Memórias de Minhas Putas Tristes
(Gabriel Garcia Márquez)
“Cem Anos de Solidão” é o segundo melhor livro que já li – o primeiro é
Grande Sertão: Veredas, tão fantástico quanto. Também já corri meus
olhos pelas páginas de “Crônicas de uma morte anunciada”, um livro
sobre fatos baseados em eventos que ocorreram na cidade do escritor, o
interior que teve medo sobre ele abordar o assunto. Afinal, em
determinadas situações é recomendável se enterrar fundo certos
acontecimentos. A realidade e/ou ficção que me fizeram devorar sua
autobiografia em uma viagem de ônibus pelas estradas poeirentas do
centro do Brasil. Um livro que possui a polêmica sobre a veracidade da
vida do autor.Mas, se os textos de Gabriel são repletos do
fantástico, no momento em que ele descreve sua vida não deveria ser
diferente. Inclusive já houve notícia séria de sua morte rondando o
mundo e lembro que Garcia Márquez se divertiu muito com o assunto. E se
é do desejo saber de coisa que ele escreve a vero é só procurar seus
trabalhos como jornalista ou a obra “Notícias de um seqüestro”, que não
faz com que a realidade deixe de ser tão literária.Então,
Gabriel Garcia Márquez tem todo o direito de fazer/inventar o que
quiser. Tanto que publicou “Memórias de minhas putas tristes”, uma
história já existente. Mas, já no início do livro admite isso mesmo.
Apresenta a citação do “Casa das belas adormecidas”, do japonês
Yasunari Kawanari. Ambos falam da delicadeza e da efervescência do amor
carnal em tempos que não se acredita na sua possibilidade ou pelo
tamanho do preconceito que existe quanto a isso.Kawanari
escreve com tons vindos do Japão, delicado e até mais exorbitante
quando consideramos a vida do protagonista. Pois assim, entendo o
interesse de Garcia Márquez de fazer com que esse protagonista se
latinizasse. A América Latina mais do que merece um personagem como
esse. O âmago dos dois livros são o mesmo, contudo os ambientes
culturais é que fazem toda a diferença. Simplesmente nota-se que existe
a possibilidade do amor das belas adormecidas nos livros que falam de
lugares tão distantes.
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