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Santo Agostinho e o Agostinismo
(Henri Marrou)

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O livroé uma introdução à vida e a obra do bispo de Hipona (354-430 d.C.). A obra divide-se em duas partes. A primeira, intitulada “Santo Agostinho” é por sua vez subdividida em a Vida, a Obra e o Homem. s. Na segunda parte, chamada “O Agostinismo”, Marrou discorre sobre a influência do pensamento agostiniano ao longo da história.
Nascido em Tagaste, África (Argélia atual), Agostinho era um “romano da África”, pois sua religião e a sua família estavam já profundamente romanizadas:
Agostinho saiu de um meio social relativamente humilde, pois seu pai, Patrício, era um pequeno proprietário pertencente à classe dos curiales, notáveis provinciais esmagados pela responsabilidade coletiva em matéria fiscal – o que podemos traduzir por pequena burguesia em vias de proletarização” (p. 14)

Nestas condições, o melhor caminho pra ascensão social era uma boa educação, notadamente a educação nas artes liberais, tais como a retórica. Para sua educação dependeu da ajuda do patrocínio de um amigo da família, Romaniano.
Enquanto estudava, deu aulas para sobreviver. Ensinou retórica em Tagaste, Cartago, Roma e Milão. Durante esta época, uniu-se a uma concubina com a qual teve um filho, Adeodato. Mas aquele tipo de relacionamento feria tanto as normas da sua classe social, quanto as normas da Igreja Católica, da qual a sua mãe, Mônica, era devota. Esta planejava para ele um casamento que lhe permitisse adequar-se às normas da Igreja bem como ascender socialmente. Para atender a estas ambições, deixou a mulher com a qual vivia. O casamento planejado, no entanto, nunca aconteceu.
Por esta época, as inquietações espirituais e filosóficas de Agostinho o levaram a procurar o Cristianismo. Mas decepcionou-se com a “impureza” gramatical e literária da Bíblia. Além disso, as dificuldades com uma vida de castidade o afastavam da moral cristã.
Aproximou-se, então, do Maniqueísmo, movimento religioso, que ensinava que a realidade era formada por dois princípios absolutos, iguais e antagônicos: o Bem e o Mal. Durante algum tempo, tornou-se ouvinte do movimento, mas, aos poucos, foi se dando conta que a tal consistência filosófica do grupo era fictícia.
Neste período, enquanto ensinava retórica em Milão, tornou-se freqüentador da igreja onde pregava o bispo Ambrósio. Acompanhava as pregações inicialmente por interesse na sua retórica. Terminou também por se interessar pela sua exegese alegórica, que o ajudou a lidar com as dificuldades do texto bíblico. Também entrou em contato com o neo-platonismo cristão, uma maneira de ver a teologia que permitiu a Agostinho vencer suas resistências filosóficas em relação ao Cristianismo.
Para que acontecesse a sua conversão faltava ainda renunciar as ambições temporais e abraçar a vida de fé. O momento dramático acontece em agosto de 386, quando a leitura de uma passagem da carta de Paulo aos Romanos o convence definitivamente a fazer tal renúncia.
Tornar-se cristão, para Agostinho, bem como para muitos dos seus contemporâneos, significava abraçar um ideal contemplativo. Com essa intenção, refugia-se com sua mãe e alguns amigos, numa propriedade rural em Cassiciacum, para um período de oração e estudos. Realiza-se assim a “síntese do bios philosophikos dos gregos, do otium liberale de Cícero e da anacorese cristã.” (p. 35).
No ano seguinte (387) acontece a morte de Mônica e Agostinho regressa a Tagaste com o intuito de viver a vida monástica, afastado de qualquer cargo político ou eclesiástico. Entretanto, terminou sendo ordenado sacerdote em Hipona (391) pelo bispo Valério. Alguns anos depois, com a morte de Valério, Agostinho o sucedeu como bispo de Hipona (396).
O trabalho episcopal de Agostinho inicia uma nova fase da sua vida. Como bispo, ele se aproxima cada vez mais da religiosidade popular e assume as funções típicas de um bispo do Baixo Império: funções religiosas, mas também sociais, políticas, administrativas e jurídicas.
A obra agostiniana pode ser dividida em três períodos: (1) escritos filosóficos e anti-maniqueus; (2) escritos anti-donatistas e obras como Confissões e Da Trindade; (3) textos anti-pelagianos, além de obras teológicas como Da Doutrina Cristã e A Cidade de Deus.
Ao final da terceira parte, Marrou nos apresenta o homem Agostinho: fala-nos de suas habilidades retóricas, bem como de sua emotividade: “trata-se de uma característica da época do Baixo Império, em que derramam com facilidade ‘torrentes de lagrimas’, como no sensível século XVIII” (p. 65). Também comenta a respeito de sua precipitação para a polêmica: “mal sabe da publicação de um livro de algum adversário para reagir logo com uma prontidão inesperada.” (p. 70).
A maneira como relaciona fé e razão pode ser resumida em duas celebres frases: Compreender para crer (intellige ut credas) e crer para compreender (crede ut intelligas). Para Agostinho, “a fé esclarece, orienta, e sustenta o exercício de uma razão que abandonada à própria sorte correria riscos sem conta de soçobrar no erro. Mas não devemos esquecer que se é a fé que busca, quem encontra é a inteligência [...]” (p. 75).
A segunda parte da obra de Marrou é dedicada ao Agostinismo, ou seja, sobre a tradição teológica que se desenvolveu a partir do seu pensamento. A partir do fim da Antigüidade, deve-se a Santo Agostinho a formulação de uma teologia ocidental completa. Até o triunfo da Escolástica a tradição agostiniana será dominante no Ocidente.
No século XVI, humanistas e reformadores religiosos “redescobriram” Agostinho. Os primeiros como parte da sua busca pelas “fontes” da Antigüidade; os segundos por razões teológicas. Por razões teológicas também o movimento jansenista (século XVII) também retoma Santo Agostinho.



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