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Atavismo, 7ª Parte
(Carlos Rossi; Mega Arquivo)

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Há muitos casos na literatura médica nos quais partes do corpo humano parecem ter revertido ao estado ancestral - de caninos grandes a dedos dos pés similares aos dos chimpanzés. Alguns comportamentos também indicam ser um tipo de regressão a um estado ancestral. Mas algum desses exemplos é mesmo atavismo? Até uma análise genética revelar se essas condições são reversões genuínas - em vez de desordens no desenvolvimento que acontecem para remontar traços ou comportamentos de símios -, é difícil falar com certeza. Mas existem casos em que as evidências apontam para uma conclusão firme.
Uma condição freqüentemente citada como um atavismo, por exemplo, é a "síndrome do lobisomem", ou hipertricose, na qual o rosto e outras partes do corpo são cobertas por pêlos espessos. Dê uma olhada em um chimpanzé ou em um gorila e veja que eles têm menos pêlos faciais do que muitos ecologistas. Existe até mesmo um relatório sobre um gibão - tipo de macaco sem pêlos no rosto - com hipertricose. Então, se isso é um atavismo, certamente não se trata de uma regressão aos nossos antepassados símios recentes.
Há síndromes comportamentais que também podem ser atavismos. Em 2002, pesquisadores da Universidade de Leiden (Holanda) sugeriram que a cataplexia, uma condição na qual uma emoção forte causa a frouxidão dos músculos, é uma regressão à "paralisia do medo" - experimentada por animais que congelam quando se deparam com faróis de carros, por exemplo. Da mesma forma, nosso hábito de mover os lábios enquanto executamos alguma tarefa complicada com nossas mãos pode ser um reflexo do comportamento de nossos antepassados símios, que geralmente usam suas mãos e bocas ao mesmo tempo. Porém, enquanto não entendermos a base genética de instintos e comportamentos, suposições como essas não poderão ser comprovadas.
Mas existe uma condição bizarra que é quase certamente um atavismo humano. Há mais de 100 relatórios na literatura médica sobre bebês que nasceram com caudas. Algumas não são nada além de uma extensão da coluna, mas outras são formadas por uma vértebra, ligamentos e músculo, e podem até se mover. Como a maioria das caudas é retirada após o nascimento, não sabemos se o movimento é ou não voluntário.
"É claro que isso é um atavismo", diz Bernhard Herrmann, do Instituto Max Plank para Genética Molecular, em Berlim (Alemanha), que estuda o desenvolvimento da coluna vertebral. "A habilidade de criar uma cauda aparece em todos os vertebrados. Enquanto o embrião se desenvolve e alonga, uma série de segmentos é estabelecida", diz. Os primeiros tornam-se o dorso, enquanto outros formam a cauda, mas o processo inicial é o mesmo - e o mesmo conjunto de genes é envolvido. Nos humanos o processo pára cedo. Mas o curso do alongamento pode continuar. "Há um mecanismo de medição de tempo inerente ao embrião, que causa a interrupção do crescimento da cauda no momento certo para cada espécie", diz Andrew Copp, do Instituto da Saúde da Criança em Londres, que identificou alguns genes envolvidos na constituição da cauda.
Uma vez formada, a cauda embrionária humana se autodestrói por meio de um processo programado de morte celular. E a cauda rudimentar visível em embriões de cinco semanas se funde para formar o cóccix. Caudas humanas podem resultar do alongamento excessivo do embrião ou de uma falha no sistema de autodestruição. Ou, ainda, de um pouco de ambos, já que as mutações responsáveis não foram identificadas.
Ainda não sabemos se essas caudas humanas são parecidas com as de nossos antepassados. Dentes fossilizados são tudo o que foi encontrado das espécies mais transitórias entre macacos e símios. Assim, quando e por que nossos ancestrais perderam a cauda continuam sendo um mistério.
É óbvio que os atavismos são muito mais comuns do que os biólogos supunham, quaisquer que sejam as condições capazes de provocá-los - e nós não saberemos suas razões até o mecanismo de cada um deles ser decifrado. Eles estão escondidos em nossos genomas, prontos para emergir se algo der errado durante nosso desenvolvimento. Em alguns casos, longe de serem um passo para trás, eles já provaram ser vantajosos e capazes de se disseminar por uma espécie, direcionando a evolução para frente e, ao mesmo tempo, fazendo-a ir para trás . Se tivermos que voltar a viver em árvores, nossas caudas há muito perdidas poderão ser bastante utéis.



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