trabalho de von Martius, Como se deve escrever a História do Brasil, de caráter mais pragmático, que consegue mesclar o projeto civilizador e a grande especificidade da identidade nacional, que é a miscigenação. Ao abordar esta temática, Martius silencia a escravidão; dá algum sentido de civilidade ao indígena; liga o Brasil à história universal através do comércio; dá unidade a diversidade; e, principalmente, confere à monarquia a faceta de grande agente civilizadora. Chegando a segunda fase, consagrada pela profissionalização de seus membros, Varnhagen aparece com seu trabalho A história geral do Brasil, que é uma resposta a incorporação do indígena a história nacional. Por sua vez, esta obra traduz o índio para os critérios europeus, desprovendo-o de qualquer traço civilidade através da comparação destes com a barbárie, validando o português como verdadeiro dono da terra. A partir de então Varnhagen se torna referência para os estudos historiográficos por fazer a primeira grande obra de síntese da história do Brasil; evidenciar através de sua escrita a discussão historiográfica que expõe o “como se deve fazer a história”, tensão pertinente ao século XIX; demonstrar um alto rigor metodológico; criar as bases para os lugares de memória; e, exibir a chegada dos portugueses – leia-se também a monarquia – como base para a história nacional. Decorrendo da transição de fase entre o IHGB e a Universidade, o nome vigente é o de Capistrano de Abreu, que fez a obra Os capítulos de história colonial, contrastando o sertão e litoral brasileiro. Em seu estudo pode-se perceber a influência da sociologia alemã, através da percepção de sociedade enquanto organismo; a etnografia, ao mostrar os antecedentes indígenas – é dos índios que ele inicia a história brasileira; o meio ambiente como formador da nacionalidade, pois, para ele, a formação se apresenta no interior. A grande importância de Capistrano não está exatamente em sua obra, mas na influência exercida nos intelectuais de sua época. Por sua vez, Capistrano faz críticas incisivas a Varnhagen, por este agir de forma político-ideológica, ao legitimar a monarquia, e, pela sua a incapacidade de síntese por falta de instrumental sociológico. Contudo, elogia a pesquisa documental feita por Varnhagen.



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