Pedagogia do Oprimido - Parte I
(Paulo Freire)
Ler Paulo Freire é mergulhar em seu próprio senso crítico. Refletir sobre sua obra é como encontrar o poço no deserto da nossa antagônica realidade social. Paradoxalmente os conceitos lidados e trabalhados por este “nume tutelar” da educação libertária são muito pouco discutidos em seu país de origem. Como se santo de casa não pudesse fazer milagre. Munido de uma capacidade ímpar de raciocínio e perspicácia, ainda criança, ultrapassou as barreiras que poderiam atravancar seu desenvolvimento intelectual. O menino, sedento por adquirir conhecimento, não se deixou abater por ter de conhecer as letras através de riscos no chão seco de Pernambuco até que conseguisse comprar cadernos. Venceu obstáculos econômicos e sociais para se tornar um dos maiores colaboradores para a educação no mundo. Paulo Freire, com o seu pensamento inovador, é parte fundamental do patrimônio intelectual da humanidade. É possível visualizar em Marx uma das maiores influências na composição da obra, Pedagogia do Oprimido. E são de Marx as seguintes palavras: “Os opressores modernos não aboliram os antagonismos de classes. Não fizeram senão substituir velhas classes, velhas condições de opressão, velhas formas de lutas por outras novas.” K. Marx e F. Engels em O Manifesto Comunista. A “ordem” social é nutrida pela injustiça, pela miséria, pela morte, pelo abandono para o mantimento do status quo. Tanto o opressor quanto o oprimido são prisioneiros desta ordem que denigre moralmente a ambos. Para a libertação das duas classes, opressores e oprimidos, é preciso que estes tomem consciência da sua situação e avancem para a luta pala humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas como seres para si e não simplesmente seres em si (no existencialismo sartrista). A luta toma forma e significado quando os oprimidos buscam recuperar a sua humanidade idealistamente sem que, para isso, se tornem opressores dos opressores, mas sim re-humanizar a ambos. Quem melhor do que aqueles que são oprimidos para compreender a terrível realidade de uma sociedade opressora? Quem melhor do que aqueles que são oprimidos para dar o grito pela necessidade de libertação? Porém, os oprimidos se encontrar imersos na engrenagem que mantém a estrutura dominadora e temem a liberdade pelo fato de não se sentirem na posição de seres para si. Querem ser mais que seres em si, mas temem sua própria libertação. E é exatamente esta a grande preocupação da Pedagogia do Oprimido. A libertação do homem, que oprime e que é oprimido, é um fato em vias de andamento que trará ao mundo um homem não mais opressor nem mais oprimido, mas sim um homem livre. Foi dito que a transformação deve partir do oprimido, mas é preciso que também o opressor tenha solidariedade para com este. Que não se vá confundir uma atitude solidária com o paternalismo que vem aprisionar ainda mais a ambos, nem exigir de quem se solidariza que assuma para si a situação de com quem se solidarizou. Tanto uma quanto a outra exigência é insensata. Quando se fala em luta dos oprimidos não se deve associá-la à violência. Esta é o resultado das barreiras, da repressão e da falta de oportunidades destinadas ao oprimido. A violência jamais foi deflagrada por eles. Como poderiam dar início à violência se eles próprios são o resultado de uma violência? Os agentes iniciadores da violência são aqueles que oprimem, que exploram não os oprimidos e explorados. Parafraseando o autor: “Quem inaugura o desamor, não são os desamados, mas os que não amam, porque apenas se amam. Os que inauguram o terror não são os débeis, que a eles são submetidos, mas os violentos que, com o seu poder, criam a situação concreta em que se geram os ‘demitidos da vida’, os esfarrapados do mundo. Quem inaugura a tirania não são os tiranizados, mas os tiranos. Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram.Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua humanidade negada, mas os que a negaram, negando também a sua”.
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