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ÚLTIMAS HORAS DE UM CÃO.
(VICENTE LUGOBONI.)

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Hoje eles me apanharam. Não tive como fugir! Eles eram três e eu apenas um... E vinham com redes, focinheiras e laçadeiras. Cercaram-me por todos os lados. Até tentei escapar, mas caí no emaranhado das redes e eles me içaram com um enforcador pelo pescoço e me atiraram sem dó no camburão. Lá dentro, mais três companheiros de infortúnio. Apesar do lugar escuro, eu os reconheci, pelo olfato, meus companheiros da praça da matriz. Eu tremia tanto que minhas pernas bambeavam e eu não conseguia ficar em pé. Fiquei até com vergonha porque me urinei de medo e os homens da carrocinha caçoaram de mim por estar todo sujo. Por que, meu Deus, eu não sou como aqueles cães que têm dono e que costumam passear com eles orgulhosamente? Eles parecem tão saudáveis e felizes, limpinhos, com o pêlo escovado e sempre recebendo afagos das crianças. São quase todos de raça e valem muito dinheiro. Ao contrario de mim, pobre vira-lata, que por não ter raça, fui jogado na rua com meus irmãos. Nem sei o destino deles, pois cada um foi para um lado. Eu fiquei pela praça mesmo porque uns caras legais me viram, gostaram de mim e me traziam restos de comida de vez em quando. Água eu arranjava por aí, nas poças de chuva, no chafariz ou quando alguém lavava a calçada. Mas tinha que ficar sempre atento para não tomar água quando vinha com sabão, pois a garganta ardia e depois minha barriga ficava doendo. Mas eu levava uma vida boa, era livre e queria viver. Agora me levam para não sei onde. Tenho um pressentimento de que não é nada interessante o lugar onde estão me levando. Abriram a porta e jogaram por cima de mim mais um pobre coitado que vivia nas ruas. É uma cadelinha muito assustada, e está prenha, quase na hora de ter os filhotes. Que situação, pobrezinha... Tento acalmá-la, mas ela choraminga muito. Chegamos... Empurram-nos para compartimentos separados e nos colocam focinheiras. O local dá calafrios, é úmido, e tem um cheiro insuportável de fezes, sangue e desinfetante. Um homem vestido de branco chega, faz um carinho em minha cabeça. Será que vai me adotar? Faço um esforço e olho para ele com olhar "pidão" - dizem que isso dá certo - e agito a cauda para que ele goste de mim e me leve bem depressa desse lugar mal cheiroso. Suas mãos estão enluvadas e aproximam-se com uma seringa. Um líquido amarelado e viscoso é injetado em minha veia. Tomara que sejam vitaminas. Estou um pouco fraco, sim, e gostaria de ficar mais forte para correr e brincar, afinal, sou jovem e tenho uma vida inteira pela frente. Por que me fizeram dormir? Por que me dão outra injeção agora? Não estou enxergando nada com os olhos do meu corpo, mas consigo ter uma noção nítida de tudo o que está acontecendo ao meu redor. Acho que meu espírito libertou-se daquele corpinho maltratado porque consigo vê-lo ali, deitado e ainda amarrado e com a focinheira, mas completamente imóvel. O homem de branco, que não quis me adotar, acende uma lanterna direto em minhas pupilas para ver se reajo à luz. Não, não existe mais vida naquele corpinho... Por que fizeram isso comigo? Que mal fiz?Visitem meu site: www.vidassemlimites.com.br



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