A Mão e a Luva
(Machado de Assis)
Três pretendentes e uma só prenda: Guiomar é uma jovem de origem humilde, mas com uma ambição desmedida. Controla os impulsos de seu coração de forma absolutamente racional. Aparenta fragilidade e pureza, quando é apenas interesseira e determinada. Afilhada de uma rica baronesa, desperta o interesse de três pretendentes completamente diferentes um do outro:
Estevão é sentimental, doidivanas, ingênuo, piegas. Amaria a primeira mulher que o olhasse. Não se valoriza e por isso não mereceu a preferência de Guiomar. Embora sincero, é superficial, inseguro, volúvel, fragilizado por sua futilidade e isso o coloca como carta fora do baralho.
Jorge é fraco de caráter. Egoísta e narcisista, espera que o mundo se ajuste à sua volta e que todos o tenham como centro e referência. Sua futilidade e indefinição de objetivos fazem com que a ambiciosa Guiomar o rejeite. Ele não ama Guiomar, mas casar-se com ela lhe é conveniente nos aspectos econômicos (a fortuna da baronesa ficaria toda sob seu comando) e afetivos (agradaria a baronesa). Não fica claro por que razão, mas conta com o apoio de Mrs. Oswald para vencer a resistência de Guiomar em aceitá-lo.
Luís Alves é frio, metódico, reservado, ambicioso. "Corre" por fora, mas sabe o que quer. Não revela seus sentimentos a ninguém. Só se decide em pedir Guiomar quando tem o domínio total da situação e sabe que o sucesso de sua empreitada está assegurado. Mesmo assim, deixa a ela a decisão sobre o momento e a conveniência de pedi-la em casamento ou não. É um jogador calculista que só aposta com a certeza de ganhar.
OUTROS PERSONAGENS
Mrs. Oswald é uma espécie de governanta da casa da velha baronesa. Intrometida, ambiciona eternizar-se como "agregada" na família. Subserviente e ardilosa, faz tudo para estar bem com todos, particularmente com a baronesa. Move-a unicamente a preocupação com sua segurança no esquema familiar e na ocupação de uma posição importante e influente. Suprime facilmente suas vontades e projetos, para se ajustar às novas situações. É aliada de Jorge na empresa de conquistar o amor de Guiomar, mas quando esta dá sua preferência a Luís Alves, acomoda-se rapidamente a esta realidade.
A madrinha baronesa é uma velhota bondosa que tudo faz pela felicidade da afilhada, que considera filha adotiva. Personalidade idealizada, reunindo em si a pureza de intenções, o instinto maternal, a ingenuidade e a renúncia; representa o mais forte toque genuinamente "romântico" de toda a narrativa.
Quer fazer de sua vida e de seus dois "amores" Jorge, o sobrinho, e Guiomar, a afilhada - um conto de fadas com final feliz. Quando percebe que estava a intrometer-se indevidamente no destino e nos anseios da afilhada, muda seu projeto e aceita resignadamente a preferência de Guiomar por Luís Alves.
CONCLUINDO
Mesmo tendo sido repudiado pelo autor que, taxativamente, afirmou "melhor seria não tê-lo publicado", o livro tem a marca inconfundível do mestre. Situações ambíguas, ironia, hipocrisia, falsidades, interesses escusos, todos os ingredientes usados sobejamente para realizar um estudo da alma humana com a "pena da galhofa e a tinta da melancolia" num meio riso que mais parece um ríctus de amargura a revelar o desencanto e o desalento ante a miséria física e moral do ser humano irremediavelmente condenado à pequenez.
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