Auschwitz
(Roberta Andrioli de Mello)
O clima era o da “Solução Final”. A miséria que aquelas pessoas
enfrentavam chegou ao extremo. Mas ainda assim a vida prosseguia – com
esperança – naqueles guetos. Cada qual tentando reestruturar o que
restou.
Naquele dia, as mulheres ocupadas com os afazeres
da casa, e todas as suas crianças [serão elas o futuro?] correndo e
brincando. Brincavam de procurar comida em algum lugar pelas ruas.
Muita fome e poucas brincadeiras. Já os homens buscavam alternativas.
Precisavam prosseguir com os negócios! Toda a conversa, a bagunça dos
comerciantes, as corridas e as risadas das crianças, tudo se encaixa
como em um quadro expressionista e ao longe, havia a aparência de
felicidade.
Mas bruscamente esse quadro perdeu seu
encanto. As tropas do III Reich voltaram. Caminhões acelerados, cavalos
marchando, armas e tiros perdidos. Soldados obrigados a cumprir aquela
“Solução”. Gritaria, choro, terror, medo. Remorso? Talvez. Sim, o caos.
Alguns
(poucos) deram sorte e escaparam. Os que não a tiveram, seguiam jogados
nos vagões do trem a caminho dos temidos campos. Prosseguiam com
debates, discussões, revoltas, planos. Em vão. Desespero, inquietação,
desesperança. Inevitável. Faziam idéia do que iria lhes acontecer, mas
como em um pesadelo, não acreditavam, somente desejavam despertar.
Ainda tinham desejos.
Trajeto não tão longo. E com tantas preocupações, o caminho für die Hölle fora quase que instantâneo. Uma brusca interrupção. O gongo bateu na lateral da locomotiva e nenhum passageiro arriscou um pio. Agora sim, o holocausto.
Todos
ficaram estáticos. Trocavam olhares vagos, intensos, clamando
misericórdia. Esses olhares cruzavam com outros tão gélidos e sombrios.
O próximo cenário parecia tão distante – da realidade. Viajaram do
expressionismo para o surreal.
Já na rampa do trem,
iniciou-se o processo de triagem. Modo sistemático de decidir quanto
àquelas vidas: à esquerda, trabalho escravo; à direita, câmaras de gás
e crematório.
A conclusão da “Solução” é de conhecimento
de todos – ao menos deveria ser: calcula-se que aproximadamente seis
milhões de pessoas morreram nos campos de concentração em Auschwitz.
Campos, lamentavelmente concebidos sob a égide do Füher.
Wir können nicht vergessen...
[Não podemos deixar as gerações vindouras desconhecer as atrocidades do passado, a fim de evitarmos erros ainda maiores.]
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