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Lanterna das Ilusões 1ª parte
(JB Donadon-Leal)

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Este artigo apresenta a leitura de uma manifestação artística complexa, que envolve uma multiplicidade de representações da angústia do homem contemporâneo na virada do século XX. O espetáculo aqui analisado foi observado em sua fase de concretização – construção de textos, coreografias, seqüências musicais, filmagem e escolha de cenas, construção de figurinos – e em sua realização – a apresentação no palco de um teatro. Nossa análise foca-se no texto utilizado para as falas do personagem preso na gaiola, que é a metáfora do um homem, à espera do novo milênio, que se assusta com o tempo, seja o perdido em sua futilidade, ou o desconhecido que ainda está por vir. Este homem que optou por uma experiência profana, elege-se centro desse seu universo. Os textos aqui analisados compõem o espetáculo Lanterna de Ilusões (1999), apresentando quatro textos que representam o estado de “perdição” do homem que buscou viver longe do sagrado. A autoria dos textos é de Donadon-Leal, e quem assina o espetáculo é o bailarino do TCA, Leonard Henrique. Iniciemos com a leitura da primeira parte do espetáculo: Vivo meus cinqüenta e poucos a mais de 40 graus. Saí dessa febre poucas vezes na vida. Essas vezes, claro, na camisa de força, a choque elétrico, a calmante, acidulante, antioxidante barbante no pescoço fundo do poço antidepressivo amigo inimigo trinta e oito na orelha amaciante corrosivo fumo de corda, cogumelo pó dos Andes, canabis, viagem de crack acompanhado de Freud, Jung e Lacan,(...) (DONADON-LEAL: 1999) Percebemos um sujeito textual que se apresenta num processo de reflexão a respeito de sua existência, talvez por perceber-se incapaz de controlar o tempo, já que sua opção por uma existência profana faz com que o tempo seja visto só no aqui e no agora. Há uma incessante busca pelo prazer imediato, este não apenas uma sensação abstrata, mas o prazer concreto de corpo, de carne, de atos. Num mundo real a insatisfação do ser o leva a buscas cada vez maiores, auxiliado pelas químicas e soluções da ciência moderna. Nada mais natural ao homem moderno que não se deixar vencer pelo místico. A aceitação do sobrenatural só serviria para provar sua incapacidade de ser o centro do mundo. O homem que elege a existência profana, também se elege o mais poderoso, aquele que nunca perde o domínio sobre o mundo em que vive, acima dele só a ciência, mais poderoso que ele somente os homens que dominam a ciência. O trecho também nos possibilita a verificação de um ser solitário, ao falar em ‘amigo inimigo’, ‘trinta e oito na orelha’, fica-nos evidente essa solidão, que por se considerar onipotente, só se submetendo às forças da ciência não vê o outro como aliado, mas sim, como um concorrente que quer tomar seu lugar. Essa relação de imediatismo com o mundo em que vive o leva a constante insatisfação, pois nunca consegue realizar-se com o prazer alcançado. Na tentativa de provar sua racionalidade faz, por vezes, apresentar uma atitude irracional, que ele mesmo não consegue entender. No momento em que o passar do tempo foge ao seu domínio, ele se angustia com o que jamais havia pensado: sua origem e seu destino. Reconhece que a sua onipotência é limitada: (...) Meu fim... meu começo, não sei, é respingo na minha desregração profissional. Tudo bem que eu possa rir de todo mundo agora, sem dor de consciência. Vejo tudo. Sei de tudo. Meus olhos sempre estiveram focando alguma coisa que constrói sentido. Só não vejo... Só não sei... de mim. (DONADON-LEAL: 1999) A falta de domínio temporal se apresenta por meio do envelhecimento físico. O envelhecer assusta aqueles que escolheram para a sua existência a frivolidade, mas apesar da consciência do medo, precisa mostrar a sua força, a sua superioridade fingindo não tê-lo: (...) O que é ser belo? Quanto dura a beleza? As mãos... Ai, as mãos envelhecem mais depressa que o resto do corpo. As mãos ressecam com o tempo: perdem pigmentos, ganham manchas e pintas e dobras. Olhando para as mãos imagino o rosto a envelhecer discreto e imperceptível na velocidade ininterrupta dos segundos a fingir um presente de futuro igual ... ... Longe de mim sentir medo do inevitável, do inexorável, fim.



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