VARIABILIDADE CLIMÁTICA EM ÁREAS DA AMAZÔNIA MATO-GROSSENSE
(Zamparoni; CA.G. P.)
INTRODUÇÃO
Desde a formação do planeta e da constituição da atmosfera terrestre, o clima tem sofrido alterações ao longo das eras geológicas. Como o clima é muito dinâmico, torna-se necessária a observação de seus principais elementos por um longo período de tempo, para se verificar se as variações de seu comportamento são realmente permanentes. O fato é que o clima está em constante e permanente transformação, assim como todos os demais sistemas da natureza. A Amazônia Mato-Grossense teve uma ocupação acelerada nos últimos anos ocasionando intensas modificações na sua paisagem natural onde a vegetação nativa foi e vem sendo substituída pelas atividades agrícolas e pela implantação de diversos núcleos urbanos o que pode estar contribuindo para as modificações climáticas. Entretanto, devem-se distinguir as mudanças climáticas, que ocorrem na escala geológica do tempo (em milhares ou milhões de anos) da variabilidade climática, de curta duração, que ocorre num período de tempo perceptível na escala humana (em anos ou décadas). Visando definir a influência da latitude, da altitude e do uso do solo nas variações térmicas e de umidade em áreas da Amazônia Mato-grossense, o presente trabalho pretende analisar o perfil latitudinal dessas variáveis, com medidas realizadas em localidades do eixo da BR 163 e MT 320, desde Cuiabá até Alta Floresta, extremo norte do Estado. AREA DE ESTUDOS A Amazônia Mato-grossense, integrante da Amazônia Legal, compreende o centro norte do estado de Mato Grosso, e estende-se na direção latitudinal, de 15º até 8º de Latitude Sul, localizando-se na zona tropical e interior do continente sul-americano . Na direção centro para norte, a vegetação de cerrado vai gradualmente dando lugar a Mata de Transição que antecede a Floresta Amazônica presente no extremo norte do Estado. A região é drenada por rios pertencentes às Bacias Amazônica e Tocantins, nas direções norte e nordeste e rios que correm para a Bacia do Paraguai, na direção sul. A região tem como característica marcante um clima tropical semi-úmido, com temperaturas elevadas todo o ano e duas estações definidas pela distribuição espacial e temporal das chuvas: uma estação seca (outono-inverno) e uma estação chuvosa (primavera-verão). RESULTADOS E DISCUSSÃO O período de observações teve início em setembro de 2003, final da estação seca e início da estação chuvosa na região, sob condições de tempo meteorológico instável, com céu nublado, pancadas de chuvas, forte influência da Massa Equatorial Continental, características que são típicas dessa estação na Amazônia Mato-grossense. As variações térmicas observadas no período de setembro de 2003 a junho de 2004, no eixo centro-sul ao norte mato-grossense, indicaram que a cidade de Cuiabá, localizada a 15º de Latitude Sul e a 152 metros de altitude, era a mais aquecida em relação às demais localidades. No mês de setembro de 2003, estação chuvosa, em Cuiabá, foi registrado o valor térmico médio de 28.5ºC enquanto que em Alta Floresta, situada a 9º de Latitude Sul e a 283 metros de altitude, a temperatura média era de 27.1ºC; em contrapartida, durante a estação seca, ocorreu o inverso, devido à entrada de frente fria nas áreas localizadas nas altas latitudes; As menores médias de temperatura foram registradas, praticamente durante todo o período, na cidade de Vera, situada a 12º de Latitude Sul e a 415 metros de altitude. As taxas médias mensais de umidade relativa do ar, em geral, variaraminversamente proporcional às temperaturas. Assim as localidades mais quentes eram também as mais secas Entretanto, é provável que o uso do solo tenha influenciado no teor da umidade do ar, pois as localidades de Vera, Itaúba e Alta Floresta são circundadas por vegetação de floresta. Quanto às médias horárias da temperatura do ar, a localidade de Alta Floresta mantinha-se sempre menos aquecida no horário das 20:00h, e registrava os maiores valores de temperatura nos horários das 14h, isto pode ser atribuído ao fato de que no horário das 20h, o uso do solo de Alta floresta, com presença significativa de cobertura vegetal, influencia nos valores de temperatura amenizando-os, enquanto que às 14h, em geral, horário de mais intensa radiação solar, a influência da latitude é mais evidente, indicando os maiores valores de temperatura em comparação com as demais localidades. As Figuras 5, e 6 mostram variações térmicas médias horárias observadas em localidades da Amazônia Mato-grossense. Na estação seca, as áreas localizadas nas altas latitudes como Cuiabá, Rosário Oeste e Diamantino apresentaram os menores valores de temperatura devido à entrada de uma frente fria fazendo com que ocorresse quedas bruscas na temperatura do ar. A análise dos resultados evidenciou que a influência das baixas latitudes nas condições térmicas da Amazônia Mato-grossense é, muitas vezes, superada pelas condições da urbanização e presença da vegetação nativa. Além disso, embora as variações de altitude sejam modestas, estas podem exercer influência na ventilação e assim nas condições térmicas. Estes fatos podem ser exemplificados comparando Cuiabá, cidade mais aquecida, localizada em maior latitude, com tecido urbano construído mais abrangente, com as cidades de Vera, Itaúba e Alta Floresta, que embora se localizem em latitudes mais baixas, possuem temperaturas mais amenas garantidas pela urbanização menos intensa e pela vegetação de floresta que circunda as áreas. A avaliação da influência da posição geográfica de uma região, latitude e altitude, nas suas condições térmicas e de umidade, permite conhecer outras fontes que interferem no clima local e regional. Assim, estes estudos mostraram que, nas regiões tropicais, de baixas altitudes, as ações antrópicas são importantes na análise de agentes modificadores do clima.
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