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Um conto de fadas e a psicologia do idoso Era uma vez um rei bondoso e uma bela rainha que tiveram uma filha linda que tinha a pele tão branca como a neve, os lábios tão vermelhos quanto o sangue e os cabelos tão negros como o ébano. Deram a ela o estranho nome de Branca de Neve. No dia do nascimento da menina uma tragédia aconteceu: a rainha adoeceu e morreu. O rei, ainda jovem, casou-se com uma outra mulher, cujo nome se desconhece, mas sabe-se que sua segunda esposa era tão linda quanto a sua primeira mulher e que seria agora a madrasta de Branca de Neve. E por falta de um nome as crianças costumam chamá-la da Madrasta mesmo. . Alguns anos mais tarde o rei também morreu. Dezesseis anos se passaram desde que a Madrasta havia chegado e Branca de Neve tornara-se uma moça belíssima. O que muita gente esquece é que naquele tempo, aos dezesseis anos, uma menina já estava em idade de se casar. Então, quando a Madrasta se perguntou diante do espelho mágico: “Espelho, espelho meu... há neste reino alguém mais bela do que eu?”, qual não foi a sua surpresa quando o espelho lhe deu uma resposta diferente da habitual: “Sim, majestade, Branca de Neve é a mais bela do reino agora!”. Apavorada a Madrasta chama o seu mais valente caçador e manda-o levar a sua enteada para o meio da floresta, dá ordens para que ele a mate e pede como prova o coração da menina. Mal sabia a rainha que Branca de Neve era uma mulher tão bela que conseguiu seduzir o caçador saindo ilesa da armadilha. Depois o que aconteceu a Branca de Neve todos sabemos há muito tempo... Quando a rainha se convence da morte de sua enteada, fraudada pelo caçador, esta jovem senhora procura novamente o seu espelho mágico que continua a lhe responder: “Branca de Neve é a mais bela do reino” De raiva esta senhora que não conseguiu aceitar bem o seu envelhecimento quebra o espelho, fica louca e morre. O conceito de “espelho quebrado” é utilizado na psicanálise para designar o momento em que os modelos com os quais uma pessoa se identifica desaparecem e, assim, a pessoa não vê mais sentido em estar viva. Tais modelos podem ser amigos, parentes, companheiros com os quais a pessoa estabelece uma relação verdadeira de troca afetiva, de troca de conhecimentos e se sente alguém realmente importante. São pessoas nas quais ela se espelha e para as quais quer espelhar alguma coisa. Geralmente na idade avançada algumas pessoas se dão conta de que perderam relações importantes que lhes faziam sentir vivas por dentro. Estas pessoas podem se sentir como que postas de lado ou por circunstâncias da vida, ou pela falta de tempo dos familiares, ou por acreditarem que não podem mais aprender e nem ensinar nada, ou seja, elas se sentem incapazes de desejar e de ser desejadas por outros. As alternativas são muitas: algumas destas pessoas hostilizam os mais jovens, como a Madrasta fez com Branca de Neve, outros podem não querer mais se ligar afetivamente a uma outra pessoa porque a sua perda seria insuportável para elas, como se já não bastasse a ela as perdas já sofridas até então. Em outras ocasiões a dor da perda de relacionamentos próximos é tão grande para o idoso que não resta outra saída senão a loucura ou o desejo inconsciente da morte. As histórias infantis servem de modelos para as nossas crianças que desde cedo aprendem que a madrasta da Branca de Neve é má. Por que? Só porque desejava ser desejada pelos outros? E não é isso que todos nós queremos? O que seria de uma pessoa qualquer, boa ou má, feia ou bonita, gorda ou magra, que fosse esquecida porque há alguém mais bonita, mais interessante e mais atraente do que ela? Certamente o fim desta pessoa não seria mais belo do que o da terrível madrasta da história. Contar as histórias em que velhos são esquecidos numa bela casinha na floresta e esperam doentes pela netinha, ou em que não são convidados para as maravilhosas festas nos castelos a ponto de rogarem pragas terríveis às gerações futuras, ou ainda em que estão morrendo de fome em casinhas doces é apenas reproduzir para as nossas crianças aquilo que acontece na realidade, basta lermos os jornais para sabermos das crueldades dirigidas aos idosos diariamente. Talvez todas estas terríveis histórias precisem ser contadas como elas são, não enquanto reprodutoras do que acontece na realidade, mas como possibilidade de refletir sobre o bem e o mal nos contos de fadas. Quantas casinhas não são doces por fora e cruéis por dentro? Quantas vovozinhas não são confinadas em asilos longe de casa por estarem doentes, preferindo ser devoradas pelos lobos a dependerem de caridade alheia? Será que se eu não fosse esquecida de ser convidada para uma festa em um castelo, na qual todo o reino tivesse sido convidado pessoalmente, eu também não ficaria furiosa? Afinal, quem é cruel nos contos de fadas? Talvez assim, possamos pensar melhor sobre os velhos que seremos um dia. Fabiana H. Kurbhi Psicóloga



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