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Sobre mídia, poder e democracia
(HENRIQUE RATTNER)

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Após ter anunciado em dezembro de 2006 que não haverá mais espaço para “fascistas” e “golpistas”, o governo venezuelano chefiado pelo ex-coronel Hugo Chávez cassou em 27 de maio a concessão da emissora RCTV – Radio Carácas Televisão. Contrariamente ao que foi divulgado pela mídia brasileira, a não renovação e a cassação de canais de rádio e TV são medidas legais e comuns, também em países democráticos, como Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e outros. Mas, a RCTV foi um dos poucos, talvez o principal veículo de formação de opinião pública de nítido caráter oposicionista na sociedade venezuelana. Por isso, a medida foi recebida com protestos e manifestações, sobretudo da classe média e teve também repercussões negativas na mídia internacional. No congresso brasileiro, tanto deputados quanto senadores, assolados por acusações de corrupção, redescobriram sua vocação democrática – sobretudo aqueles que, ao longo das últimas décadas, constituíram a vanguarda e os porta-vozes políticos do regime militar. E membros da Arena, do PFL e, hoje, “Democratas”, protestaram violentamente contra a ameaça à legalidade e ao regime democrático do ato do governo venezuelano. A reação violenta de Chávez não se fez esperar, conforme relatou a Folha de S.Paulo, em 3/6/2007. ... “O Congresso dos Estados Unidos, uma fração do Congresso da União Européia e até o Congresso do Brasil, os jornais do mundo, as emissoras das grandes cadeias – manipuladas por seus donos, representantes da elite mundial, que pretendem impor aos seus povos sua vontade imperial – arrematou contra a Venezuela”. A manifestação do Congresso brasileiro destoou do silêncio dos outros países latino-americanos e foi taxada por Chávez de “papagaio” do governo norte-americano. Os protestos contra o fim da concessão a RCTV receberam cobertura desproporcional nas mídias brasileira e internacional que reproduziram amplamente imagens das marchas de protestos, envolvendo predominantemente jovens de classe média. Obviamente, nenhum jornal ou TV veiculou as manifestações de apoio à medida, por parte do “andar de baixo” (nas palavras de Elio Gaspari) constituído pela maioria do povo venezuelano, os pobres que representam a base política de Chávez. Os protestos das classes média e abastada que se sentem acuados e ameaçados pela alegada violação da liberdade de expressão da mídia devem ser aferidos à luz do comportamento das mesmas, na hora do golpe antidemocrático para depor Chávez em 2002. A RCTV apoiou abertamente a tentativa abortada de golpe de Estado em 2002. Chávez também se sente ameaçado pela política agressiva do governo dos Estados Unidos que não esconde sua rejeição ao presidente venezuelano, considerando-o um “fator de desestabilização na América Latina”. Efetivamente, além das estreitas relações com Cuba, Chávez tem apoiado a eleição e posterior endurecimento da política energética na Bolívia de Evo Morales, e parece ter colhido novos triunfos com a eleição de Rafael Correa no Equador e de Ortega, na Nicarágua. Ao mesmo tempo, Chávez pleiteia o ingresso da Venezuela no Mercosul e acena com a construção de um gasoduto de 7000 quilômetros que levaria o combustível para Argentina e Brasil. Procura, assim, construir uma associação alternativa à ALCA, tão almejada pelos Estados Unidos. A ação de Chávez, ao cassar a concessão da RCTV não deve ser explicada apenas pelo desejo de vingança contra aqueles que apoiaram o golpe de 2002. Ela se insere num projeto político mais amplo de introduzir mudanças sociais profundas na sociedade venezuelana e, por extensão, na América Latina, construindo o “Socialismo Bolivariano do Século XX”. Essas mudanças na política social procuram beneficiar as classes sociais mais carentes e que foram marginalizadas nos governo anteriores. Tendo Chávez sido reeleito com mais de 60% dos votos, o ato de fechamento da RCTV não pode ser caracterizado como antidemocrático, embora fira os interesses das classes tradicionais do poder e da mídia a elas associados. Não sepode deixar de mencionar o papel da mídia nas últimas eleições presidenciais no Brasil, em 2006. Durante meses, os principais jornais e canais de TV entoaram em coro as acusações de corrupção e ineficiência do governo Lula, tentando influenciar a opinião política a favor do candidato da oposição. Tal como no Brasil, também na Venezuela os grupos de oposição política discordam das políticas sociais e alocação de recursos pelos respectivos governos. A mídia, nos dois países é conservadora e parcial na seleção de notícias divulgadas para a informação e o consumo populares. Após o golpe abortado em 2002, o governo venezuelano tem avançado constantemente na política de controle dos meios de comunicação, a ponto de hoje, 2007, Chávez controlar seis canais de TV e oito estações de rádio além de mais de 200 estações de rádios e TVs comunitárias, enquanto pressiona outros veículos de informação independentes, sob a acusação de serem manipulados. O receio de possíveis sanções do governo leva a uma espécie de autocensura, em termos de críticas ao governo de Hugo Chávez. A popularidade de Chávez tem crescido, ao procurar apoio popular para suas políticas sociais orientadas para os menos favorecidos. Ao ceder a Cuba petróleo a preços favorecidos, Chávez e Castro consolidaram também sua cooperação nas áreas de educação e saúde.



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