Planejamento Estratégico - Considerações e Indicações Metodológicas
(Claudio Firmo Rodrigues)
1) Considerações sobre as experiências de planejamento A importância do planejamento como ferramenta decisiva do desenvolvimento institucional encontra hoje amplo reconhecimento, seja no âmbito empresarial ou entre organizações governamentais e entidades da sociedade civil. Pensar o futuro, avaliar o contexto no qual atua, avaliar os recursos escassos de que dispõe e decidir sobre as melhores alternativas de como mobilizar e direcionar estes recursos significa uma considerável ampliação da capacidade das instituições em alcançar os seus objetivos, de forma consistente e sustentável. No entanto, se o uso do planejamento torna-se cada vez mais disseminado e consensual, permanecem importantes diferenciações sobre a avaliação dos resultados alcançados por processos de planejamento concretos. Com efeito, o acervo recente na área de planejamento registra, ao lado de numerosas experiências bem sucedidas, a existência de diversos casos em que os resultados obtidos ficaram muito atrás das expectativas dos seus protagonistas. Não são raras situações em que planos elaborados no curso de prolongadas e dispendiosas oficinas de planejamento são rapidamente destinados aos arquivos ou transformados em ¨ornamentos de parede¨, sem jamais terem sido incorporados à cultura e à prática das instituições. Dessa forma torna-se necessário indagar quais seriam os fatores que condicionariam o maior ou menor êxito das atividades de planejamento e como seria possível otimizar o retorno do investimento realizado nessas atividades. As experiências de implementação de planejamento estratégico, principalmente no ambiente do estado e do terceiro setor, têm revelado que os principais condicionantes do sucesso ou do fracasso destas iniciativas residem principalmente na qualidade do processo nas quais se inserem. Sinteticamente, esta qualidade está referida principalmente a: • O modo como os atores são previamente sensibilizados e mobilizados por preocupações comuns e dispostos a debaterem conjuntamente formas de enfrentamento de situações-problema; • A qualidade da relação entre o conjunto de atores que planeja; • O grau de consciência das potencialidades e debilidades que o grupo que planeja possui; • A maior ou menor percepção das condições que sustentam e condicionam a viabilidade das ações planejadas; • A vontade política para a implementação e a existência de mecanismos que monitoram tanto o plano quanto os elementos contextuais que lhe deram origem. Partindo dessas premissas, a atuaçào do NAPP na área de planejamento tem buscado priorizar a qualidade do processo de planejamento através da sua adequação às condições institucionais locais. Essa postura implica em substituir a ênfase unilateral na lógica e coerência interna dos modelos de planejamento, por uma abordagem mais sistêmica que busca incorporar as diversas dimensões que se interrelacionam no processo de planejamento. Isto significa pensar o planejamento estratégico i) como um processo bidirecional, que por um lado, orienta-se a partir das dinâmicas institucionais específicas e por outro, busca intervir junto a essas dinâmicas, ii) como uma sequência articulada de ações, na qual os momentos anteriores e posteriores às oficinas de planejamento assumem um papel decisivo na determinação da qualidade do processo. 2) Etapas do Planejamento Estratégico A implementação dessa visão de planejamento estratégico não se constitui numa tarefa fácil, principalmente se considerarmos as diversidades dos contextos nos quais o planejamento pode ser desenvolvido. Ainda assim, a partir das experiências desenvolvidas pelo NAPP, foi possível chegar-se a uma estrutura básica dos processos de planejamento estratégico, que, aplicada de forma flexível e customizada, pode viabilizar a concepção de planejamento esboçada acima. Essa estrutura compreende seis momentos básicos: Sensibilização e mobilização de atores: Orientações de passos sobre quem sensibilizar, como e com que propostas. Essa etapa assume particular importância no caso de instituições aonde não existe uma cultura de planejamento e deve ajudar a esclarecer o efeito potencialmente positivo das ações de planejamento no cotidiano de trabalho dos atores envolvidos. Diagnóstico prévio: A partir de roteiro e ferramentas simples, identificar e sistematizar problemas percebidos, atores, experiência, políticas e concidicionantes existentes, identificação das linhas de ação já existentes e recursos e projetos em andamento. Tal diagnóstico tanto produz informações a serem trabalhadas/processadas na fase seguinte das oficinas como orienta o desenho e a seleção dos instrumentos, técnicas e ferramentas para as mesmas. Os resultados desta fase orientam os consultores/moderadores a definir as ênfases que devem ser dadas aos vários momentos da oficina e a selecionar as técnicas e instrumentos mais adequados, face às características do público. Oficinas: Organizadas em 8 momentos, sob a forma modular, isto é, podendo assumir pesos diferenciados segundo cada localidade/realidade.
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