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Mercado Central: de Patrimônio Histórico a Templo da Cultura
(Chico Terra)

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Mercado Central: de Patrimônio Histórico a Templo da Cultura* Chico TerraA construção do Mercado Central de Macapá é dos anos 50 quando Janary Nunes governava o então Território Federal do Amapá. Naquela época, muito caboclo era pego no laço para trabalhar nas obras, não só do mercado, mas, de toda infraestrutura da cidade e nesse turbilhão de progresso meu pai veio para cá vindo do Afuá. Aqui conheceu minha mãe oriunda do Limão do Curuá nas ilhas do Bailique e formaram curiosa família. Os dois vindos de casamentos anteriores tinham cinco filhos, sendo três de minha mãe e dois de meu pai, Antônio Almeida, mais conhecido como Pacapeá, operário da construção civil. Isso foi em 1952, quatro anos antes de minha chegada a este orbe.Naquele tempo, uma figura lendária comandava as obras do Território. Era o bondoso mestre Júlio, figura de uma incomparável doçura apesar da lida de comandar operários. E dentre essas obras, mestre Júlio tocava as obras do Mercado Central, palco diário da vida social que brotava na cidade que se expandia às margens do majestoso rio amazonas.Em frente à fortaleza de São José de Macapá continua até hoje o velho mercado central, mas quanta coisa mudou em sua volta. Naquele tempo, havia muitas carroças estacionadas em frente à fortaleza. Elas faziam frete de tudo quanto chegava de canoa ao lado da fortaleza. Nesse tempo, poucos carros existiam. Tanto que os poucos donos de carro de propulsão motora se destacavam como o Seu Calhambeque que era dono do mais chique carro de praça de Macapá.Ao lado do Mercado Central, estacionava o Bossa Nova, único ônibus a circular na cidade. As pessoas tomavam assento e logo depois da partida, um tilintar de moedas batidas na mão do cobrador anunciava que a passagem deveria ser paga. Isso era feito pelo próprio filho do seu Walter que era o dono do Bossa Nova. Ainda funcionam a barbearia e o Bar du Pedro que são pontos de grande referência daqueles tempos idos, mas que estão gravados indeléveis na memória.Por dentro, dava gosto ver a gritaria dos fregueses disputando os melhores pedaços da carne fresca que chegava todos os dias. Histórias de vida interessantes se desenrolavam como a do Zé Boto que lá vendia sacolas e lá prosperou, tornou-se um comerciante respeitado da cidade e hoje vive em uma confortável casa no Buritizal com a companheira de toda a vida, D. Wilsa. Os dois são aposentados. É de se destacar que sem sequer ter algum conhecimento dos problemas ecológicos de hoje onde os materiais plásticos tomam conta em todos os setores, Zé Boto fabricava sacolas de embalagens de cimento, que as pessoas comprava e nelas carregavam de tudo quanto nas compras ali realizadas. Muitas pessoas traziam de casa suas sacolas para carregar as compras, pois, nessa época, não havia as embalagens plásticas que hoje entopem a natureza de lixo e que leva até 500 anos para se decompor. Tudo mudou. Hoje pela manhã visitei o mercado para comprar um par de havaianas no Bazar Brasil. Não é propaganda, mas sim uma marca registrada de nossa cidade, e quem conhece Macapá, sabe disso. Os espaços internos estão subtilizados. Apenas um talho oferecia uma carne de qualidade bastante duvidosa devido à longa exposição na espera de comprador que não chegava. É notória a agonia econômica por qual passa o velho Mercado Central.Essa nova realidade criou uma associação chamada “Amigos do Mercado Central” que querem estabelecer uma nova utilidade para que aquele belo acervo não caia em mãos erradas e possam até, como já foi sugerido, demolir o velho mercado. Artistas, intelectuais, políticos, empreendedores populares e pessoas como eu cujas vidas se confundem com a história do Mercado Central de Macapá, querem transforma-lo em centro cultural. Nada mais apropriado para que não se descarte a história sobrescrevendo-a de maneira irresponsável ao bel sabor do poder econômico, como muitos e muitosoutros espaços históricos que tiveram fim neste estado. Para isso é necessária a união de todos.* Chico Terra é músico e repórter fotográfico



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