Resenha “O direito à literatura” - Antonio Candido
(Aline Maria)
Antonio Cândido é escritor, ensaísta e professor universitário, também considerado o mais importante crítico literário brasileiro. De suas obras de crítica literária, a mais importante é Formação da Literatura Brasileira (Momentos Decisivos) , de 1959. Como ensaio sociológico, é considerado clássico seu estudo sobre o caipira paulista e sua transformação, Os Parceiros do Rio Bonito (1964). No texto “O direito à literatura”, com linguagem simples e direta, o autor faz uma aproximação entre direitos humanos e literatura. Segundo Candido, direitos humanos é aceitar que aquilo que é indispensável para mim, também o é para meu próximo. E não só direitos fundamentais como alimentação, água, moradia, emprego; também ter acesso a uma boa música e a uma literatura de qualidade. Seguindo por esse caminho, o autor expõe a desigualdade social como sendo uma das principais dificuldades em se exercitar os direitos humanos no país. Poucos têm acesso a obras clássicas, porém isso não quer dizer que não a queiram em suas vidas, mas sim, que são privadas pelo sistema de as conhecerem. Nos bancos escolares muito pouco é oferecido, e quando o é, se faz em fases erradas, ou de forma a desestimular a leitura, por obrigação e não por gosto. As pessoas em sua grande parte, passam pela vida sem nunca terem tido contato com o mundo da literatura, sem se identificarem com essa ou aquela personagem. É até estranho pensar que nunca se depararam com os devaneios de Emma Bovary, com a encenação de Juliana de “O Primo Basílio”. Todos temos sede do fantástico, e como não nos deixarmos enredar pelas maravilhas da literatura? É um deixar-se morrer, estando vivo. Candido faz muitas considerações sobre o assunto, com certo tom socialista em algumas vezes, mas sempre pregando a igualdade de condições para se conhecer a “literatura”. O autor inclusive mostra o papel importante que esta tem quanto a responsabilidade social, já que por meio dela muito se conseguiu, e muito se denunciou. Cita escritores e obras famosas como: “Os miseráveis” – Victor Hugo, “Oliver Twist” – Charles Dickens e Emile Zola. Durante a leitura do texto, vamos nos deixando levar pela escrita do autor e vemos que ele tem razão, pois deixar a grande maioria da população brasileira sem contato com o mundo literário, é o mesmo que tirar a esperança de alguém. Ficar sem conhecimento de mundo, de lugares que não sabemos se iremos visitar realmente, é de causar um profundo pesar. Com certeza as pessoas não querem só comida, querem conhecimento, verdade, alegria.Querem olhar as coisas com seus próprios olhos e não pela ótica dos governantes. Isso só se consegue com a abertura de pensamento e através da literatura. Ali se conhece um mundo onde tudo acontece, não só o bar da esquina, mas também o Louvre as pirâmides, Napoleão Bonaparte. Parece utopia, mas se os poderosos voltassem os olhos para o povo, viriam que o saber só melhora. Contudo, porque saber se são os dedos que votam! A mente só serve para decorar o número do candidato, e mais nada. Verdade dolorida, porém, verdade. O poeta Vinícius de Moraes, certa vez disse que “beleza é fundamental” talvez para o protótipo de ser humano que temos hoje, até o seja. Mas literatura... é essencial.
Resumos Relacionados
- Formação Da Literatura Brasileira
- Sílvio Castro - Vida E Obra
- O Caráter Social Da Ficção No Brasil
- Paradoxo: Quer Odiar Literatura? Estude Letras
- Literatura
|
|