Atavismo ou não?
(Carlos Rossi; Mega Arquivo)
Supõe-se que a evolução não ande para trás. Mas uma manobra em marcha a ré pode representar o futuro de uma espécie, inclusive a humana Todo ano, de outubro a abril, pescadores em Taiji, no Japão, juntam grupos de golfinhos e marsuínos (pequenos cetáceos) em baias rasas e os matam para transformá-los em comida. A cada ano, aproximadamente 20.000 animais são abatidos. A pesca poderia ter acabado com um tipo particular de golfinho, um nariz-de-garrafa que os cientistas agora chamam de AO-4, se os pescadores não tivessem notado algo bem peculiar a seu respeito. O que salvou a vida do golfinho foi um par extra de nadadeiras. Além do já conhecido par frontal, o animal tinha outro nas costas. Especialistas foram rápidos em chamar a atenção para o fato de que as nadadeiras incomuns eram similares às vistas em fósseis muito antigos. "Ele se parece muito com os ancestrais do golfinho de 40 milhões de anos atrás", diz Johannes Thewissen, especialista em evolução de cetáceos da Faculdade de Medicina de Roostown, na Universidade de Ohio (EUA). A imprensa logo noticiou a descoberta e classificou o golfinho como uma "regressão evolucionária". A idéia é ótima para uma grande reportagem, mas há alguma credibilidade nela? A descrição de um animal como uma "regressão evolucionária" é controversa. Na maior parte do século 20, os biólogos foram relutantes em usar o termo, conscientes do princípio de que "a evolução não pode caminhar para trás". Mas, quando mais e mais exemplos aparecem e a genética moderna entra em cena, tal princípio precisa ser reescrito. Regressões evolucionárias não só são possíveis como às vezes têm papel importante na marcha evolutiva. O termo técnico para regressão evolucionária é atavismo - do latim atavus, ou antepassado. A palavra tem uma conotação horrorosa graças a Cesare Lombroso, um médico italiano do século 19. Ele argumentava que criminosos já nasciam criminosos, e podiam ser identificados por características físicas como testas mais baixas e braços longos, o que seria uma regressão ao primitivo.
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