Necessidade de cuidados domiciliários na comunidade
(Alírio Belchior)
Necessidade de cuidados domiciliários na comunidade
Os cuidados domiciliários consistem na prestação e cuidados de enfermagem na residência da pessoa, sendo prestados a “ utentes com diversas e complexas necessidades, no que diz respeito a cuidados de saúde.” (Ordem dos Enfermeiros, 2005). A responsabilidade dos cuidados deve ser partilhada pelos enfermeiros, utentes e cuidadores (familiares ou não) consoante as necessidades identificadas. Actualmente as orientações nos cuidados de saúde conduziram à expansão dos serviços de cuidados domiciliários.
As tendências económicas nos cuidados de saúde, inovações tecnológicas e demografia populacional resultaram num aumento de doentes adultos com necessidade de cuidados médicos ou cirúrgicos no domicílio. No que diz respeito ao uso das inovações tecnológicas, este vai permitir aumentar o número de doentes dependentes no domicílio. Por exemplo, a existência de bombas de infusão intravenosa facilmente programadas, permitem terapias parentéricas seguras e possíveis no domicílio. A alteração demográfica da nossa população também tem influenciado largamente o aumento dos cuidados domiciliários. O aumento da esperança de vida à nascença e do índice de longevidade com os consequentes aumentos do índice de envelhecimento e índice de dependência, como mostra o quadro abaixo, indica que mais pessoas idosas poderão necessitar de cuidados domiciliários.
São vários os factores que influenciam a qualidade dos cuidados de saúde prestados. As necessidades dos utentes variam de doentes de medicina, dependentes do uso da tecnologia, até doentes do foro cirúrgico que requerem reabilitação por um curto período de tempo. Entre os doentes que poderão de necessitar de cuidados domiciliários estão: - Doentes em estado de coma - Doentes desorientados, confusos - Idosos debilitados - Doentes que viva sozinhos - Doentes que não vivam sozinhos, mas que as pessoas com quem habitam não possam prestar cuidados - Doentes que necessitam de ensino, por exemplo, doentes diabéticos insulino-dependentes - Doentes que necessitam pensos - Doentes com horários de medicamentos - Doentes com ostomias - Doentes com doença em fase terminal - Doentes que necessitam de oxigenoterapia/inaloterapia/cinesioterapia respiratória - Doentes que necessitam de fisioterapia - Doentes entubados.
A combinação de factores, tais como, necessidades físicas e psicológicas do doente, apoio social e económico de que a família dispõe, ambiente físico e psicológico do lar; exige uma avaliação constante do plano de cuidados, uma vez que doente, família e factores ambientais mudam ao longo dos tempos. O processo de enfermagem nos cuidados domiciliários inclui: - Avaliação alargada do indivíduo e do ambiente doméstico, - Elaboração de diagnósticos de enfermagem com base nos dados recolhidos, - Programação de resultados esperados, - Implementação de cuidados - Avaliação da eficácia do plano de cuidados.
A residência é um ambiente único para a prestação de cuidados de enfermagem. Do ponto de vista físico devem ser avaliados a segurança, acessibilidade e adequabilidade para os cuidados. O meio físico da residência deve ser também avaliado quanto a factores básicos que afectem a saúde do doente e a adaptação aos cuidados domiciliários. È também importante, a informação sobre a residência dentro da comunidade, ou seja, a localização relativamente aos serviços e ao equipamento necessários. Os factores psicológicos são diversos e alteram-se, sendo exemplos a ter em conta: - Influências financeiras (variam em relação ao tipo, intensidade e duração dos serviços., - Expectativas do doente e da família - Influências de desenvolvimento, sociais e comunitários. No que diz respeito à avaliação física e psicológica do doente, esta encontra-se, várias vezes, dependente das observações da família/cuidador, uma vez que o enfermeiro pode não ver o doente diariamente. Assim, procede-se à colheita de dados, comparando características de uma visita com as da seguinte. Outro ponto importante é a avaliação do plano de tratamento, que deve incluir questões sobre cuidados gerais (higiene, eliminação, comunicação, repouso/actividade, mobilização), terapêutica, alimentação, ambiente doméstico, procedimentos de emergência, verificações do equipamento. Após a avaliação das necessidades do doente e análise dos dados, identificam-se os problemas de enfermagem, que podem ser reais ou potenciais, e elaboram-se diagnósticos de enfermagem. Perante os problemas identificados implementam-se os cuidados de enfermagem. Estes baseiam-se nos resultados esperados, para que o doente e família acordem em resultados realistas e mensuráveis. A última fase do processo de enfermagem consiste na avaliação, ou seja, avalia-se se os cuidados prestados foram bem sucedidos ou não, comparando o estado do doente com os resultados esperados nos cuidados. Se os resultados não tiverem sido atingidos é necessário descobrir o porquê, então, o enfermeiro reavalia a situação e traça novos resultados. O cuidados no domicílio são uma alternativa ao internamento hospitalar prolongado, evitando que doentes crónicos e/ou idosos permaneçam em serviços hospitalares e garantindo a personalização dos cuidados, aumento do conforto, recuperação e dignidade do utente. Receber cuidados de saúde em casa facilita, muitas vezes, o processo de recuperação do paciente, pois, além da comodidade, a presença da família e a preservação da rotina pessoal são determinantes.
Os cuidados domiciliários além de contribuírem para a humanização da saúde, têm como principais vantagens: - Contribuir para a melhoria da qualidade de vida do utente - Evitar a institucionalização - Diminuir o internamento e tempo de permanência no hospital, reduzindo assim custos hospitalares - Assegurar a satisfação das actividades de vida diárias - Contribuir para o equilíbrio físico e psico-social do utente.
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