7 soluções utópicas para São Paulo
(Carlos Rossi; Mega Arquivo)
Quais seriam as alternativas para o caos urbano de uma metrópole como São Paulo? Alguns especialistas sugerem 7 soluções para melhorar a qualidade de vida na capital paulista Aristóteles dizia que a cidade é o ambiente natural do ser humano, o lugar onde a vida pode ser a melhor possível. Isso porque ele viveu há 2.300 anos e nunca encarou a Marginal do Tietê, em São Paulo, na tarde de uma sexta-feira. Nas últimas décadas, as metrópoles viraram uma complicação. Para diminuir o caos, elas precisam de grandes obras, frutos de urbanistas com idéias radicais. Alguns desses sonhadores e reuniram 7 soluções utópicas para nossa maior cidade. Algumas já foram implantadas com sucesso em outro lugar, outras são inéditas. São casos em que vale a máxima do escritor Monteiro Lobato: "Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira, mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum". 1) PROIBIR CARROS
A idéia: Proporcionalmente ao número de passageiros, um único automóvel ocupa 8 vezes mais espaço do que um ônibus. Mesmo assim, mais da metade dos deslocamentos de São Paulo é feita de carro. O sociólogo americano J.H. Crawford lidera um movimento radical: o Carfree, que defende a extinção dos carros em troca de qualidade de vida. Uma das saídas é investir no transporte público integrado, com ônibus, metrôs, trens e ciclovias. É o que faz com que os 35 milhões de moradores de Tóquio dependam menos de carros e não demorem longas horas para voltar do trabalho para casa. "Sozinho, o ônibus não funciona em uma cidade de 100 quilômetros de extensão lateral", diz Geraldo Serra, professor de urbanismo da USP. Para tirar os carros das ruas, portanto, é preciso investir em trens e metrôs. E como essa utopia poderia ser aplicada em São Paulo? O arquiteto Nazareno Affonso, diretor da Associação Nacional dos Transportes Públicos, propõe restringir os carros no Centro de São Paulo, nos arredores do Teatro Municipal. A idéia poderia se estender para ruas secundárias no centro expandido de São Paulo, dando mais espaço para ciclistas e pedestres. Isso poderia ser feito com taxas para quem rodar pelo Centro, os chamados pedágios urbanos. Ou, como ele propõe, trocando os veículos por carros elétricos de dois lugares, com velocidade máxima de 60 km/h e funcionando sobre trilhos. Seria uma versão menor e moderna dos antigos bondes. O motorista seria obrigado a deixar o carro em um bolsão de estacionamento distante e dali alugar um carro menor, que usaria apenas uma faixa da rua. As outras duas caberiam aos ônibus e às bicicletas. Onde já deu certo: Proibir carros funciona bem em cidades pequenas e médias. Com 280 mil habitantes, Veneza, na Itália, só permite o tráfego de veículos motorizados em poucas ruas. A ilha Lamma, a 3ª maior de Hong Kong, tem uma frota de automóveis pequenos, com capacidade para dois motoristas, e só para situações de emergência. Cidades maiores não conseguem acabar com os carros, mas limitam as áreas onde eles podem circular. Montreal, no Canadá, tem 32 quilômetros de passagens subterrâneas, que ligam 60 prédios comerciais e residenciais. Bogotá, que tem 300 quilômetros de ciclovias, 10 vezes mais do que São Paulo, pretende proibir carros na região central até 2015. Em Seul, o governo cobra pedágio de carros com menos de dois passageiros. O número de veículos caiu 34%. 2) PLANTAR ÁRVORES NO MINHOCÃO
A idéia: Construído no Centro de São Paulo em 1970, o elevado Presidente Arthur da Costa e Silva, o Minhocão, é um bom exemplo de como grandes obras urbanísticas podem degradar um bairro. Em maio de 2006, um projeto da arquiteta Juliana Corradini venceu um concurso da Secretaria Municipal de Planejamento para eleger a melhor solução para aquele trambolho. Juliana teve a idéia de transformar a pista num túnel e, em cima dele, fazer um parque público suspenso de 3,4 quilômetros de extensão. Ela sugere erguer estruturasmetálicas para sustentar a construção de galerias com cafés e bancas nas laterais. Para chegar ao parque, seria preciso subir por escadas ou elevadores. O projeto está orçado em R$ 86 milhões. Com o parque, a cidade ganharia mais um local de encontro, e os moradores, mais tranqüilidade. Seria um passo importante na proposta de revitalizar a região. Para reforçar as mudanças ao redor do Minhocão, os arquitetos Eduardo Novaes e Ciro Araújo prevêem uma diminuição do número de pistas para carros, a ampliação das calçadas e a construção de uma praça arborizada e com um anfiteatro, ali perto, na rua das Palmeiras. Onde já deu certo: Nos anos 60 e 70, a cidade de Boston, nos EUA, construiu vários elevados para diminuir os congestionamentos. Duas décadas depois, demoliu alguns deles e os trocou por túneis, por meio de uma obra monumental que durou 15 anos e custou a bagatela de R$ 30 bilhões (o preço de 16 novas linhas do metrô em São Paulo). Mas o exemplo mais bem-sucedido de jardim elevado, da forma como Juliana propõe, é o Promenade Plantée, em Paris. Tem 4,5 quilômetros de extensão e liga a Opéra Bastille ao Bois de Vincennes. O parque foi construído sobre um viaduto feito no século 19 e abandonado em 1969. A Filadélfia e Manhattan também têm planos para construir os próprios jardins suspensos em linhas de trem desativadas.
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