Freud e a psicanálise - OC vol IV cap.1
(Carl Gustav Jung)
A teoria de Freud sobre a histeria –O.C. vol. IV cap.1 Autor: C.G. Jung Em primeiro plano, este texto se situa no ano de 1906 – fase de colaboração mútua entre Freud e Jung que se estenderá até 1912. O capítulo versa sobre a crítica que Aschaffenburg fez à teoria de Freud no que diz respeito à origem da histeria, isto é, a gênese de cunho sexual das psiconeuroses. Jung, apesar de – já neste momento – não concordar com todas as abordagens de Freud, afirma que somente aqueles que se dispuserem a experimentar o curso das idéias freudianas têm o direito de levantar críticas. Lembra que a genialidade de Freud é incomparável ao levantar problemas complexos e o grande mérito obtido com sua psicologia dos sonhos, dos chistes e das perturbações do pensamento comum não pode ser desprezado nem por seu pior adversário. Concorda, então, que a sexualidade – sendo um fator psíquico de bastante peso como o são a fome e seus derivados – pode causar uma série de conflitos psico-afetivos. Jung procura o caminho cientificista que Freud também busca para a psicanálise. Assim, diante da opinião de Freud de que toda histeria é redutível à sexualidade, prefere levantar cuidadosamente os dados obtidos nos estudos sobre o assunto: 1º) Freud não estudou todos os tipos de histeria existentes e sua afirmação é limitada como qualquer axioma empírico, pois apenas pode confirmar seu ponto de vista nos casos que observou em um universo restrito; 2º)Opina que a afirmação de Freud, se obtivesse sua anuência, deveria ser mudada para: “uma série de casos de histeria, por enquanto extremamente grande, tem sua origem na sexualidade (p. 2, § 8)”; 3º)Deve ser considerado o método psicanalítico de Freud como condição indispensável àqueles que desejam demonstrar que suas observações não são verdadeiras. Jung desmonta a afirmação de Aschaffenburg de que nada há de sexual na histeria traumática pelo fato de já ter sido constatado – nos exemplos do próprio crítico – que os limites deste quadro são muito elásticos. Além disso, nenhum estudioso do assunto acredita que a causa do sintoma estaria localizada no pequeno afeto. A conclusão mais forte é que, nas palavras de Jung, o copo já estava cheio há muito tempo e que, agora, apenas transbordou (p. 3, § 10). Resumidamente, a objeção relativa à histeria traumática demonstra, quando muito, que nem todos os casos de histeria são de origem sexual. Mas, se considerarmos a afirmação de Freud modificada como apresentado neste texto, em nada pode ser anulada. Jung sublinha que o contexto é fundamental para entender os resultados obtidos tanto pelo método psicanalítico quanto em toda a psicologia. Considera a crítica de Aschaffenburg, por este não ter realizado experimentos concernentes às situações exigidas, inválida. Jung coloca que o experimento de associações - de sua criação - oferece, em princípio, os mesmos resultados que o método psicanalítico. A diferença é que pode ser averiguado, diferentemente da psicanálise, que exige sutilezas de conhecimentos especiais da rotina psicológica. Aschaffenburg afirma que a psicanálise é auto-sugestiva, arbitrária e, por último, imoral ao explorar representações sexuais. Jung alerta para o fato de que toda vez que a moral se imiscui na ciência, teremos um certo prejuízo no discernimento dos fatos e, além disso, considera a padronização condenável. Observou, em sua própria prática, que muitos pacientes foram beneficiados pela descrição da relação de seus sintomas com a sexualidade. Por outro lado, percebe que há casos onde não cabe introduzir uma explicação sexual, pois o paciente não obterá ganhos com ela.. Jung considera , neste momento, que a psicanálise de Freud é uma das terapias possíveis e que ela foi mais eficiente em determinados casos do que outras terapias. Finaliza o artigo defendendo o caráter cientificista das experiências freudianas. Levanta o perigo de se acabar com a liberdade de investigação pela ação daqueles que criticam sem conhecer o trabalho depesquisa de outrem. Em sua percepção, Freud pode ter errado ou não – pouco importa – pois, independente disso, continuará merecedor de ser ouvido no fórum da ciência. Só assim, esse fórum poderá ser considerado imparcial, sem preconceitos e, por isso, digno.
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