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Eu e outras poesias
(Augusto dos Anjos)

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Diferentemente dos cearenses que elegeram “padim ciço” personalidade do século, os seus vizinhos da Paraíba identificaram-se profundamente com o poeta Augusto dos Anjos e meritosamente o escolheram paraibano do século XX. O povo da Paraíba viu que milagre maior foi “o poeta do hediondo” utilizando-se de uma linguagem científica, de uma simbologia hermética, de uma morbidez cheirando a cemitério e carne putrefata e de um extremo pessimismo no tocante ao ser humano, ser o bardo mais lido entre os jovens e ter sua única obra publicada ainda em vida, no ano de 1912, intitulada Eu, como o livro de poemas mais vendido da história da literatura brasileira.A poética de Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, nascido em 20 de abril de 1884 no engenho Pau d’arco em Campina Grande, é uma transfiguração do seu perfil biográfico. Augusto veio ao mundo já dentro de uma atmosfera de decadência, como ele mesmo diz em um de seus versos mais famosos: “Sofro, desde a epigênesis da infância.” Seu pai, Alexandre dos Anjos, era dono de engenho no período de declínio desse modo de produção. E é com seu genitor, homem dado à intelectualidade, que o futuro poeta tomaria gosto pela arte literária, filosofia e latim.Tanto seu pai quanto sua mãe Córdula dos Anjos eram altamente conservadores. Consta que certa vez Augusto apaixonara-se por uma tal Maria, moça pobre que dele engravidou, sabendo do ocorrido os pais repressores ordenaram matar a inocente mulher juntamente com a criança que nasceria. Esse episódio marcou profundamente a visão do poeta sobre a vida, passou a ver a dor e o sofrimento como fatores essenciais para viver, “Dor, saúde dos seres que se fanam, / Riqueza da alma, psíquico tesouro, (...) / És suprema! Os meus átomos se ufanam de pertencer-te oh! Dor, ancoradouro dos desgraçados, sol do cérebro, (...) / Minha maior ventura é estar de posse / de tuas claridades absolutas!”. O incidente com Maria está em forma de alegoria no soneto A árvore da serra, no qual Augusto dialoga com seu pai, que determina cortarem a tal árvore, pois “ – As árvores, meu filho, não têm, alma!”, ao que o interlocutor clementemente pede, “Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”, “Esta árvore, meu pai, possui minha’lma...”. Como no poema Augusto “triste se abraçou com o tronco / E nunca mais se levantou da terra!”, deixando morta também a semente da qual geraria sua descendência. Porém em 1910 o poeta casa-se com Éster Fialho, com quem teve três filhos, o primeiro natimorto em 1911; em 1912 nasce glória, a quem dedica o Eu; e no seguinte Guilherme. Mas o efeito Maria deixa fortes seqüelas em Augusto ao ponto de dizer que jamais voltaria a “amar mulher alguma”.Desde os tempos do Liceu paraibano que Augusto dos Anjos era visto pelos demais como um ser desafortunado, sobre isso escreve seu melhor amigo, Órris Soares: “Foi magro meu desventurado amigo, de magreza esquálida – faces reentrantes, olhos fundos, olheiras violáceas e testa descalvada. A boca fazia a catadura crescer de sofrimento, por contraste do olhar doente de tristura, e nos lábios uma crispação de demônio torturado.” Tal descrição é a concretização física de sua psique.“A que escola se filiou?”, pergunta Órris Soares. A poesia de Augusto dos Anjos é na verdade um caleidoscópio estético, são muitos os estudiosos que se debruçam sobre a obra do paraibano e munidos de argumentos exegéticos o enquadram nesta ou naquela escola literária. As leituras de sua lírica vão desde o Barroco ao Pré-modernismo.Na época do lançamento do Eu foram poucos os críticos a reconhecer a envergadura que os poemas da obra alcançariam, Gilberto Amado foi um dos que conseguiram visionar a poética do paraibano: “Começa (...) um movimento de imitação a um rapaz histérico (...) de extraordinário talento (...) misantropo, (...) Augusto dos Anjos.” Já o “príncipe dos poetas”, Olavo Bilac, enojado pela estética de Augusto felicitou-se quando da morte deste.Mesmo execrado pelos parnasianos e ignorado pelos modernistas de 22,a lírica lúgubre de dos Anjos sobreviveu com fôlego total a toda e qualquer opressão literária.O pobre Augusto dos Anjos viveu enfermo da alma e morreu com pneumonia aos 30 anos, em 12 de novembro de 1914 na cidade de Leopoldina em Minas Gerais, bem longe de sua terra natal.



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