Vinicius e o soneto
(HeliusMidi)
Um dos grandes representantes do lirismo amoroso, surgido no modernismo brasileiro, na década de 30, do século passado, o poeta Vinícius de Moraes, conseguiu como poucos, exprimir com realismo característico a relação de amor entre o homem e a mulher. Presa inicialmente à influência simbolista e parnasiana, a poesia viniciana, em sua primeira fase, apresenta-se mais mística e de individualismo nostálgico, com uma preocupação com o sublime e uma angústia postiça. Por fim, acaba por se render ao cotidiano e Vinicius assume por completo o papel de poeta do amor, da matéria, do mundo e da mulher, em versos altamente musicais.
A descida do poeta da torre alta do sublime para a firmeza do chão da existência real reflete na preferência aos versos ritmados em lugar do claudeliano verso livre que usara até então. Uma bolsa de Literatura Inglesa, em Oxford, permite a ele um contato com o soneto shakesperiano, o que o leva a cultivar essa forma, transformando-se ao longo dos anos num exímio sonetista, popularizando essa composição poética que havia quase sido banida pelo modernismo.
Especialmente apreciados, os sonetos de Vinícius surpreendem pela capacidade de atualizar a lírica de Camões, pois como no poeta de Os Lusíadas, o humanismo, a lírica amorosa e a mulher estão fortemente presentes. E Vinicius, inspirado na mestria de Camões, absorverá o melhor deste poeta e legará ao público sonetos memoráveis, nos quais as grades da métrica e dos quatorze versos não lhe podarão a criatividade, mas farão dele, Vinicius, um poeta que parece ter descoberto nessa forma poética o melhor canal para mostrar sua versatibilidade e conhecimento do idioma português.
Além da temática do amor estabelecida entre Camões e Vinícius há a questão da forma, que após o modernismo inimigo do soneto, foi Vinícius de Moraes que começou a criar gosto por essa forma regular. Composição poética de quatorze versos, com dois quartetos e dois tercetos, há mil maneiras de fazer um soneto. O soneto está em todas as literaturas, e desde o século XIII, resiste a todas as revoluções. Não há a rigor grande poeta que não tenha feito soneto.
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