BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Fotografia no Império
(Jessé Chahad)

Publicidade
Apesar do debate sobre a invenção da fotografia, que é atribuída ao francês Louis Daguerre em janeiro de 1839, no Brasil temos a presença do pintor Hercules Florence que no Oeste paulista, na Campinas no ano de 1833 já havia conseguido desenvolver a fotografia através de técnica própria, objeto de estudo do historiador Boris Kossoy. Em 1839, ela chegava à corte, pelas mãos do Abade Louis Compte, recém chegado de uma de suas viagens pelo mundo e em um período de 40 anos se proliferou de maneira que o Rio de Janeiro fosse uma das capitais do mundo que apresentava um grande número de estúdios fotográficos, quase sempre de formação estrangeira. A própria família real dava muita importância às fotografias, devido ao grande número de fotos do período ainda existentes.Inicialmente tida como artefato de luxo, pela própria escassez e dificuldade que representavam a daguerreotipia, as inovações representadas pela descoberta do processo conhecido como calotipia proporcionava a reprodução de diversas cópias a partir de um mesmo negativo em 1850. A partir de 1860, a aplicação de colódio úmido baixava consideravelmente o custo de produção da fotografia e popularizava o hábito. principalmente através dos carte de visite. A alta taxa de analfabetismo do período forma uma camada da sociedade carente de informação visual, e com potencial para a prática insurgente da propaganda política e publicidade comercial, a imagem impressa alcança sua maioridade.A fotografia como documento histórico é uma fonte importante de pesquisa e sua presença em grande número no Império levou diversos historiadores a buscar nas imagens elementos construtores de sua significação histórica e social, na tentativa de reconstruir o período com fidelidade. A fotografia enquanto representação do real, muitas vezes assume caráter de documentação oficial. Esse fato apenas reforça a tese de que a fotografia pode ser utilizada para a construção de um uma interpretação da realidade e ainda mais: o seu caráter realista, proveniente da relação entre o momento real e a representação, aliado ao caráter de oficialização acaba quase por determinar que contra as fotografias não existam argumentos possíveis de dubiedade.São com essas representações que devemos ser cautelosos e recorrermos aos documentos fotográficos como fontes passíveis de algumas diferentes interpretações, além de ressaltar que toda fotografia enquanto produto cultural é trabalho de um fotógrafo, o qual também está inserido em um contexto particular e serve a um propósito ora pessoal, ora pré-determinado por alguma ideologia, ou motivação profissional. Weinstein & Booth são citados por Boris Kossoy em seu livro Fotografia e História, e aqui retomamos sua premissa para este trabaho: “perceber na imagem o que esta nas entrelinhas, assim como o fazemos em relação aos textos”, “precisamos aprender a esmiuçar as fotografias criticamente, interrogativamente e especulativamente (...)” . Os costumes importados se impõem, e estão presentes nas imagens representadas pelo vestuário, e pelo caráter cênico demonstrado pela análise do cenário. As famílias em geral procuravam ser retratadas com toda pompa exigida pela pequena ética dos costumes burgueses europeus. Um livro dá um ar de intelectualidade, já a pena o faz um escritor. A coruja simboliza a sapiência, o cão fidelidade. As armas o poder. Esses símbolos laicos de dominação eram partes do estilo pictorialista dos retratos, herança das pinturas renascentistas. Esses retratos, que às vezes eram reverenciados como se os retratados estivessem presentes nas datas de comemoração e patriotismos chegavam ao povo através da fotografia. Democratizava de certe forma a oportunidade de se ter a fisionomia fixada no papel, como a dos reis, bispos deputados, dos ricos.Miriam Moreira Leite afirma que apesar de as fotografias não revelarem com certeza a camada social a qual pertencem os retratados, a publicação das fotografias em periódicos dos chamados membros ilustres das comunidades vem a sublinhar uma posição social herdada ou adquirida e deixam transparecer aos olhos atentos o estilo representativo do período e sociedade em questão.No nosso caso que buscava parecer Europa.Os escravos domésticos eram por vezes enfeitados e demonstrados com orgulho por seus senhores. Paradoxalmente, modernidade versus arcaísmo. A presença do vestuário europeu, e costumes como uso de cachimbos e charutos exibidos com pompa e circunstância foram analisados por diversos autores e vem a reafirmar a tese que a europeização dos costumes levaria ao desenvolvimento de uma civilização nos moldes necessários à modernidade e convivia com o sistema escravista atrasado e racista, como um entrave a modernização.Os retratos também vinham acompanhados de dedicatórias e o verso das imagens também oferece elementos interessantes que revelam a construção de uma auto imagem de classe. As inscrições identificam personagens, desmentem anotações anteriores, criam genealogias.Para a elite cafeicultora, parece, a marca de um dos fotógrafos famosos no verso da foto funcionava como distintivo de diferenciação social.



Resumos Relacionados


- A Fotografia

- O Ato Fotográfico

- Http://www.paulofotos.com

- Www.fals.com.br

- História Da Fotografia



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia