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A EXCLUSÃO CULTURAL DOS JOVENS NO BRASIL
(PERICLES BARBOSA)

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A importância que a dimensão da cultura e do lazer tem na vida dos jovens– ratificada por sua proeminência entre os assuntos que mais lhes interessam-já ficara nítida na observação de que se divertir, curtir a vida, viver a sociabilidade com os amigos e fruir de diferentes formas de lazer e de produtos da cultura de massas aparecem como os elementos que mais fortemente definem a condição juvenil. Mas como se dá a relação dos jovens com esses campos?
Nas respostas sobre o que fazem no seu tempo livre, ressalta-se a predominância de atividades de diversão, de passeio, de fruição de bens da indústria cultural e dos meios de comunicação de massa, em contraste com baixíssimos graus de fruição de formas de cultura erudita ou não industrializada (como museus, teatro, exposições de fotografia, espetáculos de dança etc.).
A primeira impressão que se tem, portanto, quando se observa o modo como os jovens usam o tempo livre vem reforçar idéias correntes sobre a “miséria cultural” da juventude, que até já ganhou o título de “geração shopping center”, como uma geração guiada antes de tudo pelo consumismo e pelo modismo, escravizada pela TV, com uma relação extremamente passiva das formas de cultura das quais por acaso se aproxima. Esta pesquisa não permite conferir até que ponto os jovens se diferenciam dos adultos nessa postura, ou apenas reproduzem o padrão adulto (como é nossa hipótese), hoje predominante no Brasil.
São as atividades que se montam no cruzamento dos campos da diversão, da cultura e do esporte, que ocupam a maior parte das horas livres dos jovens, tanto durante a semana como nos fins de semana. Pelas respostas espontâneas às perguntas sobre o que fazem com mais freqüência nas horas livres, vemos que fruir TV ou rádio é, durante a semana, a atividade mais referida pela maioria dos jovens (57%), assim como ouvir música (37%). Já nos fins de semana, as horas livres são ocupadas com atividades fora de casa (embora TV e rádio, assim como ouvir música, continuem presentes, 27% e 18%, respectivamente): “sair com amigos” (29%), “ir a danceterias ou a shows” (25%), “jogar futebol ou vôlei” (21%), “passear” (19%), “namorar” (20%).
A importância da música também aparece quando constatamos que 77% dizem ouvir rádio diariamente. E, aqui, diferentemente da imagem cunhada do jovem submetido aos modismos dos meios de comunicação dominados pela indústria cultural norte-americana, constatamos que os jovens ouvem principalmente música brasileira: pagode, MPB, samba, sertanejo, axé.
Em resposta a uma bateria estimulada de atividades de lazer, também aparecem como atividades mais freqüentes aquelas que se fazem com amigos, em que a sociabilidade é o motivo maior (passear, ir a festas, shoppings, bares, ou lanchonetes, dançar), que não envolvem gastos (passear em parques, ir a shopping centers, a festas de amigos), ou que propiciem a busca de parceiros, as paqueras, os namoros (passear, dançar etc.).
Entre as atividades “culturais”, que vêm num segundo plano, são principalmente aquelas ligadas à cultura industrial, principalmente o cinema (parece pequena a freqüência mensal – só 24% foram a cinema nos últimos 30 dias, mas se somarmos com a freqüência no ano, vê que mais da metade foi ao cinema no espaço de pelo menos um ano), mas também os shows de música brasileira ou rock. Já as atividades ligadas à cultura não industrial ou erudita são pouquíssimo citadas.
Muitos e diversos devem ser os motivos para essa baixa freqüência; alguns deles estão ligados às limitações financeiras, outros às ofertas existentes, e outros ainda ao universo de informações que formam as referências dos jovens: não parece ser à toa que as atividades que mais os levem há gastar seu tempo, dinheiro e energia, sejam aquelas ligadas a formas culturais com as quais têm relação cotidiana, através dos meios de comunicação de massa, no interior dos quais constroem seus repertórios de informação, gostos e referências: música principalmente – que os faz ter uma presença não desprezível nos espetáculos de música brasileira ou rock (no caso da MPB, quase metade foi pelo menos a um show no espaço de um ano); cinema, atividade a que vão menos do que gostariam como atesta a comparação desta bateria com as repostas à pergunta sobre o que mais gostam de fazer.
Finalmente, cabe notar o expressivo contingente de jovens que conhecem e acompanham as atividades de outros jovens e/ou se auto-organizam em grupos ligados a atividades culturais e de lazer: afirmam conhecer algum “grupo cultural jovem no seu bairro ou comunidade” 56% dos jovens metropolitanos, sobretudo grupos de música (33%), mas também de dança (15%), patins ou skate (13%), de teatro (12%), de ciclistas (11%), pichadores (11%), grafiteiros (9%) e de rádios comunitárias (5%), entre outros menos freqüentes. São membros de algum grupo dessa natureza 11% dos jovens (cerca de 1milhão, na soma das áreas metropolitanas pesquisadas), com destaque para os grupos de música (4%), dança (2 %) e teatro (2%), e não são membros, mas participam de suas atividades (como espectadores ou acompanhantes) outros 6%.
Trata-se de um grau de auto-organização e mobilização em torno de atividades culturais e de lazer que, embora minoritário, supera a participação em atividades de cunho político, através dos diferentes canais institucionais disponíveis.



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