Impactos macroeconomicos da politica cambial brasileira
(Isabela Mariano)
IMPACTOS MACROECONÔMICOS DA POLITICA CAMBIAL BRASILEIRA: Uma analise de 1994 a 2001
Em 1994, com a eleição de FHC, o Brasil implementou um ambicioso programa de estabilização monetária, o Plano Real, que previa uma política monetária ancorada numa política cambial de controle restrito. O Plano Real conseguiu estabelecer uma nova onda de investimentos estrangeiros a curto e longo prazo, mas seu maior valor foi o de conseguir aumentar o poder de compra da população propiciando num primeiro momento uma apreciável distribuição de renda.
Entretanto, a nova ordem econômica mundial antevia turbulências. A desvalorização cambial dos países asiáticos e da Europa oriental afetou a exportações brasileiras. Apesar de tudo, o capital estrangeiro continuou a entrar de maneira contínua, na busca de melhor remuneração, mesmo após a reeleição de FHC em outubro de 1998. Em novembro, o FMI anunciou um plano de ajuda ao Real procurando conter a crise cambial.
Em janeiro de 1999, os investidores internacionais que tiveram grandes perdas nos mercados emergentes da Ásia e da Rússia, acabaram perdendo a confiança na economia brasileira. Não havia como o Brasil defender o Real e manter sua política cambial de mini desvalorização frente ao Dólar usando suas reservas cambiais. O Real submergiu numa onda de fuga de capitais. Estava criado um círculo vicioso: a saída de capitais despertou a atenção de alguns agentes financeiros e instituições classificadoras de risco de investimento que concluíram que esses capitais em retirada representavam uma perda de credibilidade no país, o que aumentou a vulnerabilidade da economia incentivando novas retiradas.
Em Março de 1999, o Real sofria uma desvalorização de aproximadamente 80% frente ao Dólar. Desde o início, a inflação foi mantida sob controle sem qualquer medida econômica artificial. Uma conseqüência do fim da inflação foi o rápido crescimento da demanda, tão rápido que o Ministro da Fazenda desde o início teve que optar por uma política de redução de expansão monetária e de restrição ao crédito pelo aumento das taxas de juros. Esta estratégia visava um crescimento auto sustentado, uma distribuição de renda sem explosão de demanda, e um aumento da oferta através da abertura do mercado brasileiro a produtos internacionais.
No ano 2000, já havia melhores perspectivas para a economia brasileira. A superação das dificuldades causadas por choques externos em anos anteriores e pela mudança do regime cambial, combinada com a credibilidade alcançada pelos regimes de metas fiscais e de metas para a inflação, havia minimizado a desconfiança dos agentes econômicos internos e externos. Porém, em 2001, as adversidades as quais a economia esteve submetida (problemas com a economia da Argentina, a crise do setor elétrico, e as pressões sobre a taxa de câmbio) levaram a taxa de inflação a superar a meta central e o limite superior estabelecidos. Os aumentos dos índices de preços ao consumidor decorreram da pressão cambial, do reajuste de preços administrados e da quebra da safra de alguns produtos agrícolas.
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